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Análise do MacBook Pro com Touch Bar

Este artigo foi publicado há mais de 4 anos. Algumas informações podem estar desatualizadas e sem validade para os dias atuais.

Antes de começar essa análise, gostaria de compartilhar um pouco sobre o que me fez finalmente trocar de MacBook e optar por um dos novos modelos com Touch Bar.

Ao contrário do celular, os computadores costumam ter vida útil consideravelmente longa. É comum manter a mesma máquina por vários anos, e esse é exatamente o meu caso. Até meados do ano passado eu ainda usava o mesmo MacBook Pro que comprei em 2012, aquele modelo clássico que continuou nas lojas por muito tempo após o lançamento dos mais recentes com tela Retina.

Por possibilitar a troca de alguns componentes internos, equipei meu notebook com SSD, mais memória RAM e troquei a bateria quando já estava ruim. Isso permitiu que ele durasse muito mais tempo do que se estivesse nas configurações originais, mas as marcas da idade são inevitáveis.

A tela com resolução menor que a do meu iPhone me incomodava ao ler e editar imagens, eu já não conseguia mais passar tanto tempo com ele fora da tomada, era difícil de levá-lo comigo para todos os lados por ser pesado — um verdadeiro “trambolhão” para os padrões atuais — e as ventoinhas gritavam por socorro ao trabalhar com programas mais pesados, sinal de que o processador já não lidava mais com as ferramentas do meu dia a dia.

Comento isso também porque acabo mencionando na análise coisas como a tela Retina, presente no MacBook Pro há muitos anos, mas que só fui ter contato real com a tecnologia ao trocar o meu notebook no ano passado.

Finalmente decidi que estava na hora de trocar o meu computador. Após analisar todas as opções que a Apple oferece atualmente, optei pelo MacBook Pro com Touch Bar e tela de 13 polegadas na cor cinza espacial. Não escolhi esse modelo por ter a tal da Touch Bar, embora estivesse muito curioso para testá-la. A questão é que os Macs com Touch Bar possuem processador mais potente, armazenamento interno maior e quatro conexões USB-C ao invés de duas.

Como o meu trabalho envolve o uso de alguns programas mais intensos como o Final Cut Pro e a suíte de aplicativos da Adobe, essa diferença pesou muito na decisão — mesmo com o fato desse Mac ter o preço maior. Além disso, vale lembrar que não é possível trocar os componentes internos dos Macs atuais. Se você pretende ficar com o computador por alguns anos, é recomendável investir em um modelo com especificações melhores.

Há também os modelos com tela de 15 polegadas que são ainda mais potentes, porém muito mais caros. Como eu sei que o processador da versão menor já consegue lidar com as ferramentas que uso no dia a dia e também tenho preferência por algo mais fácil de ser transportado, fiquei com o modelo menor.

Um detalhe importante a ser ressaltado é que a análise foi feita com um MacBook Pro de 2017, pois era o mais recente na época em que comprei. Tempos depois, em julho de 2018, a Apple lançou uma nova geração para corrigir alguns problemas que serão mencionados no decorrer da análise. Meu novo MacBook é equipado com o processador Intel Core i5 com dois núcleos de 3.1GHz, 8GB de memória RAM, 256GB de armazenamento em flash (NVMe) e chip gráfico Intel Iris Plus Graphics 650.

Após utilizar esse novo MacBook Pro por vários meses posso finalmente publicar minhas considerações.

O que tem na caixa

Sempre começo as minhas análises com algo simples, mas que desperta a curiosidade de muitas pessoas: o que tem na caixa dos novos MacBook Pro? Para ser sincero, pouquíssimas coisas. Quem já teve um Mac mais antigo provavelmente se lembra das caixas em formato de maleta com vários compartimentos no interior, além de outros itens que acompanhavam o computador como os CDs de instalação, pano de limpeza, extensão do carregador e manuais de uso extensos.

Tudo isso desapareceu. A caixa do MacBook Pro com Touch Bar segue praticamente o mesmo conceito da caixa de um iPhone ou iPad. Basta puxar a parte de cima para ver o notebook logo de cara.

Lá dentro, além do MacBook, só há um compartimento pequeno com folhetos, adesivos da Apple (infelizmente não seguem a cor do MacBook Pro como em outros modelos) e o novo carregador de tomada com cabo USB-C de 2 metros.

Primeiras impressões com o novo visual

Mesmo com todas as polêmicas em que a Apple está envolvida, ainda adoro seus computadores por conta do visual. São poucos os notebooks de marcas concorrentes que me agradam, seja pela construção com materiais mais simples ou simplesmente o alinhamento errado do trackpad abaixo do teclado.

Macs sempre foram muito elegantes e não é diferente com o novo MacBook Pro. Meu primeiro pensamento ao tirá-lo da caixa foi algo como “isso é uma obra de arte!”. O Mac é extremamente fino, mas ao mesmo aparenta ser uma máquina robusta. São menos de 1,5 centímetros de espessura em um corpo totalmente construído em alumínio.

Esse MacBook também é muito leve, pesa cerca de 1,37 quilos, o que é ótimo para quem costuma usar o notebook no colo ou transportá-lo na mochila. O conjunto é admirável ao se considerar que ali dentro há um computador com especificações razoáveis para trabalhos mais intensos como edição de vídeo e programação.

Chega a ser engraçado compará-lo com o meu outro MacBook Pro.

Além de ser mais fino e mais leve, nota-se que o novo MacBook Pro também é mais compacto. Embora a tela seja de 13 polegadas, o mesmo tamanho usado em todos os outros modelos anteriores, as bordas foram extremamente reduzidas e o corpo do notebook ficou menor.

Ao abrir a tampa, tudo é muito simétrico. O trackpad enorme até assusta no começo e comentarei mais sobre isso depois, mas é centralizado com o teclado, que fica entre dois alto-falantes nas extremidades. O computador transmite a ideia de que fizeram um ótimo aproveitamento do espaço disponível sem comprometer o design.

Aliás, é só abrir a tela e o computador liga sozinho. Não é preciso apertar qualquer botão, ele simplesmente reconhece quando o usuário levanta a tampa para iniciar o sistema.

A cor cinza espacial traz uma nova aparência ao MacBook Pro com suas nuances de tons em condições diferentes de iluminação. Tudo contribui para que ele se pareça de fato com um notebook moderno e premium, mas também potente. Devo dizer que provavelmente é o notebook mais bonito que já vi até agora.

Tela Retina no Mac

O termo “Retina” foi inventado pela Apple ainda em 2010, com o lançamento do iPhone 4, para definir telas com alta densidade de pixels por polegada, de forma que o olho humano não consiga distingui-los a uma distância de uso normal. O fato do meu iPhone e iPad terem uma tela com maior resolução que o meu computador passou a me incomodar cada vez mais.

Ao mesmo tempo, após finalmente ter um Mac com tela Retina, fui surpreendido. Justamente por já ter outros aparelhos com telas superiores não esperava que fosse notar tanto esse avanço no computador, mas de longe é o que mais faz diferença no meu dia a dia. É extremamente prazeroso usar uma tela tão boa para trabalhar e consumir conteúdos.

Os textos ficam nítidos e os pequenos detalhes em ícones e imagens são muito mais perceptíveis. Todas as pessoas que olharam para a tela do meu novo MacBook Pro comentaram sobre a qualidade dela mesmo sem entender os aspectos técnicos. É um caminho sem volta. Usar outra tela com resolução mais baixa agora fica praticamente impossível.

Em números, são 2560 x 1600 pixels de resolução — mais do que o padrão 2K. Mas não é apenas neste aspecto que essa tela se destaca. Ela é capaz de exibir ampla gama de cores no padrão DCI-P3, o que deixa fotos e vídeos com muito mais vida. Praticamente não há distorção de cores ao olhar por ângulos diferentes, o que é ótimo para quem, como eu, trabalha com edição multimídia.

O brilho da tela também surpreende com a possibilidade de ser configurado em até 500 nits. Na prática, isso significa que dá para usar o MacBook tranquilamente em qualquer ambiente, até mesmo na luz do Sol, sem perder a visibilidade do conteúdo.

Isso era algo que me incomodava muito em meu antigo notebook, já que a tela dele não tinha um brilho tão forte e, consequentemente, usá-lo em locais muito iluminados era inviável. A capacidade anti-reflexiva da tela dos novos MacBooks também é notável.

Praticamente não há como criticar a tela Retina do MacBook Pro. É excelente e há poucos concorrentes no mercado que entregam um conjunto de experiência similar. Meu único desejo para o futuro é que a Apple adote no Mac as telas ProMotion, atualmente exclusivas do iPad Pro, com o dobro da taxa de atualização dos elementos exibidos (120Hz ao invés de 60Hz).

Desempenho

Falar de desempenho pode ser muito subjetivo, já que a Apple oferece vários modelos em configurações diferentes justamente porque existem diversos perfis de usuários. Em geral, para o meu perfil, esse computador não desaponta. Como já citei anteriormente, meu trabalho envolve principalmente edição de imagens, vídeos e eventualmente programação.

Desde que estou com esse MacBook, ainda não tive problemas com engasgos ou qualquer coisa do tipo nas ferramentas do meu cotidiano. Sim, as especificações podem parecer mais fracas do que em alguns concorrentes que custam menos, mas o ponto principal de se ter um Mac é a otimização do sistema macOS e dos aplicativos disponíveis na plataforma.

Com este MacBook Pro e o editor de vídeos da Apple Final Cut Pro, eu consigo renderizar vídeos de 4 minutos em resolução Full HD (1080p) em cerca de 1 minuto e 30 segundos. Os mesmos vídeos em um computador com especificações similares e sistema Windows levam aproximadamente 3 minutos e 20 segundos para serem renderizados no programa Adobe Premiere.

Não apenas o processo de renderização é mais rápido como também é muito difícil ver sintomas de lentidão durante a edição — algo que eu já sentia muito no meu MacBook Pro antigo ao trabalhar com vídeos em 1080p. Mesmo enquanto estou com o Final Cut Pro aberto, consigo usar simultaneamente o Photoshop e navegar no Safari sem travar a máquina.

O computador só faz esforço ao trabalhar com vídeos em resolução 4K ou com grande quantidade de filtros e correções. Mesmo assim não é impossível usá-lo para isso, só vai levar mais tempo para concluir o projeto e a edição não será tão fluída. Para quem trabalha com projetos mais complexos, o ideal é ter um MacBook Pro com tela de 15 polegadas, já que estes modelos contam com processador gráfico (GPU) dedicado e são muito mais potentes.

Para as funções normais de um notebook como navegar na internet, ouvir músicas, trabalhar em documentos e assistir a filmes, é praticamente impossível encontrar um limite para esse MacBook. A velocidade do armazenamento interno atinge absurdos 1.2GB/s de escrita e 2.5GB/s de leitura. Na prática, ligar o computador, abrir um programa pesado e até mesmo copiar um filme inteiro para outra pasta leva apenas alguns segundos.

Já me perguntaram várias vezes se esse MacBook consegue rodar jogos. A verdade é que, se você procura um computador específico para jogos, dificilmente algum Mac irá atendê-lo — principalmente porque os principais títulos estão disponíveis apenas para Windows. Além disso, o sistema macOS não é otimizado para isso. Mesmo assim, se você já tem o Mac e quer apenas jogar eventualmente, é possível.

Instalei o Windows em um HD externo para rodar alguns jogos mais leves como The Sims 4 e Crash Bandicoot N. Sane Trilogy. O resultado foi bem aceitável. É claro que não dá para rodar os jogos com qualidade máxima de gráficos, mas é possível jogar com fluidez sem desativar todos os efeitos especiais. Também testei alguns jogos no próprio macOS, mas serviu apenas para confirmar o que eu disse anteriormente: jogos rodam melhor no Windows.

Um teclado problemático para o MacBook Pro

E aqui entramos em um assunto extremamente polêmico. Esse MacBook Pro utiliza o novo teclado de “mecanismo borboleta” em que as teclas são mais estáveis e maiores, porém muito mais finas e com quase nenhuma sensação de profundidade. Ou você ama esse teclado, ou você odeia. Para ser sincero, eu adoro esse teclado — ao menos quando ele funciona.

Nos primeiros momentos com esse novo MacBook Pro foi um tanto estranho digitar nele, mas me acostumei em questão de dias. Minha digitação ficou muito mais rápida por conta das teclas maiores. É muito mais difícil de errar uma tecla ou esbarrar em outra.

Além disso, o reconhecimento ficou bem mais preciso. Só de encostar no canto de uma tecla ela já é identificada. Mas isso certamente varia conforme o gosto de cada usuário.

Em contrapartida, por ter teclas super finas e pouca área para “afundar”, esse teclado é extremamente barulhento. Não adianta tentar digitar mais devagar, o barulho continuará chamativo. Se as teclas tivessem um pouco mais de profundidade a digitação certamente seria muito mais confortável. Quase não há sensação tátil ao pressioná-las.

E é justamente por esse formato do teclado que os MacBooks mais novos se envolveram em tanta polêmica. O que vou comentar a seguir já foi corrigido nos notebooks da Apple que foram lançados em 2018, mas ainda sim é um problema que assombra quem possui modelos anteriores.

Como quase não há mais espaço entre as teclas e os componentes internos, a sujeira fica acumulada ali ao ponto de travar o teclado com o tempo. E isso acontece em questão de alguns meses usando o computador, por mais que o usuário tenha o maior cuidado possível.

Já perdi a conta de quantas vezes a barra de espaço do meu MacBook simplesmente parou de funcionar ou que alguma outra tecla ficou “grudenta” e fosse repetida várias vezes sem que eu a apertasse.

No meu caso, felizmente, foi possível resolver a situação por meio das instruções da própria Apple — bizarras, por sinal. Não estranhe ao ver o dono de algum desses MacBooks virando o computador de cabeça para baixo ou coisas do tipo, provavelmente ele só quer a barra de espaço funcionando novamente.

Sim, isso está no site da Apple

Alguns usuários, porém, não conseguem arrumar o problema por conta própria. A Apple lançou no ano passado um programa de trocas (recall) para substituir gratuitamente todos os MacBooks que apresentam esse defeito causado por uma falha de engenharia. 

No MacBook Pro e MacBook Air de 2018 há uma camada de proteção entre as teclas que impede o acúmulo de sujeira e diminui o barulho ao digitar. As teclas com quase nenhuma sensação de profundidade continuam as mesmas.

Trackpad

Quem vê os novos MacBooks pela primeira vez também se surpreende com o tamanho do trackpad. Eles são enormes, maiores do que o próprio iPhone. Desde o MacBook Pro de 2009 a minha experiência com os trackpads da Apple já era das melhores. Nunca encontrei em um notebook concorrente algo que fosse minimamente comparável.

Logo quando vi esse Mac pela primeira vez me preocupei com o fato das palmas das mãos esbarrarem no touchpad, mas isso não faz diferença na prática. O sistema que reconhece toques indesejados é tão bom quanto o que há nos iPhones e iPads.

A tecnologia Force Touch também está presente no trackpad do MacBook Pro, mas não é uma novidade dessa geração. Ao contrário dos modelos mais antigos, não há mais um botão mecânico para identificar os cliques. O Mac reconhece a força do toque para reproduzir um clique simples ou até mesmo interagir com certos elementos do sistema, de forma similar ao que acontece nos iPhones com tela 3D Touch.

Ao clicar com mais força em uma palavra, por exemplo, o macOS exibe a definição do dicionário e oferece opções de busca na internet. A mesma ação em uma imagem abre a pré-visualização rápida. O mais incrível e que chega até a ser estranho é o fato do touchpad simular o clique por meio de um feedback tátil, já que não há mais uma peça mecânica.

A sensação é praticamente a mesma de usar um trackpad “de verdade”, mas isso tudo é apenas um truque feito com o mesmo motor vibratório utilizado no iPhone e no Apple Watch. Ao desligar completamente o MacBook e tentar clicar no trackpad, você percebe que há ali apenas uma enorme peça fixa de vidro.

O macOS continua sendo um sistema amplamente baseado em gestos, o que só é possível por conta dos ótimos trackpads que a Apple desenvolve. É como se o computador fosse controlado por uma tela de iPhone. O tamanho maior para executar os gestos com mais facilidade e a adição da tecnologia Force Touch melhoraram ainda mais essa experiência.

Touch Bar

Mas o que provavelmente mais atrai olhares para esse MacBook Pro é a presença de uma faixa preta acima do teclado. É o que a Apple chama de Touch Bar, criada para substituir as antigas teclas de função por atalhos dinâmicos. Em resumo, a Touch Bar é uma faixa de tela OLED que exibe controles específicos para cada aplicativo do sistema. A ideia é promissora, mas ainda não é muito bem aproveitada.

Em um teclado tradicional de Mac, a primeira fileira de teclas é dedicada aos ajustes de brilho, controles de reprodução, volume e alguns atalhos do sistema. A Touch Bar também faz tudo isso, mas de um novo jeito. Por padrão, a barra é dividida em três áreas: tecla ESC, controles do aplicativo e atalhos do sistema.

Aos usuários preocupados com o fim da tecla ESC, ela continua fixa virtualmente ali. Independente do contexto, o ESC sempre será exibido na Touch Bar. Há uma certa preocupação com o fato do posicionamento diferenciado de uma tecla ESC padrão para mantê-la alinhada com os demais elementos da telinha, mas isso não influencia muito na prática.

A área sensível ao toque vai além da tecla para que o usuário possa pressioná-la no lugar de sempre, mesmo fora da área do botão exibido.

Na outra extremidade, os atalhos do sistema também são fixos por padrão, porém personalizáveis. É possível definir até quatro atalhos que sempre vão aparecer ali. Optei pelo brilho da tela, controle de volume, mudo e bloqueio do sistema. Ao expandir a faixa de atalhos, o usuário encontra algo similar às teclas de função comuns, que também podem ser customizadas. Dá para adicionar botão do AirPlay, Não Perturbe e até mesmo Siri.

A possibilidade de tornar o teclado adaptado para seu próprio uso do dia a dia é muito interessante, já que posso tirar aqueles atalhos que eram inúteis para mim e substituí-los por outros que preciso acessar com facilidade. Só que há um lado negativo nisso tudo.

Como nem todos os controles são exibidos o tempo todo como antigamente, usar esses atalhos escondidos acaba levando mais tempo do que simplesmente pressionar uma tecla que já está fixa ali. Isso acontece muito aqui com a tecla do Mission Control. Não é algo que eu costumo usar sempre para deixá-la na exibição fixa. Mas, quando preciso, ela está escondida e eu preciso dar alguns toques até encontrá-la.

No meu caso, configurei a Touch Bar para mostrar todos os atalhos do sistema ao pressionar a tecla Fn. Mas acabo esbarrando em outra situação incômoda, que é ter que usar as duas mãos para alcançar um botão ali em cima.

O destaque da Touch Bar mesmo está no que é exibido ao centro da tela. São as funções individuais de cada aplicativo. Ao abrir o Safari, por exemplo, aparecem atalhos para abrir uma nova aba, acessar a barra de endereço e navegar entre os sites favoritos. Também é possível alternar entre as abas abertas com um simples deslizar de dedos.

No aplicativo Fotos, a Touch Bar permite navegar rapidamente por toda a biblioteca de imagens, além de oferecer opções rápidas de edição. Ao reproduzir um vídeo, os controles são exibidos ali como em um iPhone. No Pages, dá para alterar o estilo do texto, acessar opções de formatação e até alterar a cor dos elementos no próprio teclado. Além disso, a Touch Bar exibe sugestões de palavras e Emoji nos campos de texto.

Nesses casos a Touch Bar realmente agiliza algumas coisas. A adaptação demorou um pouco porque eu sempre precisava olhar para o teclado antes de tocar em qualquer coisa, mas com o tempo acabei memorizando a posição dos controles daqueles apps que utilizo no dia a dia.

A predição de palavras, especificamente, não é tão útil por não reconhecer o que é digitado em tempo real. Mas várias vezes acabei usando isso para corrigir alguma palavra errada ou acrescentar um Emoji sugerido.

Aplicativos de terceiros também podem oferecer controles específicos na Touch Bar. É o caso do Photoshop, por exemplo, que me permite alternar entre as ferramentas, selecionar cores, criar camadas, alterar a opacidade de elementos e adicionar filtros sem encostar no mouse.

A Touch Bar também se mostra bastante útil dentro do editor de vídeo Final Cut Pro, em que eu posso cortar os vídeos, alterar o volume dos clipes e até mesmo navegar pela linha de edição do projeto com apenas um toque.

Com o macOS Mojave, a Apple permitiu que os atalhos do Automator (uma espécie de Atalhos da Siri no Mac, porém mais complexos) fossem adicionados à Touch Bar. Isso faz muita diferença para o meu uso. Consigo mudar o tema do sistema, converter um documento em PDF para imagem ou reiniciar meu computador por ali. Infelizmente, todos esses casos que mencionei acima são exceções.

Dois anos depois do primeiro MacBook Pro com Touch Bar, a maioria dos aplicativos ainda não são compatíveis com a tecnologia ou oferecem atalhos que não servem pra muita coisa apenas para não deixarem um espaço vazio ali — e isso inclui os próprios apps da Apple.

No Calendário, por exemplo, só é possível navegar entre os dias e meses. Não há sequer um botão para criar um novo evento. No app Mapas o único atalho disponível é para exibir a localização atual. Para o iMessage, a única opção serve para criar uma nova conversa. Aplicativos como Bolsa e Gravador sequer possuem interação com a Touch Bar.

A Touch Bar tem muito potencial para de fato mudar a forma de se utilizar o computador, mas isso ainda não acontece hoje. O próprio futuro do recurso é incerto já que, três anos depois, nenhum outro Mac além do MacBook Pro possui a faixa de tela OLED no teclado.

Ao menos não dá para reclamar muito da qualidade do componente. Ao contrário da tela de um celular, o vidro utilizado na Touch Bar é fosco e escorregadio. Os dedos deslizam com muita facilidade e a sensação é de tocar em algo suave. Além disso, a Apple fez um ótimo trabalho em protegê-la contra manchas de dedos e reflexos externos. Só o que me incomoda eventualmente é que o brilho da Touch Bar não é tão forte. Fica difícil de enxergar os botões em ambientes com muita luz.

Sempre que eu volto para um Mac com teclas de funções sinto falta da Touch Bar. Me vejo tentando arrastar o dedo no teclado para alterar o volume e usar alguns atalhos, mas não dá para dizer neste momento que a Touch Bar é uma função essencial. É legal e me acostumei a usá-la, porém não vejo isso como fator decisivo para pagar mais caro em um MacBook.

Touch ID

Junto com a Touch Bar, esse MacBook Pro oferece o Touch ID — leitor biométrico que era utilizado nos iPhones até a chegada do iPhone X. Basta encostar o dedo no botão para desbloquear o computador e autorizar compras na App Store, iTunes ou em sites com Apple Pay. Exatamente como no iOS.

Com base na minha experiência com o Touch ID em alguns iPhones e iPads, devo dizer que o reconhecimento ficou muito mais rápido e preciso no MacBook. Basta um toque rápido para o computador identificar a minha impressão digital. Não é preciso nem manter o dedo encostado por muito tempo. As falhas também acontecem com menos frequência do que em outros dispositivos com biometria que já tive.

Particularmente, sinto que o Touch ID foi posicionado em um local estratégico. Naturalmente eu já usava o botão liga/desliga do Mac no dia a dia para acender a tela e só então digitava a minha senha para desbloqueá-lo. Agora, a mesma ação já destrava o computador. É fácil e rápido de alcançar o leitor com os dedos da mão direita, já que a mão costuma ficar posicionada abaixo do teclado.

Eu me perguntava se realmente ter Touch ID no Mac mudaria alguma coisa. Devo dizer que é incrível acessar meu notebook em instantes ao invés de digitar minha senha enorme, errá-la às vezes e ter que digitar tudo novamente. Só que o macOS em geral não faz muito proveito da biometria, chega a ser um tanto inconsistente.

No Safari é possível usar o Touch ID do Mac para gerenciar senhas salvas

Alguns aplicativos como o 1Password até funcionam com o Touch ID do MacBook, mas não é o caso da maioria. O app Notas da Apple permite o uso assim como no iOS e só. Para se ter uma ideia, o Safari só ganhou autenticação via Touch ID no Mac no mês em fevereiro de 2019 com uma versão do macOS Mojave que ainda estava em fase de testes enquanto essa resenha foi escrita.

Há vários casos em que o sistema pede a senha convencional ao invés da biometria, como ao alterar algumas configurações ou executar comandos no Terminal. Isso simplesmente não faz sentido, já que no iOS praticamente tudo pode ser controlado com o Touch ID ou Face ID.

Já nas Preferências do Sistema ainda é preciso digitar a senha alfanumérica

No fim das contas, esse é outro recurso muito bom que simplesmente é mal aproveitado pela própria empresa que o desenvolveu.

Conexão USB-C

Outro ponto controverso desse Mac é o fato de só existirem conectores USB-C. Não há USB tradicional, HDMI ou entrada para cartão de memória. Ao todo são quatro portas USB-C, sendo duas de cada lado do computador. Todas elas contam com a tecnologia Thunderbolt 3 que possibilita a transmissão de dados em altíssima velocidade.

Em tese, a velocidade de transferência pode chegar até 40 Gbps com as novas conexões, desde que sejam utilizados acessórios compatíveis. O número é muito maior que os 5 Gbps do padrão USB 3.0 comum. Isso permite que o usuário conecte um monitor de resolução 5K com taxa de atualização em 60Hz ou até mesmo uma placa de vídeo externa para melhorar o desempenho do notebook.

Com números que surpreendem, o conector USB-C com Thunderbolt 3 promete substituir todos os outros que você provavelmente utiliza hoje. O carregador do Mac, por exemplo, pode ser ligado em qualquer uma das entradas do computador — o antigo conector magnético MagSafe se foi, infelizmente.

Unidades externas de armazenamento, televisores, câmeras, microfones… tudo isso pode ser ligado ao Mac por meio dessa nova conexão. Mas há um porém. A Apple diz que “o padrão USB-C é o futuro” e eu realmente acredito. Porém ainda não estamos nesse futuro.

Quase todos os periféricos disponíveis no mercado atualmente ainda utilizam a antiga conexão USB-A. Quer usar um HD externo ou ligar aquele mouse antigo no seu novo MacBook? Precisará antes comprar adaptadores para isso. Nem mesmo o iPhone que é da Apple oferece um cabo USB-C por padrão, o que é totalmente compreensível por um lado já que são pouquíssimos computadores que utilizam esse conector atualmente.

A ironia é que o celular da mesma empresa que criou o seu computador não pode ser recarregado nele sem um adaptador. Ao menos, por ser um padrão aberto, qualquer acessório USB-C irá funcionar no Mac, não apenas aqueles que são vendidos pela Apple.

A propósito, recomendo muito que qualquer dono de Mac com USB-C compre o cabo Lightning próprio para esse conector. Além de ser mais conveniente e dispensar o uso de mais um adaptador, o dispositivo será recarregado em muito menos tempo — já que o Thunderbolt 3 é capaz de transmitir até 15W para iPhones e iPads.

Para um usuário comum a mudança é até aceitável. Afinal, mouses e teclados sem fio podem ser facilmente encontrados nas lojas por preços razoáveis e dificilmente alguém que faça uso doméstico do computador irá conectar algo além de um pendrive nele. Nesses casos, o uso do adaptador pode até ser chato, mas não prejudica a experiência.

A situação muda quando se fala de usuários profissionais, que são o público-alvo da máquina. Câmeras com conexão sem fio não são tão populares ainda, muito menos com conexão USB-C. Precisa salvar fotos e vídeos do trabalho no Mac mas esqueceu o adaptador em casa? Sem chances. A conexão Wi-Fi está instável? Não há entrada para o tradicional cabo de rede.

Ao invés de mergulhar no mundo dos adaptadores, tentei justamente me adaptar para o futuro que a Apple tanto fala. Investi em acessórios sem fio, internet de alta velocidade e periféricos com a nova conexão. Mantenho em casa um adaptador USB-C para a entrada convencional e outro similar na mochila para eventuais emergências.

Tenho também um adaptador Thunderbolt 3 com as conexões HDMI e VGA — isso não mudou muito em comparação com meu uso anterior já que meu Mac antigo também precisava de um adaptador MiniDisplay Port para funcionar com monitores externos.

Se você tem condições de bancar isso, certamente a dor de cabeça diminuirá e sua experiência com o MacBook Pro será muito melhor. A questão é que trocar todos os acessórios custa caro — e gastar ainda mais depois de investir muito dinheiro no computador pode ser complicado. E mesmo com tudo isso, eventualmente ainda me deparo com situações em que não consigo executar certas tarefas por essa incompatibilidade.

Como eu disse anteriormente, realmente acredito que o USB-C é o futuro. A ideia de todo e qualquer dispositivo utilizar um único conector é realmente promissor e benéfico ao longo prazo. Só que, neste momento, a Apple deu mais uma dor de cabeça para alguns usuários ao forçar a conexão nos novos Macs. Ao menos tenho visto cada vez mais acessórios com USB-C nos últimos anos e espero que a mudança seja rápida.

Ah, vale lembrar que o conector para fones de ouvido continua presente nos MacBooks atuais.

Bateria

A bateria do MacBook Pro é satisfatória, porém não chega a ser surpreendente e fica abaixo do que é prometido pela Apple. De acordo com a empresa, esse notebook deveria aguentar até 10 horas de uso fora da tomada, mas na prática não é bem isso que acontece.

Com base na minha experiência, a bateria tem durado cerca de 7 horas com uso variado de navegação na internet em geral, produção de documentos, reprodução de algumas músicas e vídeos no decorrer do dia e eventuais edições de imagens no Photoshop. Tudo isso com brilho da tela acima de 50%.

Ao desativar o Wi-Fi, reduzir o brilho da tela e executar apenas tarefas mais simples até dá para chegar nas 10 horas prometidas, mas raramente acontece em um uso normal. A carga é consumida rapidamente ao trabalhar com programas mais pesados e abrir vários apps simultaneamente. Tudo depende do perfil de cada usuário.

Em geral, esse aspecto nunca me incomodou muito. Passo a maior parte do tempo com o MacBook ligado na tomada e a bateria foi suficiente para aguentar algumas horas de aula na faculdade. 7 horas de bateria para um notebook está longe de ser ruim, há concorrentes no mercado que entregam resultados muito inferiores. Só não espere bateria para o dia todo.

Câmera

Todos os Macs (com exceção do Mac mini por motivos óbvios) oferecem câmera frontal embutida na tela. No caso do MacBook Pro, a Apple utiliza a “FaceTime HD” que captura imagens em vídeos em resolução 720p. Embora esse seja um recurso que eu quase nunca uso, a qualidade é um tanto decepcionante.

Sim, estamos falando de um computador, um dispositivo que não foi pensado para registrar selfies bonitas no dia a dia. Ainda sim, uma câmera boa certamente poderia aprimorar a experiência ao usar apps como o FaceTime ou Skype. A câmera desse notebook parece ser pior que a do meu iPhone 5, de 2012.

Não há muito o que dizer, as imagens falam por si só. Novamente, posso contar quantas vezes abri a câmera no Mac, mas pelo preço dele naturalmente é de se esperar algo melhor. Ao menos não é um sensor VGA de resolução 480p como no MacBook com tela de 12 polegadas.

Alto-falantes

Se a câmera do MacBook Pro é ruim, o sistema de som do computador é justamente o contrário. Infelizmente a qualidade de som é algo que não dá para transmitirmos por meio de um texto ou vídeo. É preciso ouvir pessoalmente para tirar conclusões próprias, mas posso garantir que os alto-falantes são um dos melhores que já testei até hoje.

Não sou audiófilo ou especialista na área, porém ainda me surpreendo ao assistir vídeos e ouvir músicas nesse MacBook. O volume máximo é bem alto e ao mesmo tempo não distorce o áudio reproduzido. O som é limpo, a equalização é equilibrada e a separação dos canais é nítida.

Há um alto-falante com subwoofer em cada lado do MacBook Pro. Em alguns filmes e séries é possível sentir profundidade e direcionamento no som. A impressão é de que algumas coisas “caminham” pelo teclado de um lado para o outro.

Não dá para comparar com a qualidade sonora de uma caixa de som dedicada, é claro, mas os alto-falantes do MacBook Pro são mais do que satisfatórios em várias situações.

Considerações finais

O MacBook Pro continua sendo, para mim, um dos melhores notebooks da atualidade. O visual é moderno, bonito e ao mesmo tempo super compacto, tudo isso sem abandonar o desempenho. A tela é incrível, o trackpad com Force Touch continua muito à frente da concorrência e a experiência sonora não deixa nada a desejar.

Há alguns aspectos que podem melhorar, como é o caso da bateria e câmera embutida — embora isso dificilmente seja um fator decisivo de compra para a maioria dos usuários. O teclado “borboleta”, apesar de me agradar, ainda é incômodo para várias pessoas. O Touch ID e a Touch Bar são ótimos recursos, mas precisam ser melhor aproveitados no sistema para se tornarem realmente úteis no dia a dia.

Já a conexão USB-C com Thunderbolt 3 abre novas possibilidades para o uso do notebook, mas ao mesmo tempo dificulta certos procedimentos que antes eram mais simples. É importante lembrar também que não é possível fazer reparos por conta própria nos MacBooks mais recentes.

A Apple parece ter se descuidado do Mac nos últimos anos e a distância entre seus computadores e os concorrentes já não é mais tão grande. Mesmo assim, o conjunto oferecido pelo MacBook Pro entrega uma boa experiência.

Vale a pena?

É muito difícil recomendar um computador tão caro quanto esse. Se você é um usuário comum já adianto que não. O modelo mais barato do MacBook Pro com Touch Bar é vendido atualmente por R$16.199 no Brasil. Mesmo lá fora o notebook não sai por menos de 7 mil reais.

Há opções mais baratas para quem pretende apenas navegar na internet, trabalhar com textos, planilhas, assistir e ouvir músicas. O próprio MacBook Air de 2018 oferece quase todos os recursos do MacBook Pro e até mesmo o iPad pode substituir o computador para algumas pessoas, ambos com valores muito menores.

O MacBook Pro é para quem realmente precisa trabalhar com o sistema operacional da Apple, depende de programas exclusivos da plataforma e precisa do melhor notebook possível para rodá-los. Se esse é o seu caso, vá em frente. Macs, inclusive, costumam ser extremamente duráveis em comparação com outros computadores. Caso contrário, não vale a pena pagar mais caro apenas para ter recursos como a Touch Bar e o Touch ID.

Sobre o autor

Filipe Espósito é jornalista especializado em tecnologia. Criou o iHelp BR em 2009 para compartilhar dicas sobre dispositivos Apple e hoje também utiliza o espaço para cobrir notícias de tecnologia em geral. Atualmente também é editor do site especializado 9to5Mac.