No ano passado, testei o ViewFinity S9, o monitor 5K da Samsung que compete diretamente com o Studio Display da Apple. Na época, escrevi que “o grande destaque do ViewFinity S9 é o preço”. Mas e o Studio Display? Dois anos após o lançamento, ele ainda é um bom monitor? Vale o preço que a Apple cobra? Passei os últimos meses tentando responder a essas perguntas.
O Studio Display não é um produto novo. Ele foi lançado pela Apple em março de 2022 junto com o primeiro Mac Studio como uma alternativa para quem sentia falta de um substituto para o iMac de 27 polegadas, que foi descontinuado pela marca. Depois de testar o monitor 5K da Samsung, decidi que era hora de dar uma chance ao Studio Display – mesmo sabendo que ele já está há um bom tempo no mercado.
O monitor Retina perfeito para o Mac
Se você é como eu, sabe que, depois de usar um Mac com tela Retina, não tem mais volta. Não falo apenas de brilho e cores, mas da densidade de pixels. Tudo fica incrivelmente nítido e agradável de se olhar. Na minha análise do Samsung ViewFinity S9, expliquei um pouco sobre a importância do escalonamento de pixels:
Para contextualizar, atualmente utilizo um monitor 4K de 27 polegadas da LG. A resolução 4K é perceptivelmente melhor do que 1080p para mim. Mas, com 27 polegadas, definitivamente consigo ver que a tela não é tão nítida quanto a do meu Mac – pelo menos não nas configurações ideais. Isso ocorre porque as telas Retina da Apple usam HiDPI (Alta Densidade de Pontos por Polegada) para dobrar a escala da interface, o que torna tudo super nítido.
Com um monitor de 5K, o macOS pode renderizar a interface 2560×1440 em 2x, aproveitando toda a resolução de 5120×2880 a 218 pixels por polegada. Com meu monitor 4K de 27 polegadas, eu preciso escolher entre uma escala com elementos maiores (o que me faz perder espaço para janelas) ou reduzir a escala e perder nitidez.
É por isso que o Apple Studio Display tem resolução 5K.
O painel 5K do Studio Display pode atingir até 600 nits de brilho, o que é suficiente para a maioria dos ambientes. Meu antigo monitor 4K chegava a apenas 350 nits, então a diferença é bem perceptível. No entanto, há alguns pontos que poderiam ser melhores.
Diferente do Pro Display XDR (monitor mais caro da Apple), que tem zonas de iluminação – conhecidas como local dimming – para ajustar o brilho em áreas específicas da tela, o Studio Display usa um painel LCD retroiluminado por LED. Embora o contraste seja melhor que o da maioria dos monitores LCD, ele não exibe pretos reais. Na verdade, o Studio Display nem suporta HDR – tecnologia que está em praticamente todos os iPhones e iPads modernos.
Para algumas pessoas, o fato de o Studio Display ser limitado a 60Hz também pode ser um problema. Pessoalmente, isso não me incomoda tanto – ainda mais considerando que meu MacBook Pro, conectado a ele, tem uma tela de 120Hz. Mas concordo que uma futura versão do Studio Display deveria oferecer suporte a uma taxa de atualização maior.
O que diferencia o Studio Display da Apple
Ao mesmo tempo, o Studio Display tem alguns diferenciais que me fazem gostar muito dele, a começar pela construção. O ViewFinity S9 da Samsung tem um excelente painel 5K, bem similar ao da Apple. Mas a qualidade do acabamento do Studio Display é inegavelmente superior.
Usar um Studio Display é como usar um Mac. O monitor é feito inteiramente de metal ao invés de plástico, o que deixa o design mais sofisticado e robusto. É ótimo não ter um monitor que balança toda vez que encosto na mesa. A Samsung tentou resolver isso adicionando uma base de metal ao seu monitor de plástico, mas não foi suficiente. No Studio Display, posso ajustar o ângulo com um único dedo, e ele se mantém firme.
O vidro brilhante também faz uma grande diferença. Não sou fã de telas foscas, priorizo a fidelidade de cores. Embora a Apple ofereça uma versão mais cara com acabamento fosco (que a empresa chama de nano-texture), o modelo padrão tem tela brilhante – e, sinceramente, acho que isso o deixa ainda mais premium.
Mas há um aspecto em que o Studio Display é imbatível: o som. Nunca usei um monitor com alto-falantes embutidos tão bons quanto os da Apple. O Studio Display tem seis alto-falantes que oferecem áudio espacial com Dolby Atmos. O som é provavelmente mais imersivo do que o som embutido da minha TV do quarto. Simplesmente não há concorrência nesse quesito.
As três portas USB-C na traseira também são uma ótima adição e transformam o monitor em um hub. Como ele se conecta ao Mac por um único cabo Thunderbolt, que também pode carregar o MacBook, a organização da mesa fica muito mais limpa.
Como bônus, o Studio Display ainda conta com microfones e uma câmera integrada. Os microfones são decentes, mas a webcam não é das melhores (foi bastante criticada quando o monitor foi lançado). Uma melhor webcam seria uma boa mudança para uma futura versão do monitor.
Ainda vale a pena comprá-lo?
Ainda vale a pena comprar um Studio Display em 2025? A resposta depende do que você espera de um monitor externo.
Com preço inicial de R$18.999 na versão sem ajuste de altura, o Studio Display certamente não é barato. Mas, ao mesmo tempo, ele quase não tem concorrentes diretos. Existem monitores OLED com pretos mais profundos e modelos com taxa de atualização maior, mas nenhum deles combina a qualidade de construção e os alto-falantes do Studio Display. Além disso, é muito difícil encontrar monitores topo-de-linha de outras marcas aqui no Brasil. A Apple é uma das poucas marcas que se arriscou a trazer um produto dessa categoria para o nosso país.
Se você quer apenas um monitor 5K para ter experiência “Retina” no macOS, opções como o ViewFinity S9 da Samsung é uma boa alternativa. Mas se você quer um monitor que complemente o seu Mac em todos os outros aspectos – e pode pagar por isso –, o Studio Display é a escolha certa.
Não me arrependo de ter comprado um Studio Display agora, mesmo sabendo que a Apple pode lançar um novo modelo nos próximos meses ou no próximo ano. É um monitor caro e poderia ser melhor em alguns pontos, mas foi o único que realmente atendeu a todas as minhas necessidades para um monitor externo que combinasse com o Mac.
