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Governo brasileiro gasta mais de R$ 13 milhões em celulares e tablets, a maioria da Apple

Este artigo foi publicado há mais de 4 anos. Algumas informações podem estar desatualizadas e sem validade para os dias atuais.

A situação econômica atual do Brasil não é boa, com a inflação subindo, cada vez mais impostos e o valor de vários produtos disparando — principalmente quando se trata de eletrônicos. Porém, isso não parece ter impedido o governo brasileiro de gastar mais de 13 milhões de Reais em celulares e tablets para funcionários do Ministério Público Federal, pasmem, a maioria sendo da Apple.

iPhone 6 6 Plus

Um documento oficial divulgado no Portal da Transparência mostra que foram gastos R$ 13.669.913,93 em serviços de telecomunicação, que incluem aparelhos celulares, tablets, modens de internet móvel e planos de operadoras. O investimento “tem como objetivo o atendimento à crescente demanda por serviços corporativos”, visando mais agilidade no trabalho dos servidores públicos.

Os aparelhos escolhidos são, em maioria, tops-de-linha, custando na faixa de R$ 3.000, incluindo iPhones e Xperias. O documento até menciona a preferência pelo iPhone 6 e iPhone 6s. Mas, afinal, diante de todos os problemas econômicos do país, qual seria o motivo da escolha de aparelhos tão caros? Não seria possível optar por modelos intermediários? Eis a resposta do governo.

A opção por dispositivos do fabricante Apple (iPhone 6 ou superior) se deu em função do parque já existente, garantindo que o investimento, as pesquisas e as implementações já realizadas permaneçam incorporadas ao patrimônio, tangível e intangível da instituição, além de garantir a entrega de serviços já familiares aos usuários e com níveis de segurança satisfatórios.

A explicação vai além quando menciona o fato dos tablets escolhidos serem iPads, afirmando que o sistema operacional é o mesmo dos iPhones e, por isso, compartilham as informações e os aplicativos — quase uma propaganda da Apple.

Corrobora para esta opção a recente adoção de iPads, também do fabricante Apple, ao parque computacional da instituição. Além de compartilharem o mesmo sistema operacional, o iOS, fornecendo aos usuários uma interface uniforme de operação, os aplicativos disponibilizados são em sua maioria universais, ou seja, podem ser executados tanto no iPhone quanto no iPad. E no caso destes aplicativos serem pagos, uma única aquisição permite a sua utilização em todos os dispositivos configurados para o utilizador em questão. Soluções de nuvem de dados, acesso a caixas de correio eletrônico através dos dispositivos móveis, acesso seguro pela internet com utilização de Virtual Private Network aos sistemas e serviços corporativos também são disponibilizados de forma uniforme entre os dois dispositivos.

Opinião: Como admirador da Apple, chega a ser difícil não se entusiasmar com o fato da presença dos produtos da empresa estar aumentando cada vez mais em todos os lugares. Porém, como brasileiro, chega a ser triste imaginar que pagamos impostos absurdos para presentear políticos com aparelhos tão caros que, muitas vezes, nem mesmo nós conseguimos mais comprar. E isso, claro, certamente é apenas um dos vários benefícios que estas pessoas recebem às nossas custas.

Atualização:

Aparentemente, o documento oficial mencionado nesta publicação foi removido do Portal da Transparência.

Sobre o autor

Filipe Espósito é jornalista especializado em tecnologia. Criou o iHelp BR em 2009 para compartilhar dicas sobre dispositivos Apple e hoje também utiliza o espaço para cobrir notícias de tecnologia em geral. Atualmente também é editor do site especializado 9to5Mac.