Quando a Apple anunciou o novo iPhone SE há algumas semanas, a empresa destacou melhorias na câmera em relação ao já descontinuado iPhone 8. Só que agora, a iFixit desmontou o aparelho recém-lançado e descobriu que o conjunto de câmeras é exatamente o mesmo do iPhone 8, de 2017. Isso não significa, porém, que a qualidade das imagens capturadas no iPhone SE de 2020 é igual — e isso se deve ao chip A13 Bionic.
Para oferecer um aparelho com especificações atuais que custa quase a metade do preço de um iPhone 11, a Apple reaproveitou vários componentes do antigo iPhone 8 no iPhone SE de 2020. Além do corpo do aparelho e da tela LCD, a iFixit descobriu nesta semana que as câmeras (a traseira e a frontal) também são as mesmas nos dois celulares. Teria a Apple mentido sobre as melhorias na câmera do iPhone SE? Não exatamente.
Embora dividam as mesmas lentes, é preciso levar em conta outros fatores antes de afirmar que a qualidade das fotos e vídeos é igual nos dois iPhones. O conjunto de lentes utilizado é sim muito importante, tanto é que a Apple oferece outros iPhones com sensores maiores e com duas ou três lentes na parte traseira. Mas esses componentes não trabalham sozinhos.
Fotos e vídeos capturados pelas lentes do iPhone ou de qualquer outra câmera digital passam por um processador de sinal de imagem (ISP), que faz os ajustes necessários para que a imagem seja registrada com a melhor qualidade possível — como por exemplo ajuste de foco automático, exposição, balanço de branco, correção de cores e redução de ruídos.
No iPhone e iPad, o ISP faz parte do chip que comanda todo o funcionamento do dispositivo. No caso do iPhone 8, o chip A11 Bionic. Apesar das câmeras iguais, o iPhone SE de 2020 utiliza o chip A13 Bionic do iPhone 11 e iPhone 11 Pro, o que significa que o aparelho também conta com um processador de sinal de imagem melhor do que aquele presente no chip A11.
O resultado é que, mesmo utilizando o sensor antigo, o novo iPhone SE é capaz de capturar imagens com mais qualidade por conta do pós-processamento aprimorado que é feito no ISP do chip A13 Bionic. Os desenvolvedores do aplicativo Halide destacam que isso possibilita outros recursos inéditos em um iPhone de lente única, como o Modo Retrato executado totalmente por meio do sistema.
Modo Retrato no iPhone SE
O iPhone XR também tem apenas uma lente na câmera traseira e faz fotos em Modo Retrato, porém com um processo diferente. Neste caso, o sensor da câmera conta com Focus Pixels, que não chegam a detectar profundidade real, mas conseguem identificar o que aparece em primeiro plano na câmera. A partir disso, o sistema consegue refinar o campo de profundidade na imagem para aplicar o Modo Retrato.
A câmera do iPhone 8 e do iPhone SE também conta com Focus Pixels, mas em apenas algumas partes do sensor — o que impede o uso da tecnologia para obter a profundidade da imagem como no iPhone XR. Só que, como o iPhone SE dispõe de um processador mais moderno, o sistema utiliza a tecnologia de inteligência artificial e aprendizado de máquina para simular a profundidade na foto.
Basicamente, a câmera do iPhone SE não consegue interpretar qual é a profundidade em um cenário, mas o sistema utiliza algoritmos para reconhecer pessoas na foto e então desfocar todo o resto. A desvantagem é que isso torna o efeito incompatível com objetos e animais, mas permite que um módulo de câmera mais simples ofereça os recursos daqueles mais avançados, que são utilizados nos iPhones mais caros.
O chip A13 Bionic também trouxe o recurso Smart HDR ao iPhone SE de 2020, que equilibra automaticamente o contraste entre luzes e sombras, de forma que as fotos e vídeos contra a luz não fiquem muito escuros ou com o brilho estourado. Até mesmo a câmera frontal do iPhone SE consegue reproduzir esses efeitos e recursos.
Então, em resumo, o iPhone 8 e o novo iPhone SE de fato possuem a mesma câmera, mas os resultados obtidos com o modelo mais recente do celular vão ser melhores na prática graças ao processador de imagem do chip A13 Bionic.