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Tim Cook completa 10 anos como CEO da Apple

O co-fundador da Apple Steve Jobs faleceu em outubro de 2011, porém Jobs precisou se afastar da empresa alguns meses antes por conta de problemas de saúde. Com isso, Tim Cook, até então chefe de operações ou simplesmente vice-presidente da Apple, assumiu definitivamente a presidência da companhia em 24 de agosto de 2011.

10 anos depois, a Apple segue crescendo como nunca, porém Tim Cook enfrentou vários desafios para que isso acontecesse. Apesar disso, poucas pessoas conhecem a trajetória do atual CEO da Apple.

Cook é Engenheiro Industrial e posteriormente se especializou em Administração de Empresas na Universidade Duke. Ele trabalhou durante 12 anos na IBM e também passou pela Compaq antes de se juntar à Apple em 1998, quando foi convidado pelo próprio Steve Jobs. Cook diz que Jobs precisou de menos de cinco minutos para convencê-lo a trabalhar na Apple.

Homem de negócios

Ao contrário de Steve Jobs que sempre aparecia em todos os eventos da Apple, Tim Cook sempre foi mais reservado e atuava nos bastidores. Na época, Cook assumiu o cargo de chefe de operações mundiais da empresa, sendo responsável principalmente por lidar com parceiros da Apple.

Tim Cook determinou o fechamento de fábricas e armazéns da empresa para substituí-los por empresas terceirizadas, o que resultou em uma grande economia e, consequentemente, aumento na receita da Apple. Ele também liderou as negociações com fornecedores de memórias flash para os dispositivos móveis da empresa em 2005, o que viabilizou a produção de novos iPods e também do iPhone anos depois.

Cook foi promovido a vice-presidente da Apple em janeiro de 2007, na mesma época em que o primeiro iPhone foi anunciado. Ele chegou a substituir Steve Jobs como CEO temporariamente em 2009 quando Jobs precisou realizar um transplante de fígado por conta do câncer que havia desenvolvido.

Mesmo antes de se tornar conhecido pelo público, Tim Cook foi uma peça-chave na Apple para tornar a empresa mais valiosa. Ainda com Steve Jobs, Cook acompanhou de perto a criação de produtos como o iMac, iPod, iPhone e iPad. Jobs e Cook tinham uma grande amizade, e Cook sempre afirma que enxergava o co-fundador da Apple como um mentor.

Uma nova era na Apple

Tim Cook assumiu a presidência da Apple em 24 de agosto de 2011. Jobs ainda estava vivo naquela época, porém comunicou publicamente que não tinha mais condições de gerenciar a empresa por conta dos problemas de saúde relacionados ao câncer, que haviam se agravado naquele ano.

A primeira apresentação de Tim Cook como CEO da Apple foi em um evento realizado em 4 outubro de 2011 para o anúncio do iPhone 4S. Um dia depois, Steve Jobs — que havia prometido continuar atuando como conselheiro da Apple — faleceu devido ao câncer.

Desde então, houve muita preocupação sobre o futuro da Apple. Pouco se sabia sobre qual seria a estratégia de Tim Cook, e acreditava-se que a empresa poderia perder sua relevância no mercado sem a presença do co-fundador, que se envolvia diretamente na criação de cada produto. Na prática, as coisas foram bem diferentes.

A Apple já era a empresa mais valiosa do mundo em 2011 por conta do enorme sucesso do iPhone, mas ninguém tinha ideia de qual seria o rumo da Apple a partir daquele momento. Cook chegou a apresentar produtos como o iPhone 5 e o iPad com tela Retina, que já estavam sendo desenvolvidos ainda sob o comando de Steve Jobs.

Apesar disso, Cook começou a preparar a Apple para uma nova era ainda em 2012. Naquele ano, a empresa demitiu o então chefe do sistema iOS Scott Forstall após uma polêmica envolvendo o aplicativo Mapas da empresa. Como CEO, Cook reestruturou a equipe de software, que passou a ser liderada por Craig Federighi. Ele também deu ainda mais autonomia ao designer Jony Ive.

Os resultados dessa mudança apareceram já em 2013 quando o iOS foi completamente redesenhado em sua sétima versão, sendo de fato o primeiro anúncio dirigido por Tim Cook. Ao contrário de Jobs que se deixava levar por seus gostos pessoais, Cook sempre foi um homem de negócios e estava atento às tendências do mercado.

Em 2014, Tim Cook voltou aos palcos para anunciar o iPhone 6 e o iPhone 6 Plus. Pela primeira vez, o telefone da Apple ganhou duas versões diferentes em uma mesma geração com telas significativamente maiores, algo que a Apple de Steve Jobs relutava em adotar. O iPhone 6 é, até hoje, a geração mais vendida do smartphone da empresa.

Produtos como o Apple Watch e os AirPods, também desenvolvidos sob o comando de Tim Cook, se tornaram grandes sucessos no mundo todo, elevando ainda mais a receita da empresa. Em 2018, a Apple se tornou a primeira empresa do mundo a atingir o valor de mercado de US$1 trilhão.

Outro detalhe importante sobre Tim Cook é que o CEO assumiu ser gay publicamente em 2014. Na época, ele afirmou que nunca escondeu isso de pessoas próximas, mas que sentiu a necessidade de contar ao mundo que é gay para servir de exemplo para outras pessoas da comunidade LGBTQIA+. Desde então, a Apple realiza diversas ações voltadas para o combate da homofobia e a favor da diversidade.

Foco em serviços

Enquanto a Apple de antigamente se concentrava apenas em oferecer ótimos produtos, a Apple de Tim Cook também quer oferecer ao usuário uma enorme variedade de serviços para reforçar a integração do ecossistema da empresa. Em 2015, a Apple anunciou o Apple Music, que rapidamente se tornou um dos mais populares serviços de streaming de músicas.

Como se não bastasse o crescimento expressivo da App Store, a empresa revelou em 2018 serviços como o Apple TV+, Apple Arcade e até mesmo um cartão de crédito próprio (este ainda disponível apenas nos Estados Unidos). O lucro da Apple com a categoria de serviços cresce a cada trimestre, o que levou a companhia a atingir o valor de mercado de US$2 trilhões em 2020.

Tim Cook de fato tem uma visão diferente de Steve Jobs, mas o próprio CEO afirma que Steve sempre reforçou que não queria que a Apple continuasse presa no passado. Apesar de tudo, é inegável que a empresa só cresceu com Tim Cook. Para se ter uma ideia, a receita da Apple no primeiro trimestre fiscal de 2011 era de US$26.7 bilhões. Já no primeiro trimestre fiscal de 2021, a empresa faturou US$111.4 bilhões.

Em uma recente entrevista, Tim Cook disse que não sabe se ainda será CEO da Apple dentro de 10 anos, mas a empresa já tem um plano de sucessão para quando chegar o dia em que Cook decidir se afastar. A verdade é que, apesar de tudo, a Apple continua sendo a Apple em vários sentidos — e isso deve continuar assim por muito tempo.

Sobre o autor

Filipe Espósito é jornalista especializado em tecnologia. Criou o iHelp BR em 2009 para compartilhar dicas sobre dispositivos Apple e hoje também utiliza o espaço para cobrir notícias de tecnologia em geral. Atualmente também é editor do site especializado 9to5Mac.