Há mais de dois anos publiquei no iHelp BR a minha análise do Apple Watch Series 2, o modelo que foi lançado em setembro de 2016. Usei o mesmo relógio até o final de 2018, quando o Apple Watch Series 4 chegou ao Brasil e decidi que estava na hora de trocá-lo.
Por que o Series 4? Em resumo, todas as mudanças apresentadas com a nova geração me pareceram bem atraentes. O visual ficou diferente, a tela ficou maior, o corpo mais fino e o processador mais rápido, além de vários aprimoramentos.
Encerrei a minha análise do Apple Watch Series 2 com a seguinte consideração:
“Da mesma forma que vejo muitos pontos positivos no Apple Watch, há também uma lista enorme de coisas que precisam ser melhoradas — algumas que podem chegar em futuras versões do watchOS e outras apenas com as próximas gerações do relógio.”
Com o Apple Watch Series 4 em mãos durante alguns meses, revisitei o artigo anterior para responder o que melhorou e o que ainda precisa mudar no relógio inteligente da Apple.
A escolha do modelo certo
A Apple ainda oferece uma enorme variedade de opções para quem pretende adquirir um Apple Watch. O relógio está disponível em caixas de alumínio e aço, ambos em várias cores e dois tamanhos. Meu Apple Watch anterior era de alumínio pois eu não sabia se iria mesmo gostar dele, então optei pela versão mais barata.
Dessa vez eu até pensei em comprar um modelo de aço, já que o Apple Watch se tornou indispensável para mim. Infelizmente, os valores no Brasil são um tanto proibitivos, principalmente nas versões mais caras. Importar também não seria tão fácil, já que o Apple Watch de aço só é vendido com celular embutido. Isso é um problema porque a versão americana, por exemplo, não é compatível com o 4G brasileiro e sequer tem garantia por aqui.
Comprei então mais uma vez o modelo de entrada, com caixa de alumínio na cor prata e sem conexão celular. Esse é outro ponto que deve ser pensado na hora de comprar um novo Apple Watch.
Desde o Series 3 é possível optar por um modelo com celular embutido, porém eles também custam bem mais caro por aqui e você ainda precisa pagar uma taxa adicional para habilitar o serviço na sua operadora. Eu nem passo tanto tempo longe do iPhone assim para justificar esse gasto. Mas, se você pratica exercícios de longa duração e não gosta de levar o celular no bolso, essa pode ser uma boa opção.
O Apple Watch Series 4 ficou maior em relação aos demais que já foram lançados até então. Os tamanhos oferecidos agora são 40 milímetros e 44 milímetros contra os antigos de 38 e 42 milímetros. Escolhi o de 40 milímetros por ter o pulso relativamente fino. Mais uma vez, recomendo ir até uma loja para testá-lo pessoalmente antes de escolher.
Pulseiras
A pulseira que acompanhou o meu Apple Watch é a Loop Esportiva (feita em nylon) na cor Madrepérola. Ela é bem confortável para usar no dia a dia e fácil de ser ajustada, já que se prende com velcro. É ótima para realizar atividades físicas, porém aparenta ser extremamente esportiva e não combina muito com outras ocasiões.
Felizmente, as pulseiras continuam as mesmas das gerações passadas, então posso utilizar todas as que eu já tinha antes. Particularmente, adoro as pulseiras antigas de nylon que não são mais vendidas oficialmente. Tenho também uma pulseira de aço estilo milanês que é magnética. Muito bonita, mas longe de ser confortável.
Senti que ficou mais fácil de trocar as pulseiras do Apple Watch Series 4. Não sei se é pelo fato do relógio ser maior ou se realmente mudaram alguma coisa nas travas. Mesmo assim, depois de encaixadas, as pulseiras não se soltam por conta própria.
O que tem na caixa
O conteúdo da caixa é basicamente o mesmo dos outros modelos, mas a organização é um tanto que diferente. A caixa agora vem em um envelope que dá um toque especial na experiência de abrir o produto. Por dentro, esse envelope traz desenhos coloridos de vários modelos do Apple Watch.
Agora não é apenas uma, mas sim duas caixas. Isso porque o Apple Watch não vem mais “montado” com a pulseira. O relógio com a documentação e carregador estão na caixa maior e a pulseira em uma caixa menor. O usuário deve conectá-los por conta própria, de certa forma para que já aprenda a lidar com esse processo de troca das pulseiras.
A caixa principal do relógio exibe uma imagem que destaca a nova tela e a cor do modelo escolhido. Dentro dela, o Apple Watch agora vem protegido por uma espécie de capa macia que parece ser de veludo. Devo dizer que gostei muito mais disso do que quando apenas enrolavam um plástico por volta da tela.
O cabo magnético e o adaptador de tomada também estão presentes e são os mesmos das outras gerações. Faltaram apenas os adesivos da Apple que, por algum motivo, continuam não existindo no Apple Watch e nos AirPods — provavelmente porque a Apple enxerga eles apenas como acessórios do iPhone.
Primeiras impressões
O visual do Apple Watch Series 4 é bem familiar para quem já teve contato com outros modelos do relógio da Apple, porém há algumas diferenças consideráveis. A sensação em relação ao meu Apple Watch antigo é de agora ter um produto acabado, polido, contra algo que ainda não estava totalmente pronto.
Os cantos arredondados deixaram o relógio muito mais sofisticado. O botão lateral não é mais saltado para fora e a Coroa Digital possui um brilho diferente na superfície. A parte traseira do relógio foi redesenhada com novos sensores de saúde e agora é toda feita em cerâmica brilhante, o que faz o relógio parecer ainda mais tecnológico e robusto.
Lado a lado, o novo Apple Watch nem parece ser tão maior em comparação ao meu antigo Series 2. Na verdade, o tamanho da caixa é quase o mesmo. A diferença se torna perceptível durante a utilização, já que as bordas do Series 4 foram extremamente reduzidas e agora seguem o formato externo do relógio.
Configuração
O processo de configuração do Apple Watch era extremamente demorado e chato. Infelizmente, isso não mudou muito até agora. Antes de sincronizar o meu novo Series 4, precisei desemparelhar o antigo Series 2 para o sistema salvar uma cópia de todas as configurações do relógio em meu iPhone.
Esse procedimento levou cerca de 10 minutos para ser concluído. Só depois fui de fato conectar o meu novo Apple Watch ao iPhone para restaurar o backup anterior. Mais 10 minutos de espera. Meu Series 2 precisou de 20 minutos para ser configurado pela primeira vez sem backup, então nota-se que essa sincronização ficou mais rápida. Só que esse “mais rápido” ainda não é lá essas coisas.
As opções para ativar um Apple Watch continuam praticamente as mesmas. Dá para escolher em qual braço o relógio será utilizado, definir ajustes do ID Apple e ativar Siri e Apple Pay. É possível instalar aplicativos já na configuração inicial, mas isso só torna o processo ainda mais lento.
Revisitando o watchOS
Novo Apple Watch, mesmo sistema operacional. O watchOS ainda é o watchOS e isso pode ser bom e ruim para alguns aspectos. Embora a Apple tenha apresentado melhorias significativas desde quando comprei o Series 2 com o watchOS 3, alguns velhos problemas persistem e outros novos surgiram.
Alguns elementos do sistema ainda ficam escondidos, como aqueles que dependem da interação com a pressão do toque. Não tenho problemas quanto a isso agora, mas eventualmente converso com alguns amigos que também utilizam o Apple Watch e sequer conhecem as funções do Force Touch.
Mas há alguns pontos que melhoraram. Por conta da tela maior, o Apple Watch Series 4 exibe botões de navegação para voltar nos menus de aplicativos. Eles já existiam antes, mas não eram tão visíveis e nem fáceis de serem pressionados.
O watchOS é um sistema extremamente sólido e completo em relação aos concorrentes. Tudo costuma funcionar bem e em sincronia com o iPhone. O sistema oferece vários aplicativos úteis como Tempo, Podcasts, Apple Music e Mensagens.
A Central de Controle traz novas opções como um atalho para conectar dispositivos AirPlay e agora pode ser acessada em todo o sistema. Basta tocar na parte inferior da tela durante alguns segundos para conseguir puxar a tela de atalhos dentro de qualquer aplicativo.
O gerenciamento de notificações também ficou mais intuitivo. As mensagens agora são agrupadas por aplicativo e é possível silenciá-las no próprio relógio.
Mas há um problema no watchOS que surgiu especificamente com o Apple Watch Series 4. Por conta da tela com os cantos arredondados, alguns elementos ainda ficam cortados ao serem exibidos. É comum receber uma notificação e não ser possível ler parte do conteúdo porque o texto ultrapassa a curva da tela.
Parece que a Apple entregou um ótimo produto sem antes ter concluído os trabalhos necessários no sistema operacional. É quase a mesma situação da terceira geração do iPad Pro. O aparelho é muito bom, mas o sistema ainda não aproveita todo o potencial dele.
Eu fico decepcionado quando vejo botões que foram “comidos” pelas bordas do relógio e espero que essa situação seja resolvida com uma futura atualização do watchOS.
Tela
Não há muito o que falar da tela do Apple Watch Series 4, apenas que ela é muito boa e provavelmente a melhor entre qualquer relógio inteligente do mercado no momento. Como já citei anteriormente, as bordas foram reduzidas e os cantos ficaram arredondados.
Junte isso com a tela OLED e o sistema com fundos pretos e parece que de fato o relógio possui uma “tela infinita” que aproveita todo o espaço disponível. Esse pequeno aumento no tamanho já tornou o uso do Apple Watch muito melhor.
Ficou muito mais fácil de navegar em mapas, ler mensagens, escolher aplicativos ou até mesmo visualizar algumas fotos favoritas com o Apple Watch Series 4 e sua tela maior.
O brilho continua em intensidade máxima de 1000 nits, que garante ótima visibilidade mesmo em ambientes com iluminação forte, e as cores são naturais e vivas como na tela de um iPhone. A resolução é de 394×324 pixels para o modelo de 40 milímetros e 448×368 pixels na versão de 44 milímetros. São cerca de 326 pixels por polegada, a mesma densidade de um iPhone comum com tela Retina.
O vidro dos modelos de alumínio ainda é feito de Íon X, um composto mais resistente a pancadas, mas que risca com certa facilidade. Meu Apple Watch Series 2 ficou com a tela completamente riscada durante os dois anos que eu o utilizei. Já no Series 4, ao menos até agora, ainda não notei abrasões e espero que continue assim.
Mostradores
O que eu destaquei na análise do Apple Watch Series 2 sobre as funções de relógio continua sendo válido por aqui. Foram lançados vários novos “mostradores” desde então, que e é como a Apple chama os temas do Watch. Existem vários deles que podem ser amplamente customizados.
No caso do Series 4, destacam-se alguns novos mostradores que foram criados exclusivamente para a nova geração do relógio. Eles aproveitam ao máximo a tela grande, seja para exibir mais informações ou simplesmente esbanjar animações incríveis.
Em boa parte do tempo eu utilizo os temas de infográfico, que são aqueles que aparecem em quase todas as propagandas do Apple Watch Series 4. A versão digital aceita até seis complicações e o analógico consegue exibir oito delas. A ideia é ter sempre todas as informações necessárias disponíveis logo ao levantar o braço.
Pode parecer exagero, mas ter até oito complicações logo na tela principal do relógio é muito útil. Eu costumo deixar ali a previsão do tempo, círculo de atividades, lembrete para tomar água e controles de música. A Apple atualizou várias das complicações para serem mais detalhadas.
Há também os mostradores “Fogo e Água”, “Vapor” e “Líquido” que são muito bonitos. Esses existem nos modelos antigos, mas somente no Series 4 podem ser exibidos em tela cheia. O mesmo vale para os novos mostradores do tema “Orgulho”.
Os mostradores antigos ainda estão disponíveis, mas eles ficam um tanto que deslocados no Series 4. Enquanto os novos oferecem mais complicações e novas informações, os velhos temas como Siri e Utilitário foram apenas ampliados para a tela maior.
Não foram feitas muitas adaptações no visual desses mostradores para aproveitar o espaço disponível ou os cantos arredondados da tela. É exatamente o que já existia antes, só que maior. Não combinam com o design do Series 4 ao meu ver. Isso, é claro, pode ser resolvido com a próxima atualização do watchOS.
Coroa Digital
A Coroa Digital é um grande diferencial do Apple Watch. Ao invés de reproduzir gestos como zoom e rolagem arrastando o dedo na tela, basta girar o botão para executar essas ações sem atrapalhar a visualização.
O Apple Watch Series 4 traz uma nova Coroa Digital. Praticamente nada mudou por fora, mas o mecanismo foi completamente redesenhado para executar os comandos com mais exatidão. Além disso, a Coroa agora possui seu próprio sistema de feedback tátil.
Assim como ao pressionar a tela com força ou receber notificações, interagir com a Coroa Digital do Apple Watch Series 4 resulta em sensações táteis. Foi estranho no começo mas hoje é algo que gosto muito e senti falta ao usar o Series 2 novamente.
O fato da Coroa Digital emitir essas vibrações me dá a certeza que algo está de fato acontecendo no relógio quando eu a giro. As versões anteriores até parecem “quebradas” agora.
Desempenho
Uma das minhas principais reclamações quanto ao Apple Watch Series 2 foi sobre o desempenho. Ele era muito mais rápido do que a versão original do relógio, mas ainda sim não entregava um resultado tão satisfatório. Os apps demoravam para carregar e algumas animações travavam com frequência.
Para a minha felicidade, o Apple Watch Series 4 é absurdamente rápido. Isso torna o uso muito mais prazeroso, já não tenho mais aquela sensação de que seria melhor tirar o iPhone do bolso para realizar a mesma tarefa.
Ele utiliza o processador S4 de dois núcleos com arquitetura de 64 bits, construído pela própria Apple com base nos chips que estão presentes no iPhone e iPad. Na prática, é impossível notar alguma dificuldade por parte do Apple Watch ao tentar executar qualquer coisa — ao menos por enquanto.
Os aplicativos praticamente são carregados assim que eu toco no ícone. Nem chega a dar tempo de ver aquela tela com um círculo girando enquanto o app é aberto. Aqui sim as animações são reproduzidas com total fluidez e o sistema não leva mais de um minuto para ser iniciado. Quando eu reiniciava o Series 2, tinha que esperar pelo menos dois minutos para o relógio ligar novamente.
Aplicativos
E por falar em aplicativos, a situação aqui continua a mesma de 2016. Aliás, o cenário da App Store para o Apple Watch até piorou desde então. Grandes nomes como o Twitter, Tweetbot, Instagram e Nubank simplesmente resolveram abandonar a plataforma.
Há uma série de restrições para se desenvolver aplicativos do watchOS, o que afastou diversos desenvolvedores. Afinal, são poucos aqueles que vão investir tempo e recursos em algo que não será amplamente utilizado. O Watch cresceu muito desde que chegou ao mercado, mas ainda não possui um número de usuários tão expressivo quanto o do iPhone.
Os aplicativos que já existiam continuam da mesma forma, até porque a ideia do Apple Watch não é substituir completamente o seu celular, mas sim funcionar como um complemento para quando você não está com ele por perto. As telas são simples e diretas, geralmente exibem informações úteis e oferecem alguns controles essenciais.
Ainda sim, existem ótimos apps para o relógio da Apple. Um deles é o Waterminder, que me permite controlar o quanto de água eu preciso tomar diariamente. Notificações são enviadas em determinados horários e posso acompanhar e registrar o meu consumo de água dentro do aplicativo ou até mesmo com os Atalhos da Siri. É bem útil ter algo assim no próprio pulso.
Após comprar o Series 4 também descobri o Chirp, que é um cliente completo de Twitter para o relógio. A versão gratuita permite visualizar os tuítes mais recentes, acompanhar os assuntos em alta e visualizar as menções. Com a versão completa do app é possível enviar tuítes, mensagens diretas e muito mais. Para quem gosta de usar o Twitter e tem um Apple Watch, o Chirp é essencial.
Dos aplicativos de terceiros também utilizo com frequência o Swarm para fazer check-in nos estabelecimentos, Telegram e Messenger para visualizar e responder mensagens no próprio relógio, PacoteVício para rastrear encomendas e o 1Password para encontrar rapidamente algumas senhas importantes.
Por um lado, a experiência de utilizar aplicativos no Apple Watch ficou muito melhor, já que a tela maior exibe mais informações e torna a interação mais fácil. Com o processador mais rápido eu também passei a abrir mais esses aplicativos, algo que eu tinha preguiça de fazer no meu antigo Series 2.
Em contrapartida, não existem muitos aplicativos para a plataforma e os que existem são relativamente simples ou até mesmo nem recebem mais atualizações há algum tempo. Vários apps importantes desapareceram justamente agora que o relógio se tornou capaz de rodá-los sem problemas.
Bateria
Desde o Series 2, a minha experiência com a bateria do Apple Watch não foi ruim. A Apple sempre prometeu 18 horas de uso para o relógio inteligente e, em geral, essa é a média que eu sempre consegui na geração passada. Nas especificações do Series 4, as 18 horas permanecem. Só que, na prática, a bateria dura até mais do que isso.
Meu uso do Apple Watch é razoavelmente intenso. Ouço músicas com os AirPods conectados ao relógio, costumo realizar ao menos 30 minutos de atividades físicas diariamente com o monitoramento ativado e ainda aproveito para checar mensagens e outras informações.
Normalmente eu acordo por volta das 10 horas da manhã e já coloco o Apple Watch no pulso. Só tiro o relógio quando vou dormir, lá pelas 3 horas da madrugada. Com essa mesma rotina na época do Series 2, eu conseguia fazer tudo o que eu precisava e ainda sobravam 30% de carga. Ou seja, era o suficiente, mas recarregá-lo à noite era praticamente obrigatório.
Com o Series 4 eu consigo realizar as mesmas tarefas durante o mesmo período e ainda me sobram praticamente 50% de carga da bateria. Eu continuo recarregando o relógio toda noite, até porque isso nunca foi um problema para mim. O Apple Watch ainda não possui monitoramento de sono para que eu durma com ele no pulso, então sempre coloco no carregador antes de ir para a cama.
Porém já aconteceu uma situação em que eu esqueci de colocar o meu Apple Watch Series 4 na tomada durante a noite. Só fui perceber isso no dia seguinte, por volta das 17 horas, quando o sistema me notificou que restavam apenas 10% de carga da bateria.
Felizmente, o relógio não me deixou na mão e aguentou tempo suficiente até que eu voltasse para a casa. Como eu disse, ainda coloco o Apple Watch na tomada todas as noites para ter a certeza de que terei bateria de sobra para o dia seguinte. Ao menos agora eu tenho a segurança de que, se esquecer de recarregá-lo, ainda dá para usá-lo até o fim do expediente.
Isso, é claro, é relativo conforme o uso de cada pessoa. Ao realizar exercícios longos, em que o GPS e os monitores cardíacos ficam ativados constantemente, o consumo de bateria se torna extremamente elevado e dificilmente o relógio aguentará mais de um dia fora da tomada.
Para usuários comuns que não costumam realizar exercícios diariamente, a bateria consegue aguentar dois dias fora da tomada tranquilamente. O que precisa melhorar nas próximas gerações é o tempo necessário para recarregar a bateria. Atualmente, é preciso esperar cerca de 2 horas para completar a carga de 0% a 100%.
Exercícios
O Apple Watch foi inicialmente vendido como uma peça tecnológica fashion, porém a empresa optou por destacar cada vez mais as funções fitness que o relógio oferece. O sistema de metas de atividade nos três círculos continua presente e ainda me motiva a completá-los diariamente.
Agora, além de ser possível acompanhar o rendimento dos amigos que também possuem o Apple Watch, dá para competir com eles. A competição acontece durante uma semana e cada usuário pode acumular até 600 pontos diários se cumprir com os exercícios. Ganha quem tiver mais pontos após sete dias.
Foram feitas várias melhorias para quem utiliza o Apple Watch no dia a dia para realizar atividades físicas. Uma das novidades é que o relógio agora identifica quando o usuário está realizando uma corrida ou caminhada ao ar livre para abrir automaticamente o aplicativo Exercício.
Os sensores de giroscópio e GPS foram aprimorados para que as informações de distância percorrida e queima de calorias sejam mais precisas. Com isso, é possível utilizar o Apple Watch Series 4 para acompanhar ainda mais tipos de atividades como trilha, boxe e ioga.
O Series 4 também exibe mais dados durante a prática de exercícios, incluindo a cadência — que é a contagem de passos por minuto — e o ritmo móvel, que avisa a cada quilômetro percorrido se o usuário caminhou dentro média, mais lento ou mais rápido.
O relógio emite uma vibração sutil no pulso para avisar sobre o ritmo da atividade, de forma que não seja necessário olhar para a tela para saber o que está acontecendo.
Saúde
Junto com as ferramentas para acompanhar o rendimento em atividades físicas, o Apple Watch se destaca com as funções de monitoramento da saúde. Os modelos antigos já faziam bom trabalho neste quesito, como por exemplo ao enviarem lembretes para o usuário se levantar após ficar muito tempo sentado.
Agora, o Apple Watch Series 4 consegue até mesmo detectar quedas para avisar os contatos de emergência e ligar automaticamente para o atendimento médico caso o usuário não responda por mais de um minuto. O recurso funciona bem e só é ativado em situações reais. Até hoje nunca vi ele ser acionado por engano.
O sensor óptico que permite a leitura dos batimentos cardíacos foi redesenhado para ser mais rápido e preciso. Só que o Apple Watch Series 4 oferece muito além disso. Há também sensores elétricos que calculam os batimentos do coração em tempo real para alertar o usuário sobre possíveis casos de arritmia — já tomei um susto grande com isso, mas é por uma boa causa.
Os sensores elétricos, presentes tanto na parte inferior do relógio quanto na Coroa Digital, permitem que o Apple Watch Series 4 seja capaz de realizar eletrocardiogramas (ECG). Dessa forma, o relógio detecta se o coração está em ritmo sinusal (regular) ou se há fibrilação atrial (irregular).
Para realizar o teste, basta encostar o dedo na Coroa Digital durante 30 segundos com o aplicativo do ECG aberto. O resultado é exibido na tela do próprio relógio e um PDF com mais detalhes fica salvo no aplicativo Saúde do iPhone.
Ter algo assim no próprio pulso pode fazer a diferença na vida das pessoas. Felizmente no meu caso, o Apple Watch não detectou problemas cardíacos. Porém já publicamos aqui várias situações em que os usuários tinham fibrilação atrial e sequer imaginavam até adquirirem o Series 4.
É uma pena que, ao menos por enquanto, o recurso de eletrocardiograma não está disponível oficialmente no Brasil. Como se trata de uma função que envolve dados médicos, os órgãos reguladores de cada país precisam testá-lo e aprová-lo para que só então a Apple possa liberar o aplicativo. Por aqui, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) ainda não deu sinais de que isso acontecerá em breve.
Para utilizar o eletrocardiograma no Apple Watch Series 4 é preciso adquirir o relógio em uma região compatível (como por exemplo Estados Unidos e alguns países da Europa) e ativá-lo lá mesmo. Até há algum tempo era possível apenas importar o Watch dos EUA e usar o ECG por aqui, mas a Apple bloqueou isso para novos usuários com uma atualização do watchOS.
Siri
Já era possível utilizar a Siri no meu Apple Watch Series 2, mas a assistente virtual era bem limitada e mais me irritava do que atendia aos meus pedidos. O cenário ainda não é dos melhores no Series 4, mas muita coisa mudou.
Uma das minhas reclamações anteriores era o fato da Siri não ter voz no Apple Watch. Você apenas falava e as respostas apareciam em forma de texto na tela. Desde o Series 3, porém, a Apple deu voz para a assistente no relógio. Com os alto-falantes aprimorados do Series 4, a fala da Siri fica bastante nítida mesmo em ambientes com muito barulho.
Pedidos mais simples que envolvem mostrar a previsão do tempo, bolsa de valores, ativar o timer ou enviar mensagens agora são executados com muito mais agilidade. Era incômodo ter que esperar 30 segundos ou mais com o braço levantado para a Siri entender e processar um pedido. Esse problema foi resolvido no Series 4.
O recurso “E aí, Siri” costuma funcionar quase todas as vezes no Series 4 e agora há também a possibilidade de iniciar uma conversa direta com a assistente sem mesmo usar o comando. Para isso, basta levantar o braço e logo em seguida fazer uma pergunta em voz alta. Isso também funcionou bem em todos os meus testes, mas eventualmente o Apple Watch se confunde e ativa a Siri involuntariamente.
O grande problema aqui é que a Siri continua sendo a Siri. Se no iPhone e no iPad a assistente já é limitada, no Apple Watch então ela faz ainda menos. Não dá para criar uma nota rápida e nem mesmo utilizar o Buscar Amigos com a Siri no Watch. A frase “você deve continuar em seu iPhone” é extremamente comum.
Alto-falante e microfone
O sistema de som do Apple Watch Series 4 recebeu grandes melhorias em comparação com as gerações anteriores. Como já havia mencionado no tópico anterior, o alto-falante agora consegue reproduzir sons com o volume muito maior. Fica mais fácil de ouvir notificações ou interagir com a Siri mesmo quando há barulho externo.
O microfone foi reposicionado e agora está entre a Coroa Digital e o Botão Lateral. A qualidade do som capturado melhorou consideravelmente. A Siri tem menos dificuldade de compreender os comandos e, ao falar no telefone com o relógio, a pessoa que está do outro lado da linha dificilmente vai saber que você não está falando pelo celular.
O Apple Watch Series 4 consegue ser até mesmo um ótimo gravador de áudio, já que está sempre ali no pulso pronto para tudo. Só faltou um aplicativo da própria Apple para isso. Eu utilizo o “Gravador HD”, que está disponível gratuitamente na App Store.
Apple Watch como reprodutor de músicas
O Apple Watch também pode ser utilizado como um iPod de pulso. Aliás, a situação melhorou muito para quem pretende utilizá-lo como reprodutor de músicas. O Series 4 conta com 16GB de armazenamento em todos os modelos, contra 8GB dos anteriores.
Até então, só era possível baixar até 2GB de músicas na memória do relógio — já que o restante era ocupado pelo sistema operacional, aplicativos e outras informações. A limitação não existe mais no Series 4, desde que haja espaço suficiente na memória.
A transferência das músicas ficou mais rápida, porém ainda é preciso conectar o relógio na tomada para sincronizar com o iPhone. Assinantes do Apple Music podem reproduzir as faixas mesmo sem baixá-las quando estão conectados diretamente em uma rede Wi-Fi ou também na rede 4G, no caso de modelos com celular.
O Apple Watch sempre dependeu de fones de ouvido sem fio para reproduzir músicas e podcasts. A nova geração do relógio conta com a tecnologia Bluetooth 5.0, que aprimora a qualidade do áudio, diminui a latência e tem sinal mais forte. Isso, é claro, para fones compatíveis — como é o caso dos AirPods 2.
Além de playlists criadas pelo usuário, as músicas agora podem ser adicionadas ao Watch em álbuns ou listas “Mix” do Apple Music. Era bem chato ter que criar listas específicas para baixar músicas no Apple Watch e foi muito bom descobrir que solucionaram isso.
Com essas melhorias, o Apple Watch é perfeito para quem gosta de caminhar, ir para a academia ou simplesmente sair sem o celular no bolso e ainda sim ouvir músicas. Utilizo o meu com frequência em conjunto com os AirPods e é uma excelente combinação para deixar o iPhone em casa de vez em quando.
O Watch se tornou indispensável para mim
Após todos esses anos utilizando o Apple Watch, está mais do que claro para mim que o produto tem e atende muito bem ao seu propósito. Eu sequer gostava de usar relógios e decidi me arriscar com o Series 2 na época. Hoje é até difícil me imaginar sem o Apple Watch no pulso.
Como já comentei antes, ele não substitui o iPhone, mas é um ótimo complemento para o dia a dia. Eu não preciso mais estar com o celular em mãos para descobrir se vai chover, ler e responder algumas mensagens, ouvir e controlar a reprodução de músicas ou até mesmo atender ligações.
Os recursos voltados para exercício são ótimos. Nunca me preocupei tanto com o fato de não me movimentar o suficiente durante o dia como agora. A interação com os amigos e as conquistas também me motivam a completar as metas estabelecidas.
Também passei a cuidar mais da própria saúde com o Apple Watch. Posso acompanhar meus batimentos cardíacos e ficar atento com a quantidade de água que preciso tomar diariamente. É claro que o Apple Watch não substitui o atendimento médico, mas me deixa ciente de possíveis problemas para que eu procure um especialista.
Há ainda várias outras utilidades como checar meu calendário, consultar lembretes e pagar com o Apple Pay apenas ao encostar o relógio na máquina de cartão. O iPhone faz tudo isso, mas é ainda mais prático quando as funções estão no próprio pulso.
Vale a pena?
Este é o momento certo para comprar um Apple Watch. Mesmo já no meio do ciclo de atualizações, o Apple Watch Series 4 se destaca e não deve ficar ultrapassado tão cedo. Para quem já possui um Apple Watch, independente do modelo, a atualização é significativa.
Donos das gerações antigas vão ter uma experiência completamente nova com o Series 4. Para aqueles que estão no Series 3, a tela maior com cantos arredondados, os sensores aprimorados e a bateria de maior duração certamente são bem-vindos.
E quem ainda não tem um Apple Watch vai ficar mais do que satisfeito ao utilizar o modelo mais recente com ótimo desempenho, recursos avançados de saúde e todas as funções disponíveis no sistema watchOS.
Ao contrário de alguns concorrentes, o Apple Watch conta com uma variedade de pulseiras que podem ser facilmente substituídas. Junte isso com os mais de 20 temas presentes no relógio e é possível criar combinações únicas para vários estilos e momentos.
Se você procura um relógio inteligente que seja casual e estiloso, mas também competente para aguentar um dia de academia, o Apple Watch Series 4 não deve desapontá-lo.
O problema do Apple Watch ainda é o preço. Nos Estados Unidos, a versão mais barata está disponível por US$399 — algo em torno de R$1.600 em conversão direta. No Brasil, os valores começam em R$3.999, o que é praticamente o preço de um iPhone 8.
O custo-benefício não é dos melhores para um dispositivo que funciona essencialmente como acessório de celular. Mas, para quem pode e está disposto a gastar, isso não faz com o que o produto seja menos incrível. O Apple Watch Series 4 traz uma nova visão sobre o que um relógio inteligente é capaz de fazer.