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Análise do iPad de 2017: o melhor em custo-benefício

Este artigo foi publicado há mais de 4 anos. Algumas informações podem estar desatualizadas e sem validade para os dias atuais.

Quando Steve Jobs apresentou ao mundo o primeiro iPad, em janeiro de 2010, eu não tive dúvidas de que queria um. Eu não sabia se precisava daquilo, mas comprei assim que o produto chegou às lojas. De fato, eu não precisava, e o iPad acabou ficando na gaveta. Sete anos depois, a Apple lançou silenciosamente um “novo iPad” que me chamou a atenção: configurações recentes por um preço razoável. Eu continuava não sabendo se precisava de um, mas arrisquei a compra. E agora, meses depois, compartilho aqui minhas opiniões sobre o produto.

iPad de quinta geração, lançado em 2017.

Afinal, que iPad é esse?

Desde quando esse iPad chegou ao mercado, vejo pela internet muitas dúvidas sobre “qual é ele?”. A dúvida é compreensível, afinal, a linha de iPads sempre foi muito bagunçada. Em 2012, por exemplo, a Apple lançou “o novo iPad”, que na verdade era a terceira geração do produto. Com o lançamento do iPad 4 no mesmo ano (!!!), o “novo iPad” passou a ser chamado de “iPad 3”.

Posteriormente, a Apple mudou a estratégia: lançou o iPad mini, iPad Air e iPad Pro. Na prática, o novo iPad de 2017 seria a continuação da linha Air, mas a empresa optou por não usar mais essa nomenclatura, chamando o produto apenas de “iPad” ou “iPad de quinta geração” — ignorando os dois modelos Air. No decorrer da resenha você provavelmente vai entender o motivo.

Toda a linha de iPads disponíveis em 2017.

A principal pergunta é se o novo iPad de 2017 é melhor que o antigo iPad Air 2, e a resposta é sim e não, mais para sim do que para não. Ele tem especificações internas mais recentes e modernas, mas algumas coisas foram sacrificadas para que o produto ficasse barato.

A espessura, por exemplo, é a mesma do iPad Air 1: 7,5 milímetros contra 6,1 milímetros do iPad Air 2 ou do iPad Pro com tela de 10.5 polegadas. Mas, para ser sincero, não é nada que incomode no uso diário, especialmente se este será seu primeiro iPad ou se você possui um modelo muito antigo. Continuo impressionado com a construção e a leveza do produto.

As opções

O novo iPad de 2017 está disponível em modelos com 32GB e 128GB de armazenamento interno, tendo uma versão apenas com Wi-Fi e outra com Wi-Fi e 4G. É possível optar pelas cores prata, dourado e cinza espacial. No meu caso, escolhi o modelo mais barato (32GB e Wi-Fi apenas) na cor cinza espacial.

Traseira do iPad 5 na cor cinza espacial.

Minhas fotos e documentos ficam no iCloud e as minhas músicas na nuvem do Apple Music, então tenho conseguido sobreviver com 32GB de espaço. Além disso, estou sempre com o iPhone por perto para compartilhar internet quando preciso, então não achei necessário gastar mais em um modelo com 4G próprio.

O que tem na caixa?

O mesmo de qualquer iPad já lançado até hoje. A embalagem é bem minimalista e destaca logo de cara a lateral do produto. Dentro dela está o iPad, um envelope com informações e adesivos da Apple, cabo Lightning para USB comum e um adaptador de tomada — que pode ser de 10W ou 12W dependendo do país em que o tablet for comprado (no Brasil é 10W).

A tela

Eu já tive e ainda tenho vários iPhones com tela Retina, mas nunca cheguei a ter um iPad com a tela de alta resolução. E isso foi o que me surpreendeu assim que eu liguei o aparelho pela primeira vez. Em termos técnicos, são 2048 x 1536 pixels em 9.7 polegadas, com 264 pixels por polegada. A resolução é maior do que Full HD (1920 x 1080), o que garante uma exibição nítida de textos, imagens e vídeos.

Há um porém que deve ser mencionado sobre a tela deste iPad, e é o fato dela não ser laminada. Desde o iPad Air 2, a Apple passou a utilizar um processo na fabricação das telas que diminui o espaço vazio entre a tela, o sensor de toque e o vidro, resultando em uma superfície muito menos reflexiva e com uma sensação de que você está tocando diretamente na imagem.

Sem a tela laminada, a experiência de utilizar o iPad de quinta geração em locais com muita iluminação pode ser um pouco desconfortável. Além disso, é perceptível o espaço vazio entre o vidro e a tela — isso acabou sendo um dos motivos para eu ter escolhido o modelo cinza espacial, já que esse detalhe passa despercebido nos modelos com a frente na cor preta.

Mas, claro, não é como se meu velho iPad de primeira geração tivesse qualquer uma dessas coisas. Então, novamente, se este é o seu primeiro iPad ou a atualização de um modelo antigo, provavelmente você nem vai perceber estes detalhes. Ainda sim, a tela continua com uma qualidade incrível, tanto em resolução e exibição das cores.

Há quem se pergunte sobre o tamanho dos iPads. Afinal, a Apple hoje oferece modelos com telas de 7.9”, 9.7”, 10.5” e 12.9 polegadas. Particularmente, acho o tamanho 9.7” do iPad de quinta geração bem confortável. Não é tão grande quanto o modelo maior do iPad Pro e nem tão pequeno quanto o iPad mini. Dá para andar com ele na mão ou colocar em qualquer mochila.

No geral, tive uma ótima experiência para assistir, navegar, ler e produzir alguns conteúdos com essa tela. Ainda pretendo migrar para um iPad Pro com tela de 10.5 polegadas, já que as bordas são menores e o tamanho físico do aparelho não muda muito, mas isso é assunto para outra matéria.

Desempenho

O iPad de quinta geração é equipado com o processador A9 de dois núcleos e 1.8GHz, o mesmo utilizado no iPhone 6s e SE. Assim como estes dois iPhones, o iPad também conta com 2GB de memória RAM. Na prática, isso garante que a versão mais recente do iOS e praticamente todos os aplicativos sejam executados sem engasgos. Sim, estamos falando de um chip lançado em 2015 — o A10 e o A11 já estão no mercado com ganhos incríveis —, mas isso não faz o A9 ser ruim.

O iPad não demora para ligar, quase todos os aplicativos abrem com rapidez, os jogos apresentam gráficos incríveis e é muito raro ver algo em segundo plano ser recarregado por falta de memória. Até mesmo os aplicativos de realidade aumentada do iOS 11 funcionam normalmente neste iPad, enquanto o iPad Air 2 e o iPad mini 4 não os suportam.

Se compararmos alguns testes de benchmark feitos pelo aplicativo Geekbench, vemos que o iPad de quinta geração quase atinge a pontuação feita pelo iPad Pro com tela de 9.7 polegadas, tanto em um único núcleo como utilizando todos os núcleos.

Pontuação do iPad de quinta geração no Geekbench.

Editei várias imagens com o Affinity Photo e rodei alguns jogos mais pesados como GTA San Andreas e Real Racing 3. Nenhum apresentou lentidão, queda na atualização de quadros por segundo ou coisa do tipo. Também editei alguns vídeos usando apenas o iPad com o iMovie e LumaFusion, e os resultados surpreendem. Um vídeo de 1 minuto na resolução 4K é renderizando em um pouco menos de 1 minuto e 30 segundos.

O foco do produto certamente é o uso básico e intermediário, como a navegação na internet, consumo de conteúdos multimídia e a criação de documentos em geral — e tudo isso o iPad de quinta geração consegue fazer muito bem. A Apple possui o iPad Pro para quem precisa trabalhar com aplicativos mais pesados, mas isso não quer dizer que a versão mais barata deixa o usuário na mão quando ele precisa realizar uma tarefa mais complexa.

As câmeras

Usar um iPad como câmera no dia a dia não é algo tão agradável, porém o tablet da Apple pode te salvar em algumas ocasiões, caso você esteja sem o celular por perto. Na câmera traseira, há um sensor que captura fotos em 8 Megapixels ou vídeos em Full HD (1080p) com 30 quadros por segundo, tendo f/2.4 de abertura. Com estes números, é possível compará-la diretamente com o que há no iPhone 5, de 2012.

Na prática, isso significa que o iPad é capaz de registrar fotos em boa qualidade durante o dia, sem perder muito para alguns iPhones mais recentes — especialmente se você não se importar muito com os detalhes da imagem. O problema fica ao tentar utilizar a câmera em ambientes escuros: é horrível! Ao contrário do iPad Pro, a versão mais barata não conta com Flash LED traseiro ou estabilização óptica, então não espere muito além de fotos cheias de ruídos na falta de luz. Por conta da abertura menor, também é possível notar que os fundos não ficam tão desfocados em fotos “macro”.

Foto tirada com o iPad 5. Clique aqui para visualizar na resolução original.

Foto tirada com o iPhone 6 Plus. Clique aqui para visualizar na resolução original.

Clique aqui para visualizar o comparativo na resolução original.

Foto tirada com o iPad 5. Clique aqui para visualizar na resolução original.

Foto tirada com o iPhone 6 Plus. Clique aqui para visualizar na resolução original.

Clique aqui para visualizar o comparativo na resolução original.

Na prática, eu raramente uso a câmera traseira do iPad para algo além de escanear documentos e afins. A câmera frontal também não é das melhores, mas serve para “brincar” com alguns aplicativos e fazer videochamadas no FaceTime. Com apenas 1.2 Megapixels de resolução, gravação de vídeos em HD (720p) e abertura de f/2.2, ela é praticamente a mesma do iPhone 6. Algo interessante, porém, é que o iPad de quinta geração já conta com o Flash Retina frontal, que acende a tela num brilho intenso temporariamente para melhorar a qualidade das selfies tiradas no escuro.

As duas câmeras contam com HDR para fotos e vídeos, modo de cliques contínuos, estabilização digital, Live Photos, time-lapse e super câmera lenta em 720p com 120 quadros por segundo. Com a ajuda de alguns aplicativos, é possível gravar em resoluções maiores e com o FPS aumentado.

Bateria

Um dos destaques do iPad sempre foi a bateria, e não é diferente neste modelo. A Apple promete desde a primeira geração pelo menos 10 horas de uso, e na prática é possível conseguir até mais do que isso. Com mais de 13 horas fora da tomada e quase 9 horas de utilização, meu iPad ainda tinha metade da carga disponível para ser utilizada.

Obviamente, a duração da bateria vai depender de como você utiliza o seu iPad. No geral, costumo assistir a pelo menos 2 horas por dia de vídeos no YouTube ou Netflix, além de gastar pelo menos 1 hora com alguns jogos. No restante do tempo, utilizo aplicativos de redes sociais, navego na internet com o Safari e eventualmente edito alguns documentos no Pages ou Keynote.

Quando eu faço atividades mais intensas, como exportar vídeos no LumaFusion ou trabalhar com a edição de fotos no Affinity, a bateria acaba mais rápido. Ainda sim, consigo ficar com o iPad fora da tomada por horas, mesmo neste cenário mais extremo. Isso faz com que eu prefira sair apenas com o iPad ao invés de levar meu MacBook, dependendo da ocasião.

Touch ID e outras especificações

Além de tudo isso, o iPad de quinta geração conta com o Touch ID, leitor biométrico que foi apresentado com o iPhone 5s e “descontinuado” neste ano no iPhone X. Esta não é a nova versão do Touch ID mais rápida, presente nos iPhones e iPads mais modernos, porém funciona muito bem. É útil poder desbloquear o iPad e alguns aplicativos com apenas um toque.

Com o Touch ID, também é possível utilizar o Apple Pay neste iPad. Calma, ele não tem NFC, então não dá pra sair encostando o tablet em qualquer maquininha de cartão. Ele possui apenas o Apple Pay para compras em sites e aplicativos. De qualquer forma, o recurso ainda não está disponível no Brasil.

Ao contrário do iPad Pro, que conta com quatro alto-falantes espalhados pelo corpo de alumínio, este iPad tem apenas dois alto-falantes estéreo na parte inferior, ao lado do conector Lightning. A qualidade sonora não é ruim, pelo contrário, e o volume é razoavelmente alto. Porém, por não ser direcional, o som pode não sair com clareza dependendo da orientação.

Ele também tem dois microfones, um na parte traseira e outro na parte superior acima da câmera frontal, garantindo assim um melhor filtro de ruídos externos. Dá para usar tranquilamente em ligações, gravação de vídeos ou até mesmo para falar com a Siri. Apesar disso, em alguns testes rápidos, os microfones do iPhone 6 Plus se mostraram superiores.

O novo iPad é compatível redes Wi-Fi 802.11a/b/g/n/ac nas duas bandas (2,4 GHz e 5 GHz), com tecnologia MIMO e Bluetooth 4.2. Os modelos “celular” são compatíveis com a conexão de dados 4G LTE e contam com GPS GLONASS.

iOS 11 e aplicativos

No início da resenha, mencionei que já tive um iPad há muitos anos e acabei não usando muito. Então, o que mudou daquela época para hoje? Acredito que a resposta se resume em “iOS 11”. Enquanto a atualização no iPhone não traz tantas novidades, o sistema foi praticamente recriado para o iPad.

Assim como no Mac, e até mais intuitivo do que em um, eu agora posso gerenciar meus arquivos de vários serviços diferentes em um único lugar com o aplicativo “Arquivos” da Apple. Outro recurso que faz toda a diferença é a possibilidade de “arrastar e soltar”, ou seja, eu posso simplesmente arrastar uma imagem do Safari para qualquer outro aplicativo, sem precisar salvar nas minhas fotos primeiro para depois utilizá-la.

Além disso, ainda no iOS 9, a Apple já havia permitido que os usuários do tablet utilizassem dois aplicativos lado a lado, simultaneamente — algo que inclusive foi muito aprimorado no iOS 11. Em um determinado momento, editei um vídeo no iPad e o salvei no aplicativo Arquivos. Depois, para publicar no YouTube, eu só abri o Safari ao lado e arrastei o vídeo para a tela de envio.

E por falar em editar vídeos, o nível dos aplicativos que estão surgindo no iPad me surpreende cada vez mais. Aos poucos, a Apple tem garantido cada vez mais liberdade aos desenvolvedores, que assim podem criar ferramentas mais complexas. O LumaFusion, que também já citei aqui na matéria, é um exemplo. O aplicativo é muito melhor que o iMovie, conta com diversas transições, ajustes de áudio, filtros,  correção de cores e várias opções para exportar.

Também tenho utilizado com frequência o Affinity Photo, concorrente direto do Photoshop no Mac, que foi anunciado para iPad na WWDC 2017. Fiz questão de baixar assim que tive o iPad em mãos, e é incrível como eu pude deixar meu computador de lado varias vezes para trabalhar apenas com o Affinity. O caminho ainda é longo, mas promissor.

iPad versus Computador

Steve Jobs já dizia que o iPad veio para substituir o smartphone em algumas coisas, e o computador em outras. De fato, isso é verdade. Navegar na internet, utilizar minhas redes sociais e assistir a filmes e séries, por exemplo, é muito mais intuitivo no iPad do que no meu iPhone ou Mac. Mas se você pretende substituir completamente o seu computador por um iPad, precisa antes analisar qual é o seu uso.

No geral, quem usa o computador apenas para o básico — praticamente o que eu mencionei acima — dificilmente vai sentir falta ao migrar definitivamente para o iPad. Talvez não compense gastar com um Mac apenas para o uso diário, e a maioria dos PCs na faixa de preço deste iPad não costuma entregar uma boa experiência.

A App Store do iOS conta com inúmeros aplicativos famosos, como o Netflix, Spotify, Facebook, Twitter, Skype e até mesmo a suíte Microsoft Office, que inclui o Word, Excel e PowerPoint. Ou seja, o “pacote essencial” de um computador também está disponível no iPad. Você pode até mesmo utilizar um teclado sem fio e conectar seu iPad em um monitor para melhorar a experiência em determinadas situações.

Esta resenha e vários outros artigos do iHelp BR, inclusive, são produzidos utilizando apenas o meu iPad.

Como mencionei na matéria, até mesmo os profissionais podem aproveitar bem o tablet da Apple. Existem cada vez mais aplicativos para realizar tarefas complexas, como é o caso dos já citados LumaFusion e Affinity Photo. Neste caso, porém, o recomendado é ter um iPad Pro, que conta com opções de telas maiores e mais espaço interno, além de oferecer acessórios como a Apple Pencil e Smart Keyboard.

No meu dia a dia, tenho utilizado cada vez menos o meu Mac para atividades do cotidiano, mas ainda preciso recorrer a ele para programar no Xcode ou realizar uma edição de vídeo mais complexa com o Final Cut Pro. Portanto, novamente, pense bem em qual é o seu perfil de usuário antes de se desfazer do computador.

Considerações finais

E aí, vale a pena ter o novo iPad? Definitivamente, sim! O dispositivo tem muito a oferecer pelo seu preço, e particularmente achei ótimo a estratégia da Apple de lançar um modelo mais barato para quem quer conhecer o iPad, está vindo de um modelo antigo ou simplesmente não precisa de todas as coisas que a linha Pro disponibiliza.

As especificações não são das mais modernas, porém são mais do que satisfatórias para o uso casual e intermediário. A tela Retina é ótima, os alto-falantes são de boa qualidade — embora não sejam direcionais como no iPad Pro — e as câmeras podem ser bem aproveitadas em diversas situações. Tudo isso com bom desempenho e bateria para um dia todo fora da tomada.

Preços

Se você vai comprar no Brasil, a versão mais barata do novo iPad (32GB e apenas Wi-Fi) na loja online da Apple é vendida por R$ 2.499 em até 12 parcelas sem juros no cartão de crédito. Para quem vai comprar à vista, o valor cai para R$ 2.249,10. Porém, procurando em outras lojas é possível encontrar o mesmo modelo por um preço ainda menor.

Nos Estados Unidos, o mesmo modelo de entrada com 32GB de armazenamento interno e apenas conexão Wi-Fi custa 329 dólares — algo em torno de R$ 1.100. O valor é um pouco mais alto para as versões com conexão 4G e 128GB de armazenamento, como de costume.

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Sobre o autor

Filipe Espósito é jornalista especializado em tecnologia. Criou o iHelp BR em 2009 para compartilhar dicas sobre dispositivos Apple e hoje também utiliza o espaço para cobrir notícias de tecnologia em geral. Atualmente também é editor do site especializado 9to5Mac.