O iPhone 6s e o iPhone 6s Plus, lançados em setembro de 2015, trouxeram uma tecnologia nunca vista em outro celular até então: o 3D Touch. A tela dos celulares ganhou sensores especiais que reconhecem a pressão do toque para então reproduzir ações diferentes. Os anos se passaram e esse recurso nunca chegou no iPad, por exemplo. Na última terça-feira, com o anúncio do iPhone 11, a Apple removeu o recurso de todos os novos aparelhos.
Com o 3D Touch, o usuário pode interagir de formas diferentes com um mesmo elemento na tela com base na intensidade do toque. Ao apenas tocar normalmente em um ícone, o sistema abre o aplicativo como esperado. Mas, quando pressionado com força, o ícone do app exibe um menu “secreto” com atalhos úteis. Dentro de aplicativos, o 3D Touch funcionava para pré-visualizar links, conversas, imagens e outros conteúdos sem ter que abri-las.
Apesar de tanta tecnologia, o 3D Touch não fez muito sucesso. A Apple nunca deixou claro para os usuários que esses recursos ocultos existiam no sistema, então muitas pessoas simplesmente nem sabiam da existência dessa tecnologia em seus iPhones. Para piorar a situação, a tela com 3D Touch é muito mais cara e difícil de ser produzida, o que impossibilitou a implementação do recurso nos tablets da Apple e resultou em incoerência no uso dos aparelhos, já que os comportamentos de uso do iPhone não eram os mesmos do iPad.
Sendo uma tecnologia cara, complicada e sem muito uso entre a maioria dos usuários, a empresa decidiu testar na prática a reação dos usuários diante da remoção da tecnologia. O iPhone XR, lançado em 2018, não conta com 3D Touch na tela. A Apple justificou que isso permitiu a redução do preço do aparelho, que é posicionado como um intermediário. Foi mantido apenas o motor de vibração “Taptic Feedback“, que emite feedbacks táteis de acordo com determinadas ações reproduzidas no sistema.
Com o iOS 13, que foi anunciado em junho deste ano, a Apple permitiu que todos os aparelhos sem 3D Touch — incluindo o iPhone XR e os iPads — utilizem os atalhos do sistema apenas ao tocar e segurar nos ícones e demais elementos por alguns segundos. Essa ação resulta em algo similar ao que o 3D Touch oferecia, só que com um certo atraso já que não há mais o reconhecimento da pressão para identificar imediatamente o que o usuário deseja abrir.
Depois de tudo isso, o fim do 3D Touch não chega a ser uma surpresa. O iPhone 11, iPhone 11 Pro e iPhone 11 Pro Max não trazem mais esse recurso — e provavelmente nenhum outro novo iPhone terá no futuro. Todos os modelos lançados nesta semana utilizam o sistema de feedback tátil em conjunto com os atalhos por toque longo no iOS 13.
Mas isso também não significa que é o fim da tecnologia. O Apple Watch continua com a tela sensível à pressão do toque, já que a função “Force Touch” é essencial para a navegação em algumas partes do relógio inteligente. Nos MacBooks, o trackpad abandonou o clique mecânico e também utiliza o “Force Touch” para simular os cliques conforme a força aplicada naquela área. Apenas não deu certo no iPhone para o propósito que a Apple desejava.
É um tanto curioso, porém, ver a Apple abandonar uma tecnologia que provavelmente exigiu anos de pesquisa e investimentos. Para os aparelhos antigos com 3D Touch, a função continua disponível mesmo após a atualização do iOS 13, embora com comportamentos um pouco diferentes.
