Quando o primeiro iPhone foi lançado em 2007, a Apple argumentava que o aparelho tinha uma “enorme” tela de 3.5 polegadas — o que de fato era bastante para a época. Por muitos anos, o iPhone manteve esse tamanho de tela, muito provavelmente porque Steve Jobs dizia preferir aparelhos que se encaixam na palma da mão.
Com o tempo e a evolução da tecnologia, passamos a consumir mais conteúdos no smartphone. Isso impulsionou a criação de telefones maiores e, por mais que a Apple tenha resistido, a empresa se rendeu a essa tendência em 2014 com o iPhone 6 e o iPhone 6 Plus. Depois disso, o iPhone só cresceu.
A Apple chegou a lançar o iPhone SE nesse meio tempo como uma alternativa para os fãs de aparelhos pequenos, que podiam novamente ter um celular compacto e com especificações de um topo-de-linha. Só que o aparelho ficou defasado e, mesmo com sua segunda geração (que ganhou uma tela maior), o iPhone SE não traz todos os recursos de ponta.
Com o desejo de um grupo de consumidores por um iPhone moderno e compacto, a Apple criou o iPhone 12 mini. O aparelho oferece praticamente tudo o que seus irmãos maiores têm, só que em um formato muito menor. Ao mesmo tempo, para ter um celular tão pequeno, a Apple precisou abrir mão de algumas coisas.
Depois de usar apenas as versões maiores do iPhone desde 2014 — e o iPhone 12 Pro Max desde o lançamento no ano passado —, me aventurei em testar o iPhone 12 mini para descobrir a resposta da seguinte pergunta: ainda há espaço para celulares pequenos em 2021?
O iPhone 12 mini é um iPhone 12
Como o iPhone 12 mini divide várias características com o iPhone 12 e até mesmo com o iPhone 12 Pro, o foco da análise está no que faz o 12 mini ser diferente dos outros modelos. Para uma compreensão maior de todas as mudanças na linha de iPhones do ano passado, recomendo a leitura da minha análise do iPhone 12 Pro Max.
A caixa também é mini
Como qualquer outro iPhone vendido pela Apple atualmente, o iPhone 12 mini vem em uma caixa super compacta e praticamente sem acessórios inclusos. O consumidor recebe apenas o dispositivo e o cabo Lightning com conector USB-C, além da chave para ejetar a gaveta do chip.
O adaptador de tomada e os fones de ouvido precisam ser adquiridos separadamente, mas isso provavelmente já não é mais novidade para muitas pessoas que já usam ou pretendem usar um iPhone. Ainda acho que essa foi uma decisão muito radical por parte da Apple, mas pelo menos o cabo é compatível com qualquer adaptador de tomada com entrada USB-C.
A versão do iPhone 12 mini que tenho em mãos é a com 64GB de armazenamento na cor vermelha, que faz parte da campanha (PRODUCT)RED — em que parte do valor da compra é destinado para instituições que trabalham no combate ao HIV e AIDS. Por conta disso, um folheto especial da campanha também vem dentro da caixa.
Design que cabe na mão
Goste você ou não de telefones pequenos, é inegável o fato que eles se encaixam perfeitamente na palma da mão. Desde o iPhone 6 Plus, eu sempre optei pelo maior tamanho possível em cada geração do smartphone da Apple. Porém basta ler minhas análises anteriores para saber que sim, esses telefones gigantes são incômodos.
Usar o iPhone 12 Pro Max com uma mão só é uma tarefa quase impossível, e a sensação do aparelho ser pesado prevalece mesmo ao usá-lo com duas mãos. Ao segurar o iPhone 12 mini pela primeira vez, a primeira impressão foi a mesma de quando eu tirei o iPhone 5 da caixa em 2012.
O aparelho é muito pequeno e leve. Mais precisamente, são 131,5 x 64,2 milímetros. Para se ter uma ideia melhor, as dimensões do iPhone 5 são 123,8 x 58,6 milímetros — ou seja, o iPhone 12 mini é pouca coisa maior que um iPhone 5 ou iPhone SE de primeira geração. Já o peso do 12 mini é 135 gramas contra 112 gramas do iPhone 5.
Ao lado do iPhone 12 Pro Max, o 12 mini parece até um brinquedo. Isso porque o iPhone 12 Pro Max tem 160.8 x 78.1 milímetros de dimensão com 228 gramas de peso, quase o dobro da versão menor do telefone. Na espessura, porém, todos os modelos da linha iPhone 12 medem 7,4 milímetros.
É até estranho segurar um smartphone tão pequeno e leve depois de tanto tempo convivendo com os enormes modelos Plus e Max. A sensação de conforto é imediata: nada de sentir a mão pesada ou ter que segurar o aparelho com duas mãos para ter firmeza na pegada.
Em termos de design, a estética é a mesma dos demais modelos do iPhone 12 com as laterais retas — que deixam a pegada menos confortável ao meu ver, porém isso não é tão perceptível no modelo menor.
Diferente do iPhone 12 Pro, a parte traseira do iPhone 12 mini e também do iPhone 12 conta com um vidro brilhante que atrai muitas marcas de dedo. As laterais são de alumínio fosco ao invés de aço inoxidável, o que faz esse iPhone parecer mais casual e um pouco menos requintado (mas ainda sim bonito).
A cor vermelha do modelo que tenho em mãos não é tão escura quanto o tom de vermelho que a Apple oferecia no iPhone XR e iPhone 11. Mesmo assim, a cor do aparelho se sobressai e chama a atenção — mas isso pode tornar o iPhone um pouco enjoativo para quem prefere cores mais discretas.
O módulo da câmera é saltado, porém com uma protuberância muito menor se comparado ao módulo do iPhone 12 Pro Max. Ao observar o iPhone 12 mini de lado, quase nem dá para notar o relevo na parte traseira. As próprias lentes são bem mais finas (o que claro, tem implicações na qualidade da imagem).
Mas o principal destaque é que o iPhone 12 mini parece ser o que ele realmente é: um telefone moderno. Apesar de ser menor, não há um botão Início ou bordas enormes. Basta olhar para o aparelho e já é possível notar que se trata de um modelo mais novo do iPhone.
Em alguns momentos, parece realmente que estou usando uma versão moderna do iPhone 5, o que provavelmente é o sonho de quem sempre pediu por um modelo desses com as tecnologias atuais.
Tela grande que é pequena
O iPhone 12 mini conta com tela de 5.4 polegadas. Esse número pode parecer enorme para quem está acostumado com os iPhones de 4 polegadas e ao mesmo tempo não tão pequeno assim para aqueles que já passaram por um iPhone Plus de 5.5 polegadas.
Na prática, definir o tamanho da tela do iPhone 12 mini acaba sendo um pouco mais complexo do que apenas comparar o número de polegadas com outros modelos de iPhone. Embora o tamanho do aparelho em si seja próximo ao do iPhone 5, a tela do iPhone 12 mini aproveita praticamente toda a área frontal do aparelho.
Ao mesmo tempo, o iPhone 12 mini parece ser pequeno ao lado de um iPhone com tela de 5.5 polegadas, mesmo sendo apenas 0,1 polegadas menor. Isso acontece por conta da proporção da tela, que é diferente nos iPhones mais novos.
Desde o iPhone 5, todos os modelos lançados pela Apple com botão Início contam com tela de proporção 16:9 — que é o formato widescreen padrão de televisores e vários monitores. A partir do iPhone X, a proporção da tela passou a ser de 19.5:9. Isso significa que as telas dos iPhones mais novos são mais altas e estreitas.
Como o número de polegadas é medido através da diagonal, a tela do iPhone 12 mini tem praticamente o mesmo tamanho da tela de um dos modelos Plus, só que ela acaba sendo menor para algumas coisas. O teclado virtual é mais espremido e fotos e vídeos não ficam tão grandes quanto nos antigos iPhones Plus.
Nesse quesito, a experiência de uso do iPhone 12 mini fica mais próxima a de um iPhone 8 ou iPhone SE de segunda geração com tela de 4.7 polegadas. As 5.4 polegadas do 12 mini atendem bem os usuários desses modelos menores, porém deixam a desejar para quem espera algo mais próximo de um iPhone com tela de 5.5 polegadas.
Particularmente, a tela pequena me incomoda em alguns momentos. Digitar qualquer coisa no iPhone 12 mini é sempre complicado já que meus dedos ocupam quase todo o teclado e quase sempre esbarram em outras teclas. Já navegar pelo feed do Instagram parece um pouco menos interessante no iPhone menor.
Alguns jogos, por exemplo, não parecem estar totalmente preparados para o iPhone 12 mini. Os textos e os botões do Mini Motorways, um dos meus títulos preferidos do Apple Arcade, são minúsculos.
Isso, claro, é o meu ponto de vista. Meu uso do celular é bastante intenso, seja para consumo de mídias ou trabalho. As telas maiores facilitam e muito a execução dessas tarefas, além de serem mais imersivas. Há quem prefira a portabilidade acima de tudo, e isso o iPhone 12 mini tem de sobra. Dá até para usá-lo com uma mão só sem dificuldades.
Outro detalhe importante a ser ressaltado é que o recorte na parte superior da tela é bem mais perceptível no iPhone 12 mini. O espaço que sobra para o horário e as informações de sinal e bateria é muito menor quando comparado aos demais iPhones.
Eu nunca me incomodei muito com o “notch” do iPhone, onde ficam localizados os sensores do Face ID, câmera frontal e alto-falante superior, mas ele atrapalha mais ao assistir a vídeos ou abrir um jogo em tela cheia no iPhone 12 mini.
OLED para todos
O iPhone X foi o primeiro telefone da Apple a ter uma tela OLED. Nesse tipo de painel, os pixels são iluminados individualmente, o que permite um contraste muito maior já que a tela consegue ficar mais escura ou até mesmo apagada apenas nas áreas cinzas ou pretas da imagem.
Os painéis OLED, porém, eram restritos aos modelos mais caros do iPhone, já que essa tecnologia também tem um custo maior. Com o iPhone 12, a Apple finalmente trouxe o OLED para todas as versões do iPhone, incluindo o iPhone 12 mini e o iPhone 12 de 6.1 polegadas.
As telas LCD que a Apple utiliza no iPhone 11 e também no iPhone SE de segunda geração oferecem apenas 1400:1 de proporção de contraste. Nas telas OLED da linha iPhone 12, esse número salta para 2.000.000:1. Quanto maior o número, melhor será o equilíbrio entre as cores claras e escuras exibidas na tela.
A resolução da tela também melhorou consideravelmente nos modelos intermediários do iPhone. A tela Super Retina XDR do iPhone 12 mini, especificamente, tem 2340 x 1080 pixels, sendo 476 pixels por polegada. Enquanto isso, o painel LCD do iPhone SE tem apenas 1334 x 750 pixels a 326 ppi.
Mesmo sendo pequena, a tela OLED do iPhone 12 mini é quase impecável. Com suporte ao padrão P3 de ampla gama de cores, as cores são exibidas com muita precisão, brilho e equilíbrio. Os elementos da interface também ficam extremamente nítidos e mesmo os olhos mais treinados dificilmente vão enxergar os pixels individualmente.
A única desvantagem da tela do iPhone 12 mini e também do iPhone 12 em relação aos modelos Pro é que o brilho padrão é um pouco menor. A tela dos modelos intermediários atinge 625 nits de brilho em condições normais. Nos iPhones 12 Pro, o brilho padrão chega em até 800 nits.
No dia a dia, essa diferença só é perceptível ao usar o iPhone 12 mini em ambientes externos com muita luz do sol. Em ambientes com luz controlada, quase não dá para notar a diferença entre o brilho da tela do iPhone 12 mini e do iPhone 12 Pro Max. Ao reproduzir conteúdos em HDR, todos os iPhones da linha 12 atingem picos de até 1.200 nits de brilho.
A tela do iPhone 12 mini é revestida com “Ceramic Shield”, um novo tipo de vidro composto com cristais de nanocerâmica que, segundo a Apple, deixa a parte frontal do iPhone até quatro vezes mais resistente aos impactos acidentais e também protege de eventuais riscos.
Embora eu não tenha derrubado esse iPhone em nenhum momento, a tela não parece ter riscos profundos até agora — isso tendo usado o aparelho sem qualquer capa ou película protetora. Foi uma ótima melhoria em relação ao vidro utilizado no iPhone 11. Mas claro, vidro é vidro e sempre há a chance de riscar ou quebrar.
Pequeno, mas poderoso
Toda a linha de iPhone 12 é equipada com o mesmo chip A14 Bionic. Isso significa que seja um iPhone 12 Pro Max ou iPhone 12 mini, o usuário encontrará praticamente o mesmo desempenho em qualquer um dos novos iPhones. A única diferença é que o iPhone 12 mini e o iPhone 12 têm 4GB de memória RAM, enquanto os modelos Pro têm 6GB.
Em todo esse tempo usando ambos modelos, foi impossível notar qualquer diferença significativa no desempenho entre eles. Mantendo a tradição, o chip A14 é um dos mais rápidos, se não o mais rápido do mercado atualmente. Não há praticamente nada que faça o iPhone 12 mini se esforçar no processamento.
Conforme mencionei na análise do iPhone 12 Pro Max, o chip A14 Bionic é o primeiro produzido em processo de 5 nanômetros com 11.8 bilhões de transistores. O processador tem dois núcleos voltados para alta performance e quatro núcleos para tarefas mais leves. Na prática, isso significa que o iPhone 12 mini é rápido ao mesmo tempo que mantém a eficiência energética.
Os aplicativos abrem logo quando toco nos ícones e mesmo em jogos mais pesados como Oceanhorn 2 e The Last Campfire, o iPhone 12 mini não apresentou qualquer tipo de engasgos. Além de dar conta das configurações gráficas em altíssima qualidade, o A14 Bionic executa tudo com muita fluidez.
Mesmo quem não se considera um usuário avançado deve aproveitar muito bem todo esse poder do chip A14. Tarefas como editar um vídeo no aplicativo Fotos da Apple com aplicação de filtros e outras correções podem ser feitas em apenas alguns segundos.
É claro que um usuário vindo de um iPhone 11 ou iPhone SE de segunda geração provavelmente não irá notar tanta diferença assim — isso porque o chip A13 Bionic já era bem potente e muito acima da média. As diferenças ficam mais gritantes ao comparar o iPhone 12 mini com aparelhos mais antigos, como o iPhone 7 e o iPhone 8.
Câmeras de alto padrão
Os iPhones são bem conhecidos por sua excelência em câmeras, mas é normal surgirem algumas dúvidas se tratando de um aparelho que não é o topo-de-linha dessa geração. No caso do iPhone 12 mini, o aparelho divide várias especificações técnicas de câmeras com seus irmãos da linha Pro.
A lente principal, que é a grande-angular, agora conta com abertura de f/1.6 em todos os modelos da linha iPhone 12, contra f/1.8 nos modelos da geração passada. Quanto maior esse número (lembre-se que é uma fração), maior é a abertura da lente, o que significa que a câmera consegue capturar imagens com mais luz e menos ruído.
O iPhone 12 mini e o iPhone 12 contam com uma segunda lente, a ultra-angular, que captura imagens com amplo campo de visão em 120 graus. Essa lente possui abertura f/2.4 — o que não é um número tão bom assim para fotos em locais escuros, mas ainda sim muito melhor que a abertura f/2.8 da mesma lente no iPhone 11.
As duas lentes registram fotos com resolução de 12 megapixels e apenas a lente grande-angular tem sistema de estabilização óptica de imagem. A lente teleobjetiva, também conhecida como lente zoom, não está presente nos modelos intermediários do iPhone 12 — esta é exclusiva do iPhone 12 Pro e 12 Pro Max.
Em resumo, tanto a lente grande-angular quanto a ultra-angular são praticamente as mesmas no iPhone 12 mini, iPhone 12 e iPhone 12 Pro. Apenas o iPhone 12 Pro Max traz uma melhoria neste quesito, já que ele é o único dessa geração a ter estabilização por deslocamento de sensor na lente grande-angular.
Através de vários ajustes que resultam no que a Apple chama de “fotografia computacional”, o chip A14 Bionic faz uma série de pós-processamentos na foto para melhorar a qualidade final da imagem, o que inclui coisas como ajuste de cores, balanço de branco e redução de ruídos.
Ao tirar fotos em boas condições de luz, não há nem como diferenciar as fotos registradas pelas câmeras do iPhone 12 mini e do iPhone 12 Pro Max. Ambos capturam imagens com cores naturais, ótimo nível de detalhes e equilíbrio de luzes impressionante graças ao Smart HDR 3.
Existente desde o iPhone 11, o Modo Noite aumenta o tempo de exposição à luz e captura várias imagens para combiná-las em uma única imagem. O resultado é uma foto com boa iluminação e menos ruídos mesmo quando se trata de um local escuro.
Como as câmeras são bem parecidas entre os modelos dessa geração, as fotos clicadas com o Modo Noite ativado no iPhone 12 mini também não são muito diferentes daquelas feitas com os demais modelos da linha iPhone 12, mas chamam a atenção de quem vem de iPhones mais antigos.
O iPhone 12 Pro Max tem uma leve vantagem por conta da estabilização óptica mais avançada na lente grande-angular, mas as diferenças são bem sutis. No exemplo abaixo, as duas fotos foram capturadas com todas as luzes diretas apagadas. Nota-se que a foto feita com o 12 mini ficou pouca coisa mais escura.
A lente ultra-angular do iPhone 12 mini impressiona quanto comparada com a mesma lente no iPhone 11, que deixava muito a desejar em qualidade — principalmente em ambientes escuros. Nesta geração, a lente secundária também conta com Modo Noite e Deep Fusion para melhorar a qualidade em baixa luz.
Os resultados das imagens capturadas pela lente ultra-angular não são tão surpreendentes quanto aqueles da lente principal, mas estão bem melhores e são mais aproveitáveis do que no iPhone 11. É possível tirar fotos razoáveis com amplo campo de visão, mesmo durante a noite.
Mas o que mais me faz falta no iPhone 12 mini é a lente teleobjetiva, introduzida com o iPhone 7 Plus e desde então restrita aos modelos mais caros do iPhone. Até o iPhone 12 Pro, a Apple trabalha com uma lente com zoom óptico de 2x. Já no iPhone 12 Pro Max, a lente teleobjetiva oferece zoom de 2.5x.
Nos iPhones sem essa lente, o zoom é completamente digital. Isso significa que a câmera apenas faz um recorte na imagem original para ampliá-la, o que resulta em perda de qualidade. Com a teleobjetiva, a imagem já é ampliada naturalmente por conta do formato da lente, preservando assim a qualidade original.
Algumas pessoas dizem não sentir falta da lente zoom, mas particularmente é uma das coisas que mais uso na câmera do meu iPhone principal. Além de ser ótima para registrar paisagens que estão mais distantes, o recurso de zoom é essencial para que donos de bichos de estimação possam registrar toda a bagunça de seus bichinhos sem atrapalhá-los.
E nesse caso, a diferença é bem gritante. O zoom digital da câmera do iPhone 12 mini é notavelmente inferior ao zoom óptico do iPhone 12 Pro Max.
O Modo Retrato está presente no iPhone 12 mini e permite que o usuário faça fotos com o fundo desfocado, simulando o efeito de lentes profissionais através da combinação da imagem das duas lentes traseiras.
Como o iPhone 12 mini não tem o scanner LiDAR para mapeamento de profundidade (algo que só existe no iPhone 12 Pro e 12 Pro Max), os resultados nem sempre são tão precisos, mas ainda sim o recurso funciona razoavelmente bem — seja com pessoas, animais ou objetos.
Já quando o assunto é câmera frontal, não há muito o que falar. O sensor é exatamente o mesmo desde o iPhone 12 mini ao iPhone 12 Pro Max. Em relação ao iPhone 11, a novidade é que a câmera frontal do iPhone 12 também conta com Modo Noite e Deep Fusion.
As selfies registradas em locais escuros são bastante nítidas, embora ainda não tenham o mesmo nível de detalhe das fotos tiradas com a câmera traseira do iPhone. Já o Modo Retrato da câmera frontal ficou bem mais preciso no iPhone 12 e os contornos costumam ser bastante nítidos.
No quesito de vídeos, o iPhone 12 mini consegue gravar vídeos em resolução 4K com até 60 quadros por segundo em todas as lentes — grande-angular, ultra-angular e frontal. Além disso, também é possível gravar vídeos em câmera lenta na resolução 1080p com até 240 quadros por segundos.
A grande novidade é que todos os modelos do iPhone 12 gravam vídeos em HDR 10 bits com Dolby Vision, que registra até 700 milhões de cores diferentes para um contraste perfeito. Vale notar, porém, que o iPhone 12 mini e o iPhone 12 só conseguem gravar vídeos em Dolby Vision com até 30 quadros por segundo — nos modelos Pro, esse número dobra.
Embora a estabilização não seja tão perfeita quanto a do iPhone 12 Pro Max, a lente grande-angular faz um bom trabalho em evitar que os vídeos fiquem tremidos quando a gravação é feita com o celular na mão ao invés de um tripé.
Já o Dolby Vision impressiona bastante ao assistir o vídeo na própria tela do iPhone, mas você também precisa de um monitor ou TV compatíveis para aproveitar essa qualidade toda em outros dispositivos. Felizmente, o HDR padrão dos vídeos já é de boa qualidade.
Outro recurso da linha iPhone 12 para vídeos é o modo de longa exposição em Time Lapse, que permite a captura de vídeos acelerados mesmo em ambientes escuros. A Apple recomenda que o usuário tenha um tripé para gravar vídeos nesse modo.
Tanto as fotos e os vídeos capturados com o iPhone 12 mini são de ótima qualidade. O conjunto de câmeras peca em alguns aspectos, como por exemplo não ter zoom óptico, mas atende muito bem a maioria dos usuários e certamente está acima da média se comparado aos concorrentes.
Pronto para o 5G
A Apple deu muito ênfase ao fato de toda a linha de iPhone 12 oferecer suporte para redes 5G, que também estão chegando agora em vários países do mundo. Na teoria, a conexão 5G consegue atingir velocidades até quatro vezes maiores do que na conexão 4G, além de oferecer latência muito menor.
A questão é que, na prática, os resultados são bem diferentes. Como o 5G ainda é muito novo, ainda vai demorar até que a rede esteja implementada em várias localidades e com inúmeros pontos de acesso. É muito comum encontrar na internet relatos de pessoas que têm acesso ao 5G, porém não percebem nenhuma melhoria na velocidade.
No Brasil, o 5G que existe atualmente é o DSS — uma versão que combina vários espectros de rede 4G, 3G e 2G para oferecer velocidades um pouco maiores. Mesmo assim, o acesso está disponível apenas em algumas capitais. O “5G de verdade”, que é baseado em frequências dedicadas a essa conexão, só deve começar a ser implementado oficialmente por aqui em 2022.
No meu caso, sequer tive a oportunidade de testar a rede 5G até o momento, já que ainda não há esse tipo de conexão na minha região. Felizmente, a Apple também melhorou o suporte para redes 4G no iPhone 12, que consegue ir um pouco mais longe na velocidade de transferência.
Em meus testes, foi possível atingir facilmente mais de 110 Megabits por segundo de velocidade de transferência através do 4G da operadora Claro, mesmo estando dentro de casa. Esses números variam entre cada operadora e localidade já que dependem de uma boa cobertura, mas o 4G costuma dar conta do recado no dia a dia.
Outro detalhe sobre o 5G é que essa conexão consome muito mais energia do que o 3G ou 4G. Pensando nisso, a Apple criou um “Modo Inteligente de Dados” para o iPhone 12 que ativa o 5G apenas quando a super velocidade é realmente necessária.
Bateria mini
Já faz tempo que o iPhone não sofre com bateria, principalmente nos modelos maiores. Infelizmente, a bateria é um dos calcanhares de Aquiles do iPhone 12 mini — o que não chega a ser uma surpresa. O tempo de duração da bateria está diretamente ligado com o tamanho do componente interno, que sempre será menor em um telefone pequeno.
Em termos técnicos, a bateria interna do iPhone 12 mini tem 2.227 miliamperes-hora (mAh). O número está pouca coisa acima dos 1.821 mAh da bateria do iPhone 8 bem distante da bateria do iPhone 12 Pro Max com 3.687 mAh. Quanto maior esse número, maior é a capacidade energética do componente.
Esses números por si só não determinam qual será a duração da bateria, já que não basta ter uma bateria interna de alta capacidade sem que o processador e outros componentes do celular estejam otimizados para economizar energia. Mesmo assim, uma bateria pequena inevitavelmente faz com que o aparelho perca tempo de autonomia.
Segundo a Apple, a bateria do iPhone 12 mini é capaz de aguentar cerca de 10 horas de uso com navegação na internet e consumo de vídeos por streaming. Em usos mais leves, a empresa promete até 15 horas de duração. Na prática, eu dificilmente consegui atingir mais de 8 horas de uso com uma carga completa.
Em um dos meus testes, tirei o iPhone 12 mini da tomada por volta do meio-dia com 100% de carga. Utilizei aplicativos de redes sociais, naveguei em sites, reproduzi várias músicas no Apple Music com os AirPods ligados via Bluetooth, registrei dezenas fotos com a câmera e rodei alguns jogos por cerca de 30 minutos.
Às 23 horas do mesmo dia, a bateria do iPhone estava com 20% de carga. Isso significa que o aparelho ficou cerca de 11 horas fora da tomada até chegar em um nível de energia considerado baixo. Só que, dessas 11 horas, o aparelho foi usado de verdade por apenas 4 horas e 34 minutos.
Em outro teste, o iPhone 12 mini foi retirado da tomada exatamente ao meio-dia com 100% de carga — dessa vez com uso mais leve do celular, incluindo apps de redes sociais, navegação na internet, reprodução de alguns minutos de música e sem fazer uso da câmera ou jogos.
Quando já eram 3 horas da manhã do dia seguinte, o iPhone ainda tinha 30% de carga. Ou seja, o aparelho ficou 15 horas fora da tomada e ainda tinha bateria suficiente para mais algumas horas. Nesse teste, o tempo de uso real foi de 5 horas de 27 minutos — o que provavelmente condiz com as 10 horas de uso que a Apple promete.
Para comparação, refiz o teste de bateria com o iPhone 12 Pro Max, que também saiu do carregador ao meio-dia com 100% de carga. Por volta das 3 horas da manhã do dia seguinte, o iPhone ainda tinha 40% de carga. O detalhe é que o teste do iPhone 12 Pro Max foi mais intenso, com 6 horas e 36 minutos de uso total (e este iPhone ainda rodava uma versão beta do iOS).
Considerando o cenário com duração de 11 horas em uso moderado, um iPhone 12 mini que sai da tomada às 8 horas da manhã provavelmente ficará com menos de 20% de carga por volta das 19 horas. Isso pode ser suficiente para alguns usuários, mas definitivamente está abaixo da média dos smartphones atuais.
Se você não faz uso excessivo do celular, não abre jogos ou não costuma registrar fotos e vídeos com frequência, a bateria do iPhone 12 mini até consegue chegar ao fim do dia longe da tomada. Mas qualquer uso mais intenso que envolva jogos, uso constante da câmera ou reprodução de vídeos deve esgotar a bateria antes do que você imagina.
MagSafe de cara nova
O nome MagSafe ficou bem conhecido por conta dos carregadores magnéticos de gerações mais antigas dos MacBooks. Com o iPhone 12, a Apple reaproveitou a marca para batizar o novo conjunto de ímãs presentes tanto nos novos iPhones quanto em diversos acessórios.
Através de um sensor NFC dedicado ao MagSafe, o iPhone reconhece acessórios compatíveis para exibir uma animação diferenciada na tela assim que são acoplados ao aparelho. A Apple oferece dois carregadores diferentes no padrão MagSafe, além de capas compatíveis e até mesmo uma carteira MagSafe.
Enquanto escrevia a minha análise do iPhone 12 Pro Max, os carregadores MagSafe ainda não estavam disponíveis no Brasil. Já durante a análise do iPhone 12 mini tive a oportunidade de testar também o carregador MagSafe simples da Apple.
Qualquer carregador MagSafe é baseado na tecnologia de carregamento por indução Qi que já existe em outros iPhones. A diferença é que, graças ao ímãs, o carregador se prende ao iPhone, evitando assim deslocamentos indesejados. Através do MagSafe, o iPhone 12 mini é recarregado com até 12W (número que chega a 15W nos demais iPhones), contra 7.5W do padrão Qi convencional.
Sempre fiz críticas ao padrão Qi por não enxergá-lo como algo prático e eficiente. Nas experiências que tive, o iPhone sempre acabava saindo do lugar na base e a recarga ficava mais lenta. Além disso, era preciso tirar o iPhone do carregador para usá-lo em algumas situações, o que também me incomodava bastante.
Já o MagSafe do iPhone reforça a premissa da Apple de “simplesmente funciona”. Basta chegar com o iPhone perto do carregador e pronto, os ímãs (bem fortes, por sinal) já fazem todo o trabalho para alinhá-lo corretamente e transmitir a quantia de energia sem desperdícios. Com isso, também dá para segurar o iPhone na mão normalmente enquanto o MagSafe está acoplado na traseira do aparelho.
O MagSafe vem para mostrar um futuro em que não precisaremos mais nos preocupar com cabo Lightning, portas USB ou bases por indução ineficientes. A tecnologia é definitivamente um passo em direção aos iPhones sem entrada para cabo de energia.
Face ID ainda é um problema para alguns
Enquanto a necessidade do uso de máscaras prevalece por conta da pandemia de COVID-19, o recurso de desbloqueio por reconhecimento facial do iPhone, chamado de Face ID, ainda é um problema para algumas pessoas.
O Face ID utiliza diversos sensores para mapear o rosto do usuário, de forma que a autenticação seja liberada apenas quando a câmera TrueDepth detectar esse mesmo rosto. Para isso, o rosto precisa ser analisado como um todo, e uma máscara facial acaba impedindo o Face ID de funcionar por questões de segurança.
Para contornar o problema, a Apple lançou um novo recurso com o iOS 14.5 que permite utilizar o Apple Watch para desbloquear o iPhone. Em meus testes, o desbloqueio do iPhone com o relógio funcionou bem na maioria das vezes, porém é possível notar alguns falsos-positivos (a Apple até mesmo colocou um atalho para bloquear o iPhone imediatamente pelo relógio).
Para funcionar, é claro, o iPhone e o Apple Watch precisam estar próximos um do outro, além de ser necessário estar com o relógio desbloqueado e colocado no pulso. Esse método, porém, não dá acesso aos apps que utilizam o Face ID como método de autenticação, como também não libera o Apple Pay do iPhone.
É uma alternativa útil para quem tem um Apple Watch, mas ainda sim há muitos usuários por aí que devem se sentir prejudicados pela falta de um sistema de biometria alternativo. Eu adoro o Face ID, é uma das tecnologias mais incríveis que a Apple já apresentou, mas a pandemia revelou a necessidade do iPhone ter um “plano B” nesse aspecto.
Vale a pena?
Depende. Se você gosta de celulares pequenos, sim, vale a pena. Mas só nesse caso. O iPhone 12 mini é um celular bom e tem tudo para ser considerado um topo-de-linha, mas o usuário precisa estar ciente de que abrirá mão de certas coisas para ter um aparelho compacto.
A qualidade da tela é muito boa, a construção do aparelho não decepciona, o desempenho deixa qualquer outro celular topo-de-linha para trás e as câmeras surpreendem bastante, embora usuários mais exigentes possam sentir falta da lente teleobjetiva.
Só que um aparelho mini também vai ter uma bateria mini, e isso acaba prejudicando a experiência do usuário. Depois de tantos anos acostumado com iPhones que passam até dois dias fora da tomada, um celular que faz eu me controlar para a bateria não acabar antes do fim do dia me leva de volta ao passado.
O público-alvo do iPhone 12 mini provavelmente está mais preocupado com o tamanho compacto do que qualquer outra coisa. Neste caso, os benefícios devem se destacar mais do que os pontos negativos do aparelho. É um iPhone 12 de verdade, só que menor e com menos bateria.
Mas se você pensa em comprar o iPhone 12 mini por ser a opção menos cara da geração atual, sugiro reconsiderar essa ideia. Quem atualmente possui um iPhone 11, XR ou até mesmo um celular grande de outra marca pode ficar frustrado ao tentar aderir ao telefone super compacto da Apple.
Está sendo ótimo ter novamente um celular confortável que não incomoda as mãos após segurá-lo por vários minutos seguidos, mas o meu perfil de uso simplesmente não me deixa mais abrir mão de uma bateria ótima e tela grande suficiente para trabalhar e consumir conteúdos multimídia. No fim do dia, o iPhone 12 Pro Max continua sendo o meu telefone principal.
E assim volto para a questão que abriu esta análise: ainda há espaço para celulares pequenos no mercado? A resposta de verdade, só o tempo (e com isso, leia-se resultados de vendas e a existência de novos modelos do iPhone mini) dirá. Mas é possível fazer algumas considerações com base no cenário atual.
Custando a partir de R$6.999 no Brasil, o iPhone 12 mini tem preço de celular grande. Por esse valor, muitos clientes esperam levar para casa um aparelho com tudo o que há de bom. E embora várias das especificações do 12 mini sejam de ponta, tanto a bateria e a tela menor acabam decepcionando parte do público de smartphones premium.
Sim, há quem prefira os aparelhos menores e que está disposto a pagar caro por uma versão completa do iPhone que seja mini de verdade e não um mini-tablet como o iPhone 12 Pro Max é.
Só que, ao meu ver, o público principal que quer celulares pequenos em meio ao consumo excessivo de mídias não está tão preocupado em ter as melhores tecnologias. Talvez o iPhone 12 mini pudesse ser um aparelho um pouco mais simples, porém mais acessível. É realmente necessário o iPhone mini ser um iPhone 12 mini?
Então, que fique claro: não veja o iPhone 12 mini como um iPhone 12 mais barato. Ele é um iPhone 12 para quem ama as telas pequenas. Se esse é o seu caso e você está ciente disso, não precisa nem procurar mais. O iPhone 12 mini é um aparelho único nesse segmento.
