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Análise do iPhone 12 Pro Max: melhor em quase tudo

Desde que o iPhone 12 foi anunciado em outubro deste ano eu já quis ver de perto a nova geração do smartphone da Apple. A ideia de um iPhone moderno com visual retrô que lembra alguns modelos mais antigos do telefone da empresa me pareceu instigante.

O iPhone 12 chegou ao mercado em quatro versões diferentes. No meu caso, optei pelo iPhone 12 Pro Max — o modelo topo-de-linha que traz a maior tela e as especificações mais avançadas entre os iPhones lançados em 2020.

Com preços que chegam até R$14 mil no Brasil, será que vale a pena pagar tão caro em um celular? Depois de um mês testando o iPhone 12 Pro Max no dia a dia, venho aqui compartilhar minhas opiniões sobre o aparelho.

Mais opções para o consumidor

A linha de iPhone evoluiu e cresceu consideravelmente nos últimos anos. Enquanto antigamente a Apple oferecia apenas um novo iPhone a cada ano, a empresa passou a diversificar seu catálogo com mais modelos do smartphone para atender públicos diferentes.

Tanto em 2018 e em 2019, a Apple lançou três modelos de iPhone: um deles sendo a versão intermediária sem alguns recursos como tela OLED e os outros dois posicionados como modelos premium para quem está disposto a pagar pelo que há de melhor no mercado.

Neste ano, a linha do iPhone 12 chegou um pouco diferente do que já estávamos acostumados. A versão normal do iPhone 12 ficou ainda mais completa e ganhou um irmão menor, enquanto os modelos 12 Pro e 12 Pro Max ficaram maiores e ganharam recursos que realmente devem ser melhor aproveitados por usuários avançados.

Imagem: Reprodução (Apple)

No meu caso, como eu uso o iPhone para trabalho e também para fazer várias fotos, considerei os modelos da linha iPhone 12 Pro logo de cara. Já que meu iPhone anterior era um 11 Pro Max, o iPhone 12 Pro Max me pareceu ser a escolha natural a ser feita neste ano por conta do tamanho da tela e também das novidades na câmera.

No caso do iPhone 12 Pro e iPhone 12 Pro Max, a Apple também aumentou o armazenamento interno — que agora começa em 128GB ao invés de 64GB. A novidade certamente vai agradar muita gente, porém preferi o modelo com 256GB para garantir que teria espaço suficiente para todas as minhas fotos e vídeos.

Há ainda um modelo com 512GB para quem precisa guardar de tudo no celular. Já no iPhone 12 e iPhone 12 mini, as opções continuam sendo de 64GB, 128GB e 256GB.

Mais aparelho, menos caixa

Enquanto o iPhone 12 Pro Max traz várias novidades em seu interior, a caixa do aparelho ficou bem mais enxuta. Para quem já teve outro iPhone, é impossível não notar que a caixa dos novos iPhones está muito mais compacta — com praticamente metade da espessura da caixa do iPhone 11 Pro Max.

O motivo por trás de tal redução é a remoção do adaptador de tomada, que já havia sido retirado da caixa do Apple Watch Series 6 antes mesmo do iPhone 12 ser anunciado. Ao comprar um dos novos iPhones, o consumidor recebe apenas o aparelho, cabo Lightning, a chave para ejetar a gaveta do chip, um único adesivo da Apple e a documentação da garantia.

Neste ano, o adaptador de tomada para carregar o iPhone e também os fones de ouvido EarPods ficaram de fora da caixa. A Apple afirma que os acessórios foram removidos porque muitos usuários já possuem seus próprios carregadores e fones em casa. Dessa forma, a empresa visa diminuir a quantidade de lixo eletrônico e também reduzir a emissão de carbono.

Como eu já comentei na minha análise do Apple Watch Series 6, a explicação da empresa até faria sentido se eles não tivessem trocado também o cabo que acompanha o iPhone. Ao invés de um cabo Lightning com conector USB padrão, o cabo deste ano é USB-C. Isso significa que você provavelmente não vai conseguir usar o cabo do novo iPhone com os adaptadores de tomada que você já tem em casa.

Para quem já é dono de iPhone, ainda é possível usar o cabo e carregador antigo nos aparelhos desse ano. Porém, se este é o seu primeiro iPhone, você será obrigado a comprar um adaptador de tomada USB-C a menos que seu telefone atual já tenha um carregador desse tipo. O acessório custa R$199 na loja online da Apple.

Para um aparelho que custa tão caro, principalmente no Brasil, chega a ser um pouco decepcionante não receber sequer um adaptador de tomada incluso na caixa — mas esse parece ser um caminho sem volta. Como alternativa, os usuários também podem utilizar o iPhone com qualquer carregador por indução de padrão Qi.

Design e primeiras impressões

Fazia bastante tempo que eu não ficava tão encantado com um iPhone logo ao tirá-lo da caixa como aconteceu com o iPhone 12 Pro Max. Embora o iPhone 11 Pro Max tivesse suas diferenças, a estrutura do aparelho era parecida com a do iPhone X e até mesmo com a do iPhone 7. Já o iPhone 12 ficou bem diferente do que a Apple apresentou nos últimos seis anos.

A construção do aparelho continua a mesma de antes com a parte traseira feita em vidro fosco e a estrutura lateral em aço inoxidável. A diferença é que, neste ano, todos os novos iPhones contam com laterais retas ao invés de curvadas. É impossível não assimilar o iPhone 12 com o iPhone 4 e principalmente com o iPhone 5.

A Apple combinou o que havia de melhor em seus aparelhos mais antigos e também nas últimas gerações do iPhone para lançar os modelos desse ano. Para deixar o design ainda mais refinado, o iPhone 12 Pro ganhou novas cores: o cinza espacial agora é grafite, o modelo dourado tem laterais super brilhantes que lembram ouro 18 quilates, a versão prata ficou um pouco mais clara e há também o novo azul-pacífico.

A minha escolha foi o azul-pacífico e, definitivamente, muito bem acertada. A cor é bem mais elegante que o verde meia-noite do iPhone 11 Pro. O azul em questão não chega a ser um tom gritante, mas você consegue ver de longe que o iPhone é azul — enquanto o verde meia-noite do ano passado até parecia cinza dependendo da iluminação do ambiente.

As laterais em aço inoxidável são muito brilhantes e, sem exageros, se assemelham bastante ao que a Apple mostra nas imagens promocionais do produto. O único problema é que o aço inoxidável brilhante atrai muitas marcas de dedo e o iPhone fica com aquele aspecto sujo após usá-lo por algum tempo sem capa.

Por outro lado, o vidro fosco da parte traseira esconde quase que totalmente as marcas de dedo, além de ter um aspecto muito mais sofisticado do que o vidro brilhante dos modelos mais baratos. Os botões físicos estão no lugar de sempre e o módulo da câmera traseira continua saltado e com três lentes separadas.

Como o iPhone 12 Pro Max conta com sensores maiores de câmera, o módulo da câmera traseira cresceu bastante se comparado ao do iPhone 11 Pro Max — e isso deve incomodar quem não gosta da protuberância na parte traseira do telefone. As câmeras saltadas não me atrapalham, porém elas chegam até a ficar marcadas no bolso da calça.

Na minha análise do ano passado, eu reclamei sobre o peso do iPhone 11 Pro Max. Neste ano, mesmo estando maior, o peso continuou em 226 gramas — talvez porque a Apple reduziu a espessura do aparelho de 8,1 milímetros para 7,4 milímetros. Ainda acho que o peso ainda está acima da média se comparado aos concorrentes de tamanho similar.

As laterais retas, embora sejam muito bonitas, não oferecem uma pegada confortável. Somando isso com o peso do aparelho, segurar esse iPhone por muito tempo acabou incomodando minhas mãos. É o preço a se pagar ao optar por um celular tão grande.

Tela maior e mais resistente

E por falar em tela, o painel do iPhone 12 Pro Max cresceu em relação ao do 11 Pro Max. A tela OLED do aparelho passou de 6.5 polegadas para 6.7 polegadas na versão Max de 2020. Pode parecer pouco, mas é um aumento bem significativo. Na prática, o iPhone 12 Pro Max consegue exibir mais elementos na tela. Ver fotos ou vídeos no aparelho é ainda mais prazeroso.

Para quem gosta de telas grandes, o painel OLED do iPhone 12 Pro Max tem resolução de 2778 x 1284 pixels, sendo 458 pixels por polegada. No demais, os aspectos continuam os mesmos da tela do iPhone 11 Pro e Pro Max, incluindo o alto contraste de 2.000.000:1, até 1.200 nits de intensidade de brilho em conteúdos HDR, ampla gama de cores com DCI-P3 e True Tone para adaptar a temperatura das cores ao ambiente.

Em outras palavras, a tela do iPhone 12 Pro e Pro Max continua sendo uma das melhores do mercado atualmente. As cores são brilhantes, vivas e precisas, enquanto o conteúdo é exibido com muita nitidez. Graças ao OLED, os tons de preto nas imagens são bem mais profundos. Ver vídeos em HDR na tela do iPhone 12 Pro Max é simplesmente incrível.

A tela maior, porém, tem seus contras. Ao mesmo tempo em que é ótimo usar um celular grande para consumir conteúdos multimídia ou jogar, fica mais difícil manusear o telefone — principalmente com uma mão só, o que agora é quase uma missão impossível.

O iPhone 12 Pro Max foi feito para ser usado com duas mãos o tempo todo. Usá-lo com apenas uma mão requer muito malabarismo e mesmo assim é difícil alcançar todos os cantos da tela com o polegar. Eu não consigo nem mesmo digitar uma mensagem de texto no iPhone 12 Pro Max usando uma mão só.

Porém a tela grande acaba aumentando a minha produtividade no dia a dia por facilitar a leitura de textos, emails e até mesmo o uso do teclado virtual com teclas mais espaçadas. É preciso colocar na balança para decidir se você precisa de mais portabilidade ou de uma tela maior.

No topo da tela de todos os modelos do iPhone 12 ainda há o tal “notch”, aquele recorte na tela que abriga a câmera frontal, alto-falante, microfone e os sensores do Face ID. Como ainda não existe uma tecnologia para colocar todos esses sensores por baixo da tela, a Apple manteve o recorte ali por mais uma geração. Há quem se incomode, mas eu mesmo já estou bem acostumado e nem percebo mais o notch no dia a dia.

O que muda é o material utilizado nas telas de todos os modelos do iPhone 12. A Apple chama o novo vidro de “Ceramic Shield” pois ele conta com cristais de nanocerâmica que, segundo a empresa, deixam o aparelho até quatro vezes mais resistentes aos impactos acidentais. Eu não derrubei meu iPhone para saber se isso é verdade ou não, mas a tela do iPhone 11 já era bem resistente e você também pode encontrar alguns testes mais ousados na internet.

A Apple diz que adotou um novo processo de troca iônica dupla no vidro frontal do iPhone 12 que já era utilizado no vidro traseiro do aparelho em outras gerações para evitar que a tela risque com facilidade. A tela do meu iPhone 11 Pro Max ficou bastante riscada após um ano de uso sem película de proteção.

Embora ainda não tenha nenhum arranhão grotesco, a tela do meu iPhone 12 Pro Max ganhou um pequeno risco na parte superior logo nos primeiros dias usando o aparelho sem qualquer proteção. Mais uma vez, apesar de estar mais resistente, quem não aguenta ver riscos na tela do aparelho ainda deve optar por uma película de proteção.

Desempenho de sobra

O iPhone 11 já era considerado o celular mais potente do mercado por conta do chip A13 e o iPhone 12 foi além com o novo chip A14 Bionic — que é o primeiro a ser produzido em processo de 5 nanômetros. O A14 conta com processador de seis núcleos, sendo dois núcleos voltados para alta performance e quatro núcleos para tarefas mais leves.

O processador gráfico de quatro núcleos também foi aprimorado e garante desempenho até 50% mais rápido em comparação com os iPhones do ano passado, segundo a Apple. O chip A14 Bionic possui 11.8 bilhões de transistores, enquanto o A13 tem 8.5 bilhões. Quanto mais transistores, mais potência o chip tende a oferecer.

Todos os modelos de iPhone 12 contam com o mesmo chip A14 Bionic e se diferenciam apenas pela memória RAM. Enquanto o iPhone 12 mini e iPhone 12 possuem 4GB de RAM, o iPhone 12 Pro e o iPhone 12 Pro Max contam com 6GB. Ter mais memória RAM permite que o sistema execute mais tarefas ao mesmo tempo sem precisar fechar outros apps em segundo plano.

Na prática, tudo o que você precisa saber é que o iPhone 12 é muito rápido. Se eu já não tinha qualquer problema com travamentos no iPhone 11, não seria diferente com a geração desse ano. Os aplicativos abrem quase que instantaneamente, o celular não apresenta lentidão em momento algum e os jogos em 3D são executados com gráficos na configuração máxima sem qualquer dificuldade.

Para ser sincero, é até difícil notar alguma diferença entre o desempenho do chip A13 para o A14 no dia a dia. Ao usar apps mais simples como Twitter, Instagram e YouTube, o máximo que dá para perceber é que o carregamento dos conteúdos ficou alguns milésimos de segundo mais rápido.

As melhorias do A14 são mais notáveis em jogos pesados e aplicativos que exigem mais do processador, como por exemplo o LumaFusion — editor de vídeos disponível na App Store. Ao renderizar um vídeo de 1 minuto em resolução 4K com filtros de cores aplicados e fazer a conversão do codec H.264 para HEVC, o iPhone 12 Pro Max levou exatos 40 segundos para fazer o trabalho, enquanto o iPhone 11 Pro Max precisou de 45 segundos para concluir a mesma tarefa.

As diferenças são maiores ao comparar o chip A14 Bionic com o chip A12 do iPhone XS ou até mesmo com o A11 do iPhone X, mas mesmo assim os modelos antigos do iPhone ainda se saem muito bem nesse quesito. Então sim, o iPhone 12 ficou mais rápido, porém dificilmente você irá perceber a diferença se estiver vindo de outro modelo recente do iPhone.

Para quem gosta de usar o celular para jogar ou editar vídeos, o iPhone 12 não deve desapontar. E claro, ter um chip mais potente equipando o celular também vai garantir que o aparelho suporte atualizações do sistema e novos aplicativos por mais tempo.

Um salto em câmeras

O iPhone 11 Pro Max me conquistou com todos os avanços nas câmeras, como por exemplo o Modo Noite, Smart HDR aprimorado e zoom óptico de melhor qualidade, além da adição da lente ultra-angular. Neste ano, com o iPhone 12, a Apple anunciou ainda mais novidades para quem adora usar as câmeras do celular.

Em todos os modelos do iPhone 12, a lente grande-angular — a principal do celular — passou a ter abertura maior de f/1.6 ao invés de f/1.8. Na prática, isso significa que a câmera consegue capturar mais luz, o que melhora as fotos em locais escuros e também diminui os ruídos nas imagens.

Toda a linha de iPhone 12 também conta com a lente ultra-angular para registrar fotos e vídeos com maior ângulo de visão. E assim como no ano passado, a lente teleobjetiva para zoom óptico ficou restrita aos modelos Pro. Só que, dessa vez, há diferenças entre as câmeras do iPhone 12 Pro e iPhone 12 Pro Max.

O sensor da lente grande-angular do iPhone 12 Pro conta com pixels de 1,4 µm (micrômetros), enquanto a mesma lente no iPhone 12 Pro Max tem sensor com pixels de 1,7 µm.

Sensores com pixels maiores são capazes de capturar imagens com mais luz e menos ruídos, o que melhora a qualidade das fotos e vídeos — principalmente em ambientes escuros. Além disso, pela primeira vez, a lente grande-angular do iPhone 12 Pro Max conta com estabilização óptica por deslocamento de sensor.

Na estabilização óptica que existe em outros iPhones, a própria lente se desloca para tentar anular o movimento das mãos. Embora funcione relativamente bem, mover toda a parte da lente para estabilizar a imagem não é algo que acontece instantaneamente e, por isso, as imagens ainda podem sair tremidas em algumas ocasiões.

Já o sistema de estabilização óptica por deslocamento de sensor move apenas o sensor da lente ao invés do conjunto completo para compensar o movimento das mãos. Como apenas o sensor está se deslocando, o movimento é bem mais rápido e a estabilização da imagem acontece de modo muito mais eficiente.

Esse é um processo que normalmente só é encontrado em câmeras DSLR e, até então, não existia outro celular com esse tipo de estabilização na câmera.

Embora as lentes continuem com resolução de 12 megapixels, a Apple segue apostando forte no que chama de “fotografia computacional”. O iOS utiliza o chip A14 Bionic para processar as imagens em tempo real com inúmeras correções que tendem a deixar o resultado final com melhor qualidade.

Um desses processos é o Smart HDR 3, que ajusta a iluminação, sombras e contornos da imagem para que todos os elementos do cenário apareçam na foto. Comparado com o Smart HDR do iPhone 11, as melhorias feitas na câmera do iPhone 12 nesse quesito são sutis, porém perceptíveis em alguns cenários com alto contraste de luzes.

No exemplo abaixo, com a luz do sol refletida no prédio, a pintura branca ficou levemente estourada e até mesmo o céu está mais esbranquiçado na foto do iPhone 11 Pro Max. Já a foto feita com o iPhone 12 Pro Max saiu com cores mais equilibradas e naturais, embora a diferença não seja nada gritante.

A verdade é que a câmera do iPhone 11 já registrava ótimas fotos em locais bem iluminados e a câmera do iPhone 12 acaba trazendo algumas melhorias aqui e ali, porém não é nada que mude drasticamente o resultado das imagens entre os dois aparelhos.

É quase impossível tirar uma foto ruim com o iPhone 12 em plena luz do dia. As luzes sempre ficam bem equilibradas e as cores agradam bastante, sem ficarem lavadas ou muito saturadas. Mesmo apontando a câmera diretamente para a luz do sol, o iPhone ainda consegue mostrar o cenário ao redor com clareza.

Como a própria Apple reforçou que as melhorias na câmera do iPhone 12 (e principalmente do iPhone 12 Pro Max) se sobressaem em ambientes escuros, decidi focar mais justamente em fotos registradas durante a noite. Neste caso, há duas funções de pós-processamento que ajudam bastante: o Deep Fusion e o Modo Noite.

Como já abordei na análise do iPhone 11 Pro Max, o Deep Fusion entra em ação em cenários sem iluminação forte, mas que não chegam a ser escuros — como por exemplo uma foto tirada dentro de casa. O iPhone combina várias fotos em uma única imagem para mostrar mais detalhes.

Já o Modo Noite é ativado sempre quando o ambiente está escuro. Com isso, o iPhone aumenta o tempo de exposição à luz e também captura várias imagens para mesclá-las em uma foto com mais claridade. Na geração anterior, esses recursos só estavam disponíveis na lente principal, a grande-angular. Agora, tanto o Deep Fusion quanto o Modo Noite são ativados também nas outras lentes.

O Deep Fusion e o Modo Noite deram vida nova para a lente ultra-angular nos modelos desse ano. As fotos registradas com a câmera ultra-angular do iPhone 11 eram bem ruins, cheias de ruídos e com baixíssima nitidez. Embora ainda não seja tão boa quanto as demais lentes, a nova lente ultra-angular consegue produzir fotos satisfatórias mesmo no escuro.

É notável a diferença na qualidade das imagens feitas com a câmera ultra-angular do iPhone 12. No iPhone 11, as fotos registradas com essa lente praticamente pareciam uma pintura aquarela — sem nenhum detalhe de texturas. Agora, até mesmo as distorções nos cantos das imagens são corrigidas pelo processador. Repare nos detalhes do chão, prédios e até mesmo do céu nas fotos a seguir.

Já na lente grande-angular, a abertura maior e a estabilização aprimorada permitem que as fotos em locais menos iluminados sejam capturadas com melhor nível de iluminação e detalhes — e isso sem o Modo Noite ativado. Naturalmente, a abertura maior da lente também resulta em maior desfoque no fundo ao aproximar a câmera dos objetos.

Nas imagens abaixo, feitas com o Modo Noite desativado e usando apenas o Deep Fusion, nota-se que os detalhes brilhantes e as marcas no corpo do boneco estão bem mais nítidos na foto tirada com o iPhone 12 Pro Max.

Quando o Modo Noite entra em ação, o resultado final das fotos fica até bem parecido quando se trata da lente grande-angular. A diferença é que o iPhone 12 dificilmente precisa de mais de 1 segundo de exposição para capturar a imagem no escuro, enquanto o iPhone 11 geralmente leva de 2 a 3 segundos para registrar uma foto similar.

Também é possível notar que as fotos feitas com Modo Noite no iPhone 12 têm menos ruídos, além das texturas se destacarem melhor.

Apesar de tudo, o que mais me intrigou no conjunto de câmeras do iPhone 12 Pro Max foi a lente teleobjetiva. O modelo Pro Max desse ano ganhou uma lente teleobjetiva que possibilita o zoom óptico (isso é, sem recorte digital) de 2.5 vezes, enquanto o iPhone 12 Pro e os modelos das gerações passadas com lente similar contam com zoom óptico de apenas 2 vezes.

Só que, para aumentar o alcance da lente teleobjetiva, a abertura da lente caiu de f/2.0 para f/2.2 — nesse caso, quanto maior o número, menos luz a lente recebe.

Ao fotografar locais bem iluminados, os benefícios são perceptíveis. A lente teleobjetiva do iPhone 12 Pro Max consegue aproximar mais os objetos e cenários sem perder detalhes. O aumento de 2x para 2.5x não chega a ser grande coisa, mas já ajuda na hora de fazer o registro de algo que não há como chegar mais perto.

Com o zoom óptico de alcance maior, até mesmo o zoom digital acima da ampliação de 2.5x ficou melhor. Nos exemplos abaixo dá para perceber que os traços das janelas estão bem mais definidos na foto clicada com a lente teleobjetiva do iPhone 12 Pro Max.

O problema é que passei a notar algumas inconsistências na lente teleobjetiva do iPhone 12 Pro Max. Diz a Apple que o Modo Noite agora pode ser usado em todas as lentes — e embora isso seja verdade quando se trata da câmera ultra-angular, o mesmo não parece valer para a lente teleobjetiva.

Durante meus testes, o Modo Noite simplesmente não funcionou na lente teleobjetiva. Em algumas ocasiões, o sistema chegou a mostrar que a foto foi registrada com o Modo Noite. Só que, para a minha surpresa, os metadados das imagens revelaram que todas as fotos que eu acreditava ter capturado com o Modo Noite na lente teleobjetiva foram na verdade registradas com a lente grande-angular.

Ou seja, tudo continua igual como era no iPhone 11 Pro Max para fotos no escuro com zoom. Embora você possa alternar para a lente teleobjetiva e ativar o Modo Noite, o iPhone utiliza a lente principal (que captura mais luz) e recorta a imagem digitalmente no processo.

Se a foto em Modo Noite do iPhone 12 Pro Max realmente tivesse sido capturada com a lente teleobjetiva, os metadados da imagem indicariam o uso da lente com abertura f/2.2 e não f/1.6 — que é a abertura da lente grande-angular.

Como eu não testei a versão menor do iPhone 12 Pro, que ainda conta com a lente teleobjetiva de abertura f/2.0 e zoom óptico de 2x, não posso afirmar que esse é um problema de toda a linha 12 Pro. Possivelmente isso afeta apenas o iPhone 12 Pro Max por conta da lente mais escura.

Já no quesito selfies, o iPhone 12 se sai muito bem. Embora o sensor continue com resolução de 12 megapixels, a Apple habilitou o Deep Fusion e o Modo Noite na câmera frontal pela primeira vez graças ao chip A14 Bionic. A diferença é gritante ao tirar uma selfie com baixa iluminação.

A Apple também fez uma série de melhorias no processamento neural do chip A14 Bionic para que o mapeamento de profundidade do Modo Retrato seja ainda mais preciso. Vale notar que essas mudanças na câmera frontal se aplicam a todos os modelos do iPhone 12.

Sim, houve um corte de cabelo durante a produção da análise do iPhone

Quando o assunto é vídeo, os números continuam os mesmos da geração anterior. Todas as câmeras do iPhone 12 e iPhone 12 Pro são capazes de gravar em resolução 4K com até 60 quadros por segundo, além de câmera lenta em 1080p com até 240 quadros por segundos.

A principal diferença é que todos os modelos do iPhone 12 gravam vídeos em HDR 10 bits com Dolby Vision, algo inédito em um celular até então. Com isso, os vídeos são registrados com até 700 milhões de cores, o que garante imagens mais realistas e também com alto nível de brilho e contraste.

A única questão é que, para aproveitar mesmo o Dolby Vision, o ideal é que você tenha um monitor ou uma TV compatível com a tecnologia — e ainda existem poucos aparelhos no mercado com suporte ao Dolby Vision adotado pela Apple, principalmente aqui no Brasil.

O iPhone 12 também permite que o usuário capture um vídeo em Time Lapse utilizando longa exposição, o que garante imagens mais claras mesmo no escuro. No iPhone 12 Pro Max, a lente grande-angular com estabilização no sensor faz com que os vídeos sejam gravados com muito mais luz e menos tremidas.

Para visualizar o vídeo acima nas cores corretas, o ideal é reproduzi-lo em um monitor ou TV compatível com HDR/Dolby Vision

Apple ProRAW

Embora faça parte da câmera, decidi criar um tópico específico para o Apple ProRAW. Afinal, a novidade promete revolucionar a fotografia profissional no iPhone. Para quem não é familiarizado com o termo, fotos em RAW são salvas com pouco ou nenhum pós-processamento.

A imagem é salva da forma como foi capturada pelo sensor da câmera junto com os dados de iluminação, exposição, cores e outros detalhes. Assim, o usuário pode editar a fotografia posteriormente com precisão e sem perder a qualidade.

Fotos em RAW não chegam a ser novidade no iPhone e já existem desde o iPhone 7, porém era preciso baixar algum aplicativo da App Store para capturar esse tipo de imagem. Agora, no iPhone 12 Pro e iPhone 12 Pro Max, a Apple incluiu essa opção no próprio app Câmera do sistema.

Só que, no caso do Apple ProRAW, a empresa fez algumas melhorias para que as imagens aproveitem também toda a tecnologia de fotografia computacional que o iPhone oferece, como por exemplo o Smart HDR, Deep Fusion e Modo Noite.

A empresa não diz os motivos de deixar o modo ProRAW disponível apenas na linha Pro do iPhone 12, porém é fácil de imaginar que o recurso faça uso da maior quantidade de memória RAM destes aparelhos. Além disso, fotos em RAW precisam ser editadas em programas compatíveis para ganharem uma aparência boa, sem contar que cada arquivo ProRAW pesa cerca de 25MB.

Para entender melhor como o ProRAW faz a diferença, editei a mesma foto em RAW e depois em JPEG (que é a o formato convencional usado pelo app Câmera do iPhone). Na foto em ProRAW, ao ajustar o nível das luzes e sombras, apenas elementos específicos foram alterados.

Já ao editar a foto em JPEG com os mesmos ajustes que apliquei na imagem em RAW, toda a imagem fica distorcida com cores alteradas e mais ruídos.

Mas e qual a diferença real entre uma foto clicada em Apple ProRAW e outra clicada em RAW por meio de aplicativos de terceiros?

Como disse acima, você até pode tirar uma foto em RAW nos outros iPhones, porém sem toda a tecnologia que a Apple oferece pra melhorar as fotografias. No iPhone 12 Pro e 12 Pro Max, mesmo as fotos em Modo Noite podem ser salvas em RAW com todos os detalhes de iluminação para serem editados posteriormente.

Em geral, as fotos capturadas em Apple ProRAW já são pré-ajustadas com baixo nível de ruído, enquanto o ruído nas fotos em RAW convencional é bem mais notável. A foto do exemplo a seguir foi capturada em RAW com o aplicativo Halide no iPhone 11 Pro Max, enquanto a imagem do iPhone 12 Pro Max foi clicada em ProRAW no app Câmera.

Mesmo após a edição, a foto em RAW tirada com o Halide no iPhone 11 Pro Max não ficou tão boa quanto a foto em ProRAW do iPhone 12 Pro Max.

O Apple ProRAW é definitivamente um ótimo recurso para quem pretende utilizar a câmera do iPhone profissionalmente — principalmente por já estar ali sempre disponível no app Câmera do iOS.

Scanner LiDAR

Assim como o iPad Pro de 2020, o iPhone 12 Pro e o iPhone 12 Pro Max ganharam um scanner LiDAR na câmera traseira. Esse tipo de scanner, também conhecido como ToF (Time-of-Flight ou Tempo de Vôo), emite luzes infravermelho e calcula o tempo que leva para os raios serem refletidos em objetos e voltarem ao sensor.

Dessa forma, o LiDAR consegue calcular também as dimensões de um objeto ou cenário com muita precisão. O uso principal do scanner LiDAR no iPhone é para aprimorar aplicativos de realidade aumentada, que agora abrem instantaneamente sem a necessidade de escanear o ambiente por alguns segundos antes de começar a usá-los.

Como os raios de luz são emitidos em tempo real e em grande quantidade, posicionar objetos de realidade aumentada em qualquer superfície ficou muito mais fácil e natural. Basta apontar a câmera e pronto. O objeto não fica mais pulando de um lado para o outro ao movimentar o aparelho como acontece com frequência ao usar realidade aumentada nos outros iPhones.

Segundo a Apple, todo aplicativo que já utiliza a tecnologia ARKit é beneficiada pelo scanner LiDAR automaticamente. Mesmo assim, os desenvolvedores têm acesso aos recursos do scanner para oferecer ainda mais interações em seus apps.

Para quem não possui nenhum app ou jogo de realidade aumentada instalado no iPhone, é possível testar o scanner LiDAR com o aplicativo Medida da Apple — que vem pré-instalado no iOS e pode ser baixado de graça na App Store caso você tenha apagado anteriormente.

Ao comparar o app Medida no iPhone 12 Pro Max e em outros dispositivos iOS, as medições são feitas com muito mais precisão no aparelho com scanner LiDAR. Além disso, o app usa o scanner para fazer alguns truques extras — como por exemplo mostrar a altura de uma pessoa ou todas as dimensões de um quadro, caixa ou outro objeto.

A Apple também usa o scanner LiDAR para aprimorar a qualidade das fotos no iPhone 12 Pro e 12 Pro Max. Nesse caso, o scanner serve como uma forma de ajustar o foco da imagem em tempo real mesmo nos cenários mais escuros. O Modo Retrato também ficou mais preciso com o LiDAR e agora funciona até mesmo em baixa iluminação.

Ao menos por enquanto, ainda não há muitos usos práticos para o scanner LiDAR, porém é sempre interessante ver novas tecnologias sendo aplicadas no cotidiano. E claro, o LiDAR certamente será fundamental para o novo mundo de realidade aumentada que a Apple vem desenvolvendo.

5G ainda não tão real assim

Durante o lançamento do iPhone 12, a Apple fez questão de destacar inúmeras vezes que o “5G agora se tornou real”. A nova geração da rede móvel promete oferecer altíssimas velocidades de transferência com baixa latência, o que de fato é verdade. Espera-se que os usuários possam utilizar a rede 5G até mesmo para substituir a conexão de internet residencial, por exemplo.

Só que o 5G, neste momento, chega com vários poréns — e a própria Apple sabe disso. A conexão 5G consome muito mais energia do que o 3G ou 4G, e por isso todos os modelos do iPhone 12 contam com um “Modo Inteligente de Dados” que ativa o 5G apenas quando realmente necessário.

O iPhone detecta quando o usuário está jogando online, fazendo upload de arquivos ou alguma tarefa mais pesada para usar a conexão 5G com mais velocidade. Em outros momentos, o sistema deixa o 4G ativado para economizar bateria. Mas essa é só uma das várias questões que cercam o 5G atualmente.

A disponibilidade da rede 5G em geral ainda é muito limitada, principalmente no Brasil. Mesmo com um aparelho compatível, você provavelmente só vai conseguir acesso ao 5G em alguns locais específicos de grandes capitais. No Brasil, o 5G que existe atualmente é o DSS — uma versão que combina vários espectros de rede 4G, 3G e 2G para oferecer velocidades maiores.

O 5G de verdade mesmo com frequências dedicadas só deve chegar ao Brasil no final de 2021. Aqui em Londrina, no Paraná, a rede 5G ainda é inexistente, então não consegui testar o recurso. O que deu para notar é que o iPhone 12 também consegue se conectar ao 4G com velocidades maiores.

Enquanto o 4G da Vivo dificilmente passa dos 100 Megabits por segundo de velocidade de transferência no meu iPhone 11 Pro Max, o iPhone 12 Pro Max conseguiu registrar 176 Mbps de velocidade de transferência na mesma operadora e na mesma localização.

Bateria

Um dos aspectos do iPhone 11 Pro Max que mais me agradou foi a bateria. Com os iPhones do ano passado, a Apple finalmente criou aparelhos que conseguem passar o dia fora da tomada com carga de sobra para o dia seguinte.

No caso do iPhone 12 Pro Max, embora a bateria em si tenha menor capacidade, a Apple diz que a duração continua a mesma do iPhone 11 Pro Max com até 20 horas de reprodução de vídeo local ou até 12 horas de reprodução em streaming. Isso acontece principalmente por conta das otimizações realizadas no chip A14 Bionic.

Na prática, de fato a bateria do iPhone 12 Pro Max se manteve no mesmo nível que eu atingia com o iPhone 11 Pro Max. Dá para usar o telefone o dia todo para mandar mensagens, tirar algumas fotos, ouvir músicas e até mesmo jogar um pouco sem esgotar toda a bateria.

Em um dos meus testes, tirei o iPhone 12 Pro Max da tomada às 8h da manhã com 100% de carga. Utilizei principalmente os apps de redes sociais, abri a câmera algumas vezes, ouvi música por streaming no Apple Music, executei alguns jogos do Apple Arcade por cerca de 30 minutos e reproduzi alguns vídeos no YouTube. O iPhone ainda tinha 30% de carga por volta das 3h da madrugada do dia seguinte.

Para quem precisa de um iPhone que fique fora da tomada o dia inteiro sem preocupações, o iPhone 12 Pro Max é, sem dúvidas, o modelo ideal. Minha única ressalva é que a Apple poderia ter mantido a espessura do iPhone 11 Pro Max para adicionar uma bateria ainda maior ao invés de deixar o aparelho mais fino.

MagSafe e o futuro do iPhone

Por falar em bateria, o iPhone 12 pode ser recarregado por meio do conector Lightning ou também via carga por indução (Qi). Só que, além dos métodos que já conhecemos, a Apple também apresentou o MagSafe para iPhone. Embora o nome seja o mesmo dos carregadores de MacBooks antigos, a tecnologia é diferente.

O MagSafe do iPhone 12 é baseado em um conjunto de ímãs e sensor NFC localizados na parte traseira do celular. Dessa forma, acessórios compatíveis com MagSafe podem ser acoplados ao iPhone por ímãs, desde capas até carregadores.

A Apple oferece dois carregadores MagSafe, sendo um deles mais simples e outro que funciona como uma base para recarregar a bateria do iPhone e do Apple Watch ao mesmo tempo. Embora a carga via MagSafe seja baseada no padrão Qi, essa tecnologia transmite energia em até 15W e acelera o processo de recarga.

Imagem: Reprodução (Apple)

Quando essa análise foi escrita, os carregadores MagSafe ainda não estavam disponíveis no Brasil, portanto não consegui testá-los. Mas o MagSafe me faz refletir sobre o futuro do iPhone, principalmente ao ver alguns questionamentos sobre essa tecnologia na internet.

Muitas pessoas se perguntaram “por que usar o MagSafe?” ou “quais as diferenças do MagSafe para o carregador comum?”. A verdade é que praticamente não há diferenças na prática — mas talvez porque o MagSafe não veio para ser melhor que o carregador tradicional e sim para substituí-lo.

O carregamento por indução no padrão Qi funciona, mas não é eficiente. A recarga é muito lenta, o aparelho precisa ser alinhado corretamente na base e não há como usar o telefone sem interromper a carga. Já o MagSafe funciona como o cabo USB, só que por ímãs. Ele fica sempre conectado ao iPhone na posição certa, é mais rápido e permite que você use o aparelho mesmo ligado na tomada.

Imagem: Reprodução (Apple)

Por meio da conexão NFC, o iPhone reconhece exatamente o acessório conectado e exibe uma animação específica na tela. A Apple também criou capas especiais que contam com seus próprios ímãs de MagSafe, de forma que não interfiram no uso do carregador.

Além dos acessórios da Apple, outras empresas já anunciaram suportes para carro, bases carregadoras para múltiplos dispositivos e até mesmo baterias externas que se conectam por meio do MagSafe.

Se eventualmente a Apple decidir substituir o conector Lightning por uma nova tecnologia, eu aposto que essa tecnologia será o MagSafe.

Face ID e o novo normal

O iPhone 12 continua com a câmera frontal TrueDepth repleta de sensores que habilitam o Face ID, sistema de reconhecimento facial introduzido com o iPhone X. O Face ID funciona muito bem em quase todas as situações. O ângulo de funcionamento melhorou bastante desde a primeira geração da tecnologia, assim como a velocidade do desbloqueio.

O grande problema neste ano é que estamos diante de uma pandemia em que precisamos usar máscaras no rosto para quase tudo. E como o Face ID basicamente precisa identificar todo o rosto do usuário para autenticá-lo, a tecnologia não funciona com máscaras.

Isso tornou o uso do Face ID extremamente frustrante para mim. Na prática, é como se meu iPhone não tivesse mais autenticação biométrica alguma já que constantemente preciso digitar senhas. Como se desbloquear o celular manualmente não fosse ruim o bastante, é extremamente desconfortável ter que digitar a senha dos apps de banco em público.

Eu esperava um iPhone com biometria híbrida, mantendo o Face ID mas também com o Touch ID em algum lugar — o novo iPad Air conta com Touch ID no botão liga/desliga, por exemplo. Mas isso não aconteceu e preciso me contentar com a volta das senhas por mais um ano.

Eu gosto do Face ID, mas esse ano enxerguei a necessidade de um iPhone que ofereça também a biometria tradicional.

Vale a pena?

O iPhone 12 Pro Max é um aparelho surpreendente. Apesar de não ser ousado como alguns concorrentes, o conjunto é extremamente sólido com design moderno, tecnologias de ponta, desempenho de sobra e câmeras que certamente vão agradar até os mais exigentes.

A questão, claro, é se vale a pena pagar entre R$10.999 e R$13.999 em um celular. Para a maioria das pessoas, eu diria que não. Se analisarmos toda a linha de iPhone, é possível obter o iPhone 12 com tela de 6.1 polegadas por R$6.999 — praticamente metade do preço de um iPhone 12 Pro Max e com quase todos os recursos que o modelo mais caro oferece.

Neste ano, a Apple posicionou de fato o iPhone 12 Pro e o iPhone 12 Pro Max como aparelhos para usuários super exigentes que realmente vão usar o telefone para trabalho intenso, principalmente com fotografias profissionais. Se você leva produtividade a sério, precisa de um celular pronto para tudo e dinheiro não é problema, os modelos Pro desse ano são ótimas opções.

Entre o iPhone 12 Pro e o iPhone 12 Pro Max, o investimento no modelo mais caro é válido para quem precisa da maior tela e bateria em um celular da Apple, assim como a melhor câmera. Se esse não é seu caso, pode valer mais a pena considerar um iPhone 12 Pro ou até mesmo um dos modelos intermediários do iPhone 12.

O sensor com estabilização aprimorada, lente teleobjetiva com zoom óptico, Apple ProRAW e até mesmo o scanner LiDAR são recursos mais específicos que provavelmente não vão fazer falta para usuários que só querem um bom smartphone para usar no dia a dia.

Se você já tem um iPhone 11 Pro, as diferenças para os modelos desse ano são poucas e compensa mais esperar pela próxima geração. O iPhone 12 Pro e o iPhone 12 Pro Max ficam mais interessantes para donos de iPhone XS e de outros modelos mais antigos.

E claro, pense bem ao comprar o iPhone 12 apenas pelo 5G. Se você pretende ficar com o aparelho por pelo menos dois anos, é um ponto a se considerar. Mas se você é daqueles que já compra o iPhone desse ano pensando no próximo, talvez o 5G seja irrelevante no momento.

Esse com certeza é um dos iPhones mais interessantes que a Apple lançou nos últimos anos. De fato, ele é melhor em praticamente tudo se comparado à geração passada, porém ele não é para todos — seja pelas funções super específicas, pelo tamanho enorme ou pelo preço no Brasil.

Sobre o autor

Filipe Espósito é jornalista especializado em tecnologia. Criou o iHelp BR em 2009 para compartilhar dicas sobre dispositivos Apple e hoje também utiliza o espaço para cobrir notícias de tecnologia em geral. Atualmente também é editor do site especializado 9to5Mac.