Rumores

Editorial: Cuidado com os rumores

Este artigo foi publicado há mais de 4 anos. Algumas informações podem estar desatualizadas e sem validade para os dias atuais.

O que mais gosto da Apple — ou gostava, pois não é mais exatamente assim com certos produtos — é a possibilidade de comprar um iPhone agora e saber que somente daqui a um ano terá outro podendo dizer que o meu está ultrapassado, e isto não se dedica apenas ao iPhone, valendo a mesma regra para Macs, iPods e iPads. A empresa sempre tenta manter o ciclo de atualizações, seja de hardware ou software, do jeito que ela sempre prometeu, e quando dizem “o aparelho X vai receber aquela atualização”, ao contrário do Android, que fica no “talvez”, pode confiar: vai vir, e sem atrasos com a desculpa de que seu aparelho é mais novo ou mais antigo.

Sabendo disso, o mundo vibra logo assim que o brilho do produto novo se esgota, algo que acontece por volta de dois ou três meses. Logo após este período, vê-se em qualquer grupo de Facebook, fórum, ou o que for, pessoas especulando o que viria na próxima geração/versão, e quem sabe mexer com design, vídeos, e o que for, criam seus conceitos visando a sua opinião no que seria ideal, o que, dependendo, isto pode ser um malefício. Não para o designer, claro, mas sim para uma pessoa leiga no assunto, ou quando um jornalista, que não é muito habituado, acaba batendo o olho e decide colocar isso na pauta do dia, e, às vezes, trata a ideia como um rumor, sendo que, para quem conhece, sabe que ela nunca faria algo do tipo, já outros, acreditam.

Já estou praticamente acostumado com perguntas como “já viu o novo iPhone?” por quem sabe que a Apple é praticamente minha segunda religião (brincadeiras a parte). Geralmente, tais comentários surgem de acordo com o estopim da falação dos veículos de notícias em épocas como um pouco antes da WWDC ou no início do segundo semestre, quando a Apple decide abrir a cortina teatralmente, e como sempre, demonstrar o que teremos de novo no mercado e deixando a concorrência um pouco agoniada, caso esperem não ver algo lá tão chamativo nesse ano.

Conhecendo a Apple há anos e lendo livros e mais livros não somente a respeito de Steve Jobs, como sobre a Apple também, nota-se que a empresa mal deixa funcionários internos verem o que há de novo, e se vaza e está em suas mãos, meu amigo, você vai ter uma dor de cabeça por pelo menos um ano, no mínimo. O ideal para demonstrar como eles seriam insanos nisso é lembrar anos que passaram, quando um jornalista do Gizmodo conseguiu o protótipo do iPhone 4 num bar, na Califórnia. As notícias bombaram nos quatro cantos do mundo, mas a paz do jornalista foi embora como se tivessem disparado um gatilho contra sua cabeça.

Não estou dizendo que é impossível vazar algo, na verdade, é mais possível que impossível, ainda mais hoje em dia, em que, muitas das vezes, uma empresa projeta tudo, decide tudo, mas quem fabrica, no final, é outra empresa especializada em fabricação em massa, o que é o caso da Foxconn. Isto poderia facilitar brechas? Sim. Quantas vezes vemos partes de produtos saindo por aí, em destaque, telas, chips, partes da câmera, entre outros? Milhares das vezes. Mas um produto inteiro, só em 2010 mesmo.

Por conta de nossa ansiedade, acreditar em rumores é a coisa mais fácil do mundo, e não há nada e ninguém que vá nos impedir de acreditar, a não ser nosso psicólogo e remédios que controlem isso. O ideal é sempre procurar ver se aquilo tem coerência (qualidade de imagens, fontes, entre outros), se não é futurista demais (assim como teclados em hologramas, teleporte, e afins) e se condiz com a empresa (telas de 5 polegadas sem margem alguma? Sério?), entre uma série de coisas. Se há um conceito, ou concept, vale lembrar: é apenas uma ideia de um designer, programador, ou uma pessoa qualquer, que queira jogá-la no mundo.

Sobre o autor

Filipe Espósito é jornalista especializado em tecnologia. Criou o iHelp BR em 2009 para compartilhar dicas sobre dispositivos Apple e hoje também utiliza o espaço para cobrir notícias de tecnologia em geral. Atualmente também é editor do site especializado 9to5Mac.