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Análise do Apple Watch Series 6: pequenas melhorias, grande no preço

Foi em 2016 que adquiri o meu primeiro Apple Watch, um modelo da linha Series 2. Desde então, já comentei várias vezes aqui sobre como esse relógio se tornou indispensável para mim. Neste ano, a Apple apresentou o Apple Watch Series 6 com a promessa de deixar o dispositivo ainda mais rápido e com mais recursos de saúde.

O Apple Watch Series 6 continua com o mesmo design das duas últimas gerações do relógio inteligente da Apple, porém agora conta com um chip mais potente, tela aprimorada e um sensor de oxímetro que mostra o nível de oxigênio no sangue. Em contrapartida, os preços no Brasil ficaram ainda mais altos. Será que vale a pena adquirir o novo Apple Watch?

Testei o Apple Watch Series 6 durante o último mês e agora trago a minha análise completa aqui no iHelp BR.

Variedade de modelos

Acredito que a principal característica do Apple Watch que tornou o relógio tão popular é a variedade de modelos em que está disponível. Desde o início, a Apple sempre disponibilizou o Apple Watch em diferentes tamanhos, materiais e pulseiras. Neste ano não foi diferente.

O Apple Watch Series 6 pode ser adquirido nos tamanhos de 40 e 44 milímetros nas versões de alumínio, aço inoxidável e titânio. A versão de alumínio agora conta com modelos na cor azul e vermelho, enquanto o Apple Watch de aço ganhou novos tons de dourado e grafite.

Mais uma vez, optei pelo modelo básico do relógio — um Series 6 de alumínio com caixa de 40 milímetros na cor prata. Neste ano, porém, escolhi a edição especial feita em parceria com a Nike que traz mostradores exclusivos e pulseira esportiva diferenciada (que também pode ser comprada separadamente).

Já me acostumei com o relógio na cor prata e acredito que ele combina mais com as diversas pulseiras coloridas que existem para o Apple Watch. Devo dizer também que gostei bastante da minha escolha de pulseira neste ano, que é na cor platina com detalhes em preto.

As mudanças começam na caixa

Dessa vez, a própria caixa do Apple Watch foi assunto durante o evento especial de setembro da Apple, quando a empresa anunciou a nova geração do relógio. Isso porque o Apple Watch Series 6 não vem mais com o adaptador de tomada incluso na caixa.

A partir de agora, quem comprar um novo Apple Watch (e isso vale para qualquer um dos modelos que são vendidos oficialmente) receberá apenas o relógio e o cabo USB com conector magnético. A Apple afirma que vários usuários já possuem carregadores em casa e que, com a não inclusão na caixa, a empresa reduzirá consideravelmente a emissão de carbono no planeta.

É um discurso bonito, mas que pode prejudicar a experiência de alguns usuários. Como o Apple Watch é um acessório de iPhone, eu até entendo a decisão e acredito que faça sentido em alguns casos — eu mesmo tenho vários adaptadores de tomada da Apple espalhados aqui em casa.

O grande problema está relacionado com a mudança que a Apple também fez nas caixas dos iPhones — e que eu vou comentar mais sobre isso em breve em outra análise. Mas, em resumo, todos os iPhones também deixaram de ter o adaptador de tomada na caixa. Só que a Apple também mudou o cabo Lightning que vem na caixa dos iPhones para uma versão com USB-C.

Se você é um usuário que acabou de entrar no ecossistema da Apple por meio de um iPhone, você vai precisar comprar um adaptador de tomada USB-C para recarregar o seu celular. Só que, ao mesmo tempo, o Apple Watch continua vindo com um cabo USB tradicional. Isso quer dizer que o adaptador de tomada que você vai comprar para o seu próximo iPhone não funciona com o cabo que vem na caixa do Apple Watch Series 6.

Embora a empresa diga que fez essa decisão em prol do meio ambiente, muitas pessoas vão ter que comprar mais cabos e mais adaptadores de tomada para conseguirem utilizar seus dispositivos. O cabo magnético do Apple Watch com conector USB-C custa R$319, enquanto o carregador USB antigo de 5W é vendido por R$199.

Como eu disse, não acredito que este será um grande problema para a maioria dos usuários, mas mesmo assim deixa as coisas um tanto confusas (e mais caras) para quem está comprando seu primeiro iPhone e seu primeiro Apple Watch.

Por sinal, sem o adaptador de tomada incluso, a caixa do Apple Watch Series 6 ficou muito mais compacta se comparada com as caixas dos modelos anteriores. O estilo ainda é o mesmo com um envelope de papel todo decorado por dentro que segura a caixa do relógio e outra caixa com a pulseira.

Design

Por aqui, tudo continua bem parecido com o Apple Watch Series 4 e Apple Watch Series 5. A Apple optou por manter o mesmo design de antes com a caixa retangular que tem cantos arredondados. A diferença é que os modelos deste ano estão um pouco mais finos, mas não é nada muito perceptível.

O Apple Watch Series 6 continua com a Coroa Digital, botão lateral e microfone no lado direito, além do alto-falante no lado esquerdo do relógio. Ou seja, se você está vindo de um Apple Watch Series 4 ou Series 5, não irá encontrar diferenças neste quesito.

Como eu já disse em minhas outras análises, gosto bastante do estilo do Apple Watch — principalmente do design adotado a partir da linha Series 4. O relógio da Apple tem uma identidade única ao invés de tentar imitar um relógio tradicional com o corpo circular.

Quando eu olho para o Apple Watch, enxergo mais um dispositivo tecnológico do que um relógio em si, e é isso que me faz gostar do produto.

Tela Retina Sempre Ativa

Todos os modelos do Apple Watch contam com tela Retina, que basicamente é um termo que a Apple inventou para descrever telas com alta densidade de pixels por polegada. Na prática, isso quer dizer que tudo é exibido com muita nitidez e é difícil distinguir os pixels individualmente.

Arrisco dizer que a tela do Apple Watch tem a melhor qualidade entre todos os relógios inteligentes do mercado. Não apenas pela alta resolução mas também pela qualidade das cores — que não chegam a ser tão vivas quanto em um iPhone mas, mesmo assim, surpreendem bastante.

Algumas pessoas podem achar desnecessário ter uma tela tão boa assim em um acessório como o Apple Watch, mas ao usar o relógio no dia a dia dá para entender os motivos por trás disso. O Apple Watch tem vários mostradores e muitos deles são coloridos, sem contar que você pode colocar suas próprias fotos como tema do relógio.

Ter uma tela nítida e com cores brilhantes faz a diferença para tornar a experiência de uso do Apple Watch ainda mais agradável e única. Além disso, por ter um painel OLED, os mostradores de relógio se destacam em meio ao preto profundo. E isso é apenas parte do que a tela Retina do Apple Watch proporciona.

Desde o Series 5, a Apple implementou uma nova tecnologia no Apple Watch que permite deixar a tela sempre ativada, mesmo quando o relógio não está em uso. Até então, quando o usuário abaixava o braço, a tela do Apple Watch apagava por completo automaticamente.

Como eu pulei o Apple Watch Series 5, esse foi o meu primeiro contato com a Tela Retina Sempre Ativa. Agora, ao invés de ficar tudo preto, o Apple Watch mantém o seu mostrador na tela mesmo com o braço abaixado. Alguns elementos ficam apagados e o brilho é reduzido para economizar bateria.

Para que isso funcione, a Apple adotou uma tela com tecnologia LTPO — que possui frequência de atualização variável e, consequentemente, é mais eficiente no consumo de energia. Enquanto a tela de todos os Apple Watch até o Series 4 é atualizada 60 vezes por segundo, a nova tela Sempre Ativa consegue diminuir a frequência de atualização para 1 vez por segundo quando o relógio não está em uso.

Um uso interessante para a tela que fica sempre ligada é durante a prática de atividades físicas. Muitas vezes, com as mãos ocupadas durante um exercício, fica difícil levantar o braço para acionar a tela do relógio e consultar as métricas. Agora, basta olhar para o relógio e essas informações já estarão sendo exibidas ali sem qualquer interação.

A tela Sempre Ativa não chega a ser um recurso essencial que vai mudar a forma como você usa o Apple Watch, só que ela deixa o relógio bem mais interessante. Além de personalizá-lo com pulseiras diferentes, você também pode deixar o seu Apple Watch com características únicas ao deixar o mostrador sempre ativo.

Para quem trocar o Apple Watch Series 5 pelo Series 6, a novidade é que a tela ficou 2.5 vezes mais brilhante quando o relógio está inativo, segundo a Apple. Não sei dizer se está mesmo 2.5 vezes melhor, mas de fato o brilho da tela em períodos de inatividade é suficiente para ver as horas ou informações de exercícios mesmo em ambientes externos diante da luz do Sol.

Algo que senti bastante falta foi o Force Touch, tecnologia similar ao 3D Touch dos iPhones que identifica a pressão do toque para executar ações diferentes. O watchOS 7 já dava indícios de que a Apple estava considerando remover a tecnologia do novo Apple Watch e isso de fato aconteceu.

Agora, ao invés de pressionar forte na tela para exibir opções ocultas de aplicativos, esses ajustes normalmente aparecem ao rolar a tela. Particularmente, gostava muito mais de como tudo funcionava com o Force Touch, mas já era previsível que isso aconteceria após o fim do 3D Touch no iPhone.

Vale notar que a Apple continua diferenciando as telas de alguns modelos do Apple Watch. As versões de alumínio seguem com um vidro composto chamado de Ion-X, que é mais resistente a eventuais batidas porém risca com mais facilidade. Nos modelos de aço e titânio, a tela é revestida por cristal safira — que provavelmente não vai riscar, mas pode quebrar com facilidade.

A tela Ion-X do meu Apple Watch Series 4 de alumínio ficou bastante riscada após dois anos de uso, embora não tanto quanto a tela do meu antigo Series 2. Quem é mais neurótico com riscos provavelmente vai preferir os modelos mais caros com a tela de cristal safira.

Desempenho e conectividade

Enquanto o Apple Watch Series 5 manteve o mesmo processador da linha Series 4 dentro do chip S5, o novo Apple Watch Series 6 traz uma CPU aprimorada com o chip S6. Segundo a Apple, o processador do chip S6 deixa o Apple Watch Series 6 até 20% mais rápido do que a geração anterior.

Na prática, o relógio ficou sim mais rápido. Pude notar que os apps abrem em menos tempo e as atualizações do sistema também são instaladas com mais rapidez, porém não é nada tão significativo como foi o salto dos modelos mais antigos do Apple Watch para o Series 3 e Series 4, por exemplo.

A verdade é que o Apple Watch não é um dispositivo que exige tantos recursos como um iPhone ou iPad e o desempenho que as duas últimas gerações do relógio oferecem já era extremamente satisfatório. Eu dificilmente percebia engasgos ou lentidão no meu Apple Watch Series 4 e a experiência ficou ainda mais fluída com o Series 6, mas não é nenhuma melhoria de outro mundo.

Vale notar também que, além do processador mais rápido, o chip S6 do novo Apple Watch traz o chip U1 e suporte para banda ultra-larga — tecnologia que foi introduzida no ano passado com o iPhone 11. A conexão de curto alcance permite que os dispositivos se comuniquem rapidamente com outros aparelhos compatíveis sem consumir muita energia.

Com isso, a banda ultra-larga permite que o iPhone e o Apple Watch façam triangulação para determinar a localização precisa do usuário mesmo dentro de ambientes fechados. A Apple utiliza a tecnologia tanto para melhorar o recurso Buscar iPhone como também para destravar carros compatíveis com o recurso Chave de carro (Car key).

Por falar em conectividade, o Apple Watch Series 6 traz pela primeira vez suporte para redes Wi-Fi de 5GHz — algo que, por algum motivo desconhecido, não estava presente em nenhum modelo do Apple Watch até então. As redes de 5GHz costumam sofrer menos congestionamento, o que torna o sinal melhor e, consequentemente, aumenta a velocidade de transmissão dos dados.

Saúde

A cada geração do Apple Watch, a Apple dá mais ênfase aos recursos de saúde do relógio. O Apple Watch Series 4 se destacou por trazer o eletrocardiograma (ECG) e também detector de quedas. Agora, com o Series 6, a Apple adicionou um oxímetro em seu relógio inteligente para tornar o conjunto ainda mais completo.

Os sensores na parte inferior do relógio foram mais uma vez redesenhados, agora com quatro LEDs e quatro fotodiodos que são capazes de emitir luz infravermelha no pulso. A partir disso, os sensores calculam a quantidade de luz refletida nos vasos sanguíneos e, com essa informação, exibem o nível estimado de oxigênio no sangue.

Saber o nível de oxigênio no sangue é importante para determinar se a respiração está normal ou se há algum problema respiratório — algo fundamental em tempos de COVID-19. Em condições normais, o resultado de um teste com oxímetro deve ficar entre 95% e 100% de oxigenação no sangue. Números abaixo disso geralmente representam insuficiência respiratória.

Para usar o oxímetro no Apple Watch Series 6 basta abrir o aplicativo dedicado ao recurso. Tradicionalmente, dispositivos oxímetros são colocados no dedo para calcularem o nível de oxigênio no sangue rapidamente. Como o Apple Watch está sempre no pulso, a Apple precisou fazer algumas adaptações para o recurso funcionar.

O primeiro detalhe é que o próprio relógio pede para o usuário manter o braço apoiado em alguma superfície, além de ser necessário ajustar a pulseira em um nível confortável — ela não pode estar nem muito apertada e nem muito solta. Depois, é preciso esperar 15 segundos para obter o resultado.

Enquanto um oxímetro convencional preso ao dedo consegue mostrar o nível de oxigênio no sangue em tempo real, o Apple Watch calcula apenas uma média durante esses 15 segundos. Por esse motivo, a Apple diz que o oxímetro do Apple Watch Series 6 não deve ser utilizado com fins médicos.

Na prática, tive experiências bastante mistas com o oxímetro do Apple Watch. Para comprovar se a medição é de fato precisa ou não, comprei um oxímetro tradicional e fiz alguns comparativos. A conclusão é que o Apple Watch Series 6 consegue mostrar resultados precisos, mas não em qualquer situação.

Como a medição no pulso é mais difícil do que no dedo e também considerando o fato de que o Apple Watch não faz a medição em tempo real, qualquer interferência no processo acaba alterando o resultado. Se você não manter o braço apoiado e parado durante os 15 segundos, o Apple Watch provavelmente mostrará um resultado incorreto ou inconclusivo.

O Apple Watch Series 6 já chegou a indicar que meu nível de oxigênio no sangue estava em 86%. Se isso fosse verdade, eu provavelmente estaria com sérios problemas respiratórios — o que não era o caso. Ao seguir todas as instruções e deixar o braço parado com o ajuste correto da pulseira, a medição ficou bem mais precisa.

Na imagem acima, um aparelho oxímetro mostrando o mesmo resultado que o oxímetro do Apple Watch

Confesso que isso me desapontou um pouco. De fato, o Apple Watch não é um dispositivo médico e todas as informações de saúde que o relógio consegue mostrar acabam sendo mais para fins informativos e de precaução. Só que é muito ruim ter um recurso que depende de tantas circunstâncias para funcionar.

Diferente dos sensores cardíacos e do eletrocardiograma que se equiparam bem aos aparelhos médicos com funções similares, você provavelmente não deve comprar um Apple Watch para usá-lo como seu oxímetro principal. O recurso está ali para checar eventualmente se há algum motivo de preocupação, mas não dá para confiar 100% nele.

Funções de outros modelos como calcular os batimentos cardíacos em tempo real e também detectar possíveis arritmias continuam presentes no Series 6. Vale notar que tanto o oxímetro e também o eletrocardiograma já estão disponíveis para usuários de Apple Watch no Brasil. Até há algum tempo, a ANVISA ainda não havia liberado o eletrocardiograma do Apple Watch por aqui.

Exercícios

O Apple Watch continua se destacando por seus recursos voltados para a prática de atividades físicas. Apesar do aplicativo Exercícios da Apple não ter tantas opções avançadas, ele funciona bem para quem quer calcular as métricas ou até estabelecer metas de calorias, distância e tempo para uma caminhada, corrida, elíptico e até mesmo dança.

O GPS embutido no relógio continua funcionando muito bem e com precisão. O usuário pode acompanhar em tempo real a distância percorrida e posteriormente ver no mapa o trajeto completo. No caso de uma caminhada ou corrida ao ar livre, dá até para conferir os momentos de mais intensidade.

Além disso, o Apple Watch Series 6 conta com um novo sensor de altímetro que fica sempre ligado. O altímetro já existia nas gerações anteriores do Apple Watch, porém ele não era capaz de mostrar alterações na elevação em tempo real. Agora, essa informação aparece durante a prática de determinadas atividades físicas.

Para quem sente que o aplicativo padrão de exercícios do Apple Watch não é suficiente, uma boa alternativa é usar o Nike Training Club — que se integra perfeitamente ao relógio e traz uma variedade de atividades com vídeos gravados por profissionais que podem ser assistidos no iPhone durante a prática.

Mas o que mais me agrada no Apple Watch são as funções do watchOS voltadas para incentivar os usuários a serem mais ativos. O relógio da Apple conta com um sistema de metas diárias de movimento, exercício e ficar em pé. Quando o usuário completa os círculos de atividade, o Apple Watch exibe animações super coloridas e mostra uma medalha virtual que pode ser compartilhada com os amigos.

Por falar em amigos, é possível adicioná-los para acompanhar todas as atividades físicas feitas com o Apple Watch e até mesmo enviar desafios para ver quem consegue atingir mais pontos de atividades durante a semana. O Apple Watch também manda lembretes para você ficar em pé e se movimentar mais ao perceber que está sentado há muito tempo.

Bateria

A bateria sempre foi o calcanhar de Aquiles do Apple Watch e não foi diferente com o Apple Watch Series 6. A Apple é extremamente conservadora neste quesito e sempre prometeu duração de até 18 horas para todos os modelos de Apple Watch já lançados até hoje.

Todo ano são feitas várias otimizações para que o Apple Watch consuma menos energia, só que isso nem sempre resulta em mais bateria já que o relógio também ganha novos recursos a cada geração — como por exemplo a tela Retina Sempre Ativa e o altímetro em tempo real. Nesse caso, os ganhos de eficiência energética são apenas para compensar os novos recursos que consomem mais bateria.

Como meu Apple Watch é novo, eu consigo tranquilamente chegar ao fim do dia com cerca de 50% de carga restante após tê-lo usado o dia todo com a tela Sempre Ativa, recebendo notificações, controlando músicas no iPhone, usando alguns apps eventualmente e praticando 30 minutos de atividade monitorada com GPS e sensores cardíacos.

A questão é que o Apple Watch agora conta com monitoramento de sono. Com isso, 50% de bateria no fim do dia não significa que você conseguirá usar o relógio no dia seguinte. Ao dormir com o Apple Watch no pulso durante 7 horas, a bateria do relógio normalmente cai para cerca de 30% e eu preciso recarregá-lo antes de qualquer coisa.

Os níveis podem variar de acordo com o uso de cada usuário. Quem não faz atividades físicas com o relógio e não pretende dormir com ele no pulso provavelmente vai conseguir usar o Apple Watch Series 6 por dois dias seguidos sem colocá-lo na tomada. Já quem faz uso intenso do relógio vai precisar recarregá-lo todos os dias.

Particularmente, recarregar a bateria o Apple Watch diariamente nunca foi um problema para mim já que eu sempre deixava o relógio na tomada durante a noite. Só que agora, com o monitoramento de sono, eu preciso colocá-lo na tomada ao acordar — e isso acaba me atrapalhando em algumas ocasiões.

O Apple Watch nunca teve uma recarga rápida. Com base nas minhas experiências anteriores, sempre foi preciso cerca de 2 horas para completar a carga da bateria do relógio. A Apple diz que o Apple Watch Series 6 consegue ser recarregado em menos tempo e de fato isso acontece, porém ainda sim é um processo lento.

Com base nas minhas análises, agora é preciso esperar cerca de 1 hora e 30 minutos para recarregar a bateria do Apple Watch. Isso ainda é muito tempo para quem só tem alguns minutos para colocar o relógio na tomada logo pela manhã antes de sair de casa para o trabalho.

Outro detalhe a ser considerado é que, quanto mais ciclos de carga são feitos na bateria, mais rápido o componente se desgastará. Pode ser que daqui um ano os resultados de bateria do Apple Watch Series 6 já sejam bem inferiores aos que tenho conseguido no momento.

watchOS 7

O watchOS é parte fundamental do que faz o Apple Watch ser o Apple Watch e, neste ano, o watchOS 7 trouxe algumas novidades interessantes não apenas para os usuários do Apple Watch Series 6 como também para outros modelos.

O Apple Watch oferece uma variedade de mostradores que podem ser personalizados com diferentes informações e agora, com o watchOS 7, há ainda mais opções disponíveis. Os usuários vão encontrar novos temas com faixas coloridas, taquímetro, ilustrações animadas e até mesmo com Memoji.

Com a versão mais recente do sistema operacional ficou mais fácil compartilhar os mostradores personalizados com outras pessoas que possuem Apple Watch. Apesar disso, o relógio da Apple ainda não aceita temas criados por terceiros — ou seja, só é possível utilizar e customizar as opções oferecidas pela Apple.

O principal destaque do watchOS 7 é o novo aplicativo Sono que, como o nome sugere, traz o recurso de monitoramento de sono para o Apple Watch. Havia uma grande expectativa sobre quando a Apple adicionaria tal função ao relógio e isso finalmente aconteceu neste ano, porém o app Sono da Apple desapontou alguns usuários mais exigentes.

Ao invés de exibir informações detalhadas sobre a qualidade e as diferentes fases do sono, o monitoramento de sono do Apple Watch se resume a calcular apenas quanto tempo você dormiu e por quanto tempo você ficou acordado na cama. Eventualmente, o app também calcula os batimentos cardíacos e o nível de oxigênio no sangue enquanto você dorme.

De acordo com a Apple, a ideia não é deixar as pessoas mais ansiosas e preocupadas com possíveis metas a serem seguidas para melhorar a qualidade de sono, mas particularmente senti falta de informações mais detalhadas. O máximo que eu encontrei aqui no app Saúde foram alguns comparativos que mostram se os níveis de sono se mantiveram consistentes a cada semana e a cada 15 dias.

Ao dormir, o Apple Watch desliga a tela para economizar bateria e também bloqueia os toques para evitar acionamentos acidentais. Em alguns dias, quando acordei antes do horário programado, o relógio reconheceu isso e perguntou se eu queria desativar o alarme. Esse alarme, por sinal, utiliza feedbacks táteis para acordar o usuário com toques no pulso ao invés de soar um alarme alto que pode assustar algumas pessoas.

A parte legal do monitoramento de sono do watchOS 7 é que ele se integra com todo o sistema operacional e também com o iPhone. Alguns minutos antes do horário programado para dormir, o Apple Watch desativa todas as notificações automaticamente — e isso vale também para o iPhone.

É possível configurar algumas ações para serem executadas quando o relógio entra em modo relaxamento, como por exemplo tocar músicas, podcasts, apagar as luzes compatíveis com HomeKit e outras coisas. Cheguei a criar um atalho para tocar músicas automaticamente na minha TV da sala assim que eu acordar — tudo funcionou muito bem.

Outra novidade do watchOS 7 é a detecção de lavagem de mãos. Em tempos de pandemia em que o novo coronavírus circula com facilidade, a higienização das mãos é fundamental para evitar a disseminação do vírus. O Apple Watch agora ajuda os usuários a lavarem as mãos corretamente por 20 segundos.

O relógio utiliza sensores de movimento e até mesmo o microfone para identificar quando o usuário está lavando as mãos e assim iniciar uma contagem de 20 segundos, que é o tempo necessário para acabar com a maioria das bactérias. O recurso funciona mas eventualmente demora para ser ativado, isso sem contar os momentos em que ele é ativado durante o banho ou ao lavar louça.

O que a Apple ainda precisa melhorar é a estabilidade do sistema operacional. Em vários momentos o meu Apple Watch Series 6 simplesmente fechou aplicativos ou reiniciou sozinho sem razão aparente, algo que melhorou bastante com as últimas atualizações do sistema mas ainda acontece.

Por que eu adoro o Apple Watch

Apesar de tudo, eu adoro o Apple Watch e o relógio da Apple se tornou um dos meus dispositivos favoritos que me acompanha o dia todo. O Apple Watch não é perfeito e ainda precisa melhorar muito em alguns aspectos, porém o conjunto traz coisas que nenhum outro relógio inteligente oferece até hoje.

A questão da personalização torna o Apple Watch imbatível para mim. Existem muitas, mas muitas pulseiras criadas para o Apple Watch, desde aquelas mais simples e coloridas até as mais elegantes feitas em aço inoxidável e couro.

A customização dos mostradores somada com a tela Retina Sempre Ativa abre ainda mais possibilidades para deixar o Apple Watch com a sua cara. Mesmo sem temas de terceiros, a Apple oferece uma grande variedade de mostradores que podem ser modificados com as informações que você quer e precisa — calendário, previsão do tempo, níveis de atividades e muito mais.

Com tantos mostradores disponíveis, não faltam combinações para fazer com que o relógio da Apple seja também um acessório estiloso. É muito legal escolher cores e temas que combinam com determinadas pulseiras e até mesmo peças de roupas.

Mas o que faz o Apple Watch se destacar mesmo é o sistema operacional e a integração do relógio com outros dispositivos da Apple. Mesmo com alguns problemas, o watchOS é muito fluído e o desempenho parece ser tão bom quanto o de um iPhone rodando o iOS.

Com o Apple Watch eu consigo controlar a reprodução de mídia no meu iPhone, Mac e até mesmo TV. Todas as ligações, mensagens e notificações chegam primeiro no relógio — o que é ótimo para não ter que tirar o celular do bolso a todo momento. O Apple Watch até mesmo consegue desbloquear o Mac no lugar do Touch ID.

Os recursos de saúde me agradam bastante já que eu nunca fui muito interessado em atividades físicas. Ao ter um sistema de metas com medalhas e até mesmo competições entre amigos, fica mais divertido fazer uma caminhada ou outro tipo de exercício para completar os círculos de atividade do watchOS.

O relógio inteligente da Apple não vai substituir o seu celular. Mesmo tendo o Apple Watch, meu iPhone sempre fica por perto porque escrever uma mensagem muito longa, ler textos e consumir mídias não é algo muito confortável de se fazer num dispositivo tão pequeno que fica preso ao pulso.

Só que o Apple Watch mudou muito a forma como eu lido com a tecnologia no meu dia a dia. Eu não preciso mais pegar o iPhone na mão e desbloqueá-lo para ler as notificações, trocar de música ao usar os AirPods, conferir o rastreio de encomendas ou até mesmo checar se o motorista do Uber está chegando.

Vale a pena?

Não é fácil recomendar para alguém um acessório de celular que custa a partir de R$5.299. Se para você o preço não é um problema, ainda há outros fatores a serem considerados antes de adquirir o Apple Watch Series 6.

Tudo depende do que você pretende fazer com o Apple Watch. Ele é ótimo para servir como um relógio normal no dia a dia por conta das opções de personalização e também muito útil para acompanhar dados de saúde. O Apple Watch é ainda uma boa opção para monitorar a prática de atividades físicas, embora a bateria não seja das melhores.

Essa geração não trouxe novidades revolucionárias para quem já tem um modelo anterior do Apple Watch. Para quem vem do Apple Watch Series 5, o destaque fica por conta da tela com brilho mais forte em momentos de inatividade, altímetro sempre ligado e oxímetro. Só que esses recursos não justificam a troca pelo modelo desse ano.

Se o seu Apple Watch é o Series 4 também é preciso ter cautela ao considerar a troca para os modelos da linha Series 6. Neste cenário, as novidades são mais consideráveis, porém ainda sim não é nada extraordinário. Além dos recursos adicionados no Series 6, os usuários do Series 4 também vão se beneficiar da tela Retina Sempre Ativa e bússola — recursos que vieram nos modelos Series 5.

Eu indico o Apple Watch Series 6 para dois perfis de usuários: aqueles que ainda não possuem um Apple Watch e também para aqueles que ainda estão com um modelo muito antigo do relógio da Apple, como por exemplo o Apple Watch Series 2 ou 3.

Se este vai ser o seu primeiro Apple Watch e você tem condições de adquirir um Series 6, dificilmente vai se arrepender já que estamos falando do que há de mais moderno na categoria atualmente. Para quem tem um Apple Watch muito antigo, o design atualizado junto com o desempenho maior e as demais características das duas últimas gerações vão fazer muita diferença.

No fim das contas, não há problema no fato do Apple Watch Series 6 não ser revolucionário. Embora a Apple apresente novos relógios todos os anos, isso não significa que os usuários trocam de Apple Watch a cada geração. Provavelmente, quem vai comprar o Apple Watch Series 6 está vindo de um modelo bem mais antigo e notará mais diferenças com a atualização.

Caso você tenha a certeza de que quer se inserir mais no ecossistema da Apple, o Apple Watch definitivamente é uma opção interessante para expandir sua coleção de dispositvos e fazer companhia ao iPhone. Não vejo o Apple Watch como um produto essencial, mas é impossível ficar sem depois de se acostumar com ele.

Sobre o autor

Filipe Espósito é jornalista especializado em tecnologia. Criou o iHelp BR em 2009 para compartilhar dicas sobre dispositivos Apple e hoje também utiliza o espaço para cobrir notícias de tecnologia em geral. Atualmente também é editor do site especializado 9to5Mac.