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Opinião: o iPhone X será descontinuado? Não é bem assim

Este artigo foi publicado há mais de 4 anos. Algumas informações podem estar desatualizadas e sem validade para os dias atuais.

Ah, a mídia de “caça-cliques“. Se você costuma acompanhar notícias de tecnologia em vários portais, não deve se surpreender mais com notícias completamente distorcidas do que foi dito por suas fontes originais. Se tratando da Apple então, já virou rotina. Recentemente, o famoso analista de segurança Ming-Chi Kuo, da KGI, tem feito suas especulações sobre os novos iPhones de 2018. Entre elas, uma repercutiu descontroladamente: o fim do iPhone X.

De acordo com as fontes do analista, a Apple já está se preparando para lançar exatamente três novos iPhones no final do ano, algo que já aconteceu em 2017 — isso desconsiderando uma suposta atualização do iPhone SE que deve acontecer em breve. Quase sempre após o lançamento de novos iPhones, a Apple reduz o preço dos modelos antigos. Mas, segundo Kuo, isso não irá acontecer em 2018.

Para alguns redatores, bastou ler a notícia até aí para divulgar na internet que o iPhone X foi um fracasso e que a Apple estaria voltando atrás. A história não é bem assim. O iPhone X atual seria deixado de lado porque a Apple deve lançar um modelo mais barato nos mesmos moldes do aparelho atual. Dessa forma, se a Apple vender um modelo mais barato junto com o iPhone X de 2017 também mais barato, um produto acabaria afetando as vendas do outro.

Se isso soa estranho pra você, bem, preciso lhe informar que a Apple já fez exatamente isso há alguns anos. Em 2013, o iPhone 5 saiu de linha, mas o iPhone 5c ficou em seu lugar. Praticamente o mesmo celular, porém em um corpo de plástico e com preço reduzido. Ao mesmo tempo, a Apple também havia lançado o iPhone 5s, a nova geração que ocupava de verdade a posição de “premium“.

Para o analista da KGI, todos os iPhones lançados neste ano — mais uma vez desconsiderando o SE — vão seguir o mesmo estilo do atual iPhone X. Ou seja, com corpo feito em vidro, tela quase sem bordas, nada de botão Início e o recorte no topo para a implementação das tecnologias de reconhecimento facial. Dois desses modelos serão a continuação do iPhone X, com processador mais novo e outras melhorias internas. Um deles continuará tendo a tela OLED de 5.8 polegadas, enquanto o outro será uma versão “Plus”, com tela OLED de 6.5″.

E o terceiro modelo? Pense em algo como o iPhone 5c, mas não feito em plástico. A Apple colocaria exatamente as mesmas tecnologias que já conhecemos no iPhone X, porém em um modelo com tela de 6.1 polegadas. Apesar de ser maior, este iPhone voltaria a utilizar as tradicionais telas de LCD, com a intenção de tornar o produto mais barato. Kuo aposta que este modelo substituirá não só o iPhone X atual, mas também os atuais 8 e 8 Plus em uma única versão.

Este iPhone mais barato deve custar o mesmo que o iPhone 8 atualmente, algo em torno de 700 dólares (R$2.250 em conversão direta). Os outros modelos aprimorados com tela OLED devem chegar às lojas no mesmo valor praticado atualmente com o iPhone X, na faixa dos mil dólares (R$3.200 em conversão direta).

Em resumo: o iPhone X que conhecemos hoje provavelmente vai desaparecer das lojas, mas isso não quer dizer que a Apple errou, que está voltando atrás ou qualquer coisa do tipo. Os novos modelos vão seguir exatamente aquilo que a Apple nos apresentou no final de 2017. Quem quiser uma opção mais barata, ao invés de comprar o iPhone X de 2017, poderá comprar uma versão “remodelada” do aparelho.

Segue abaixo o relato traduzido de Ming-Chi Kuo:

“Acreditamos que os novos modelos com tela OLED de 6.5 polegadas e LCD de 6.1 polegadas vão aumentar a participação de mercado da Apple na China. O iPhone com tela LCD de 6.1 polegadas, custando entre U$650 e U$750, tornará mais fácil para que usuários de todo o mundo tenham acesso ao reconhecimento facial em 3D e a tela quase sem bordas, que oferecem uma nova experiência de uso inovadora.”

O iPhone X ficar mais barato prejudicaria o valor da marca e as vendas de novos modelos se continuasse disponível após os lançamentos de 2018, considerando que o reconhecimento facial em 3D e a tela OLED são recursos que se destacam nos modelos mais caros. Vender o iPhone X em um valor menor teria um impacto negativo nas vendas da nova versão com tela LCD de 6.1 polegadas. A produção do iPhone X deve ser encerrada em meados de 2018.”

Portanto, não acredite em notícias tendenciosas que afirmam com toda certeza que o iPhone X foi um fracasso e que ele irá desaparecer. Pelo contrário, já que não havia mais estoque com apenas alguns minutos de pré-venda. Apenas na Black Friday de 2017, estima-se que a Apple vendeu mais de 6 milhões de unidades do iPhone X — bem mais do que muitas empresas concorrentes conseguem.

Basta ser um pouco esperto. O iPhone X é um produto extremamente segmentado, custando a partir de mil dólares nos Estados Unidos ou R$7.000 no Brasil. Não há nem como esperar que as vendas do iPhone X sejam tão altas quanto as vendas do iPhone 7 em seu lançamento, por exemplo, que chegou às lojas por U$649 (aproximadamente R$2.100) em sua versão mais barata. A Apple ainda tem iPhones mais baratos na linha, e que estão vendendo muito bem, por sinal. Há público para todos.

Além disso, como o próprio analista de segurança disse, a Apple trabalhou durante muito tempo para apresentar uma nova experiência de uso com o iPhone X. É quase impossível que abandonem tudo isso alguns meses depois. Tanto é que vários rumores apontam para uma nova linha de iPad Pro em 2018 seguindo a tendência do “iPhone moderno”, com Face ID, bordas reduzidas e afins.

O iPhone X de 2017 pode até partir, mas seu legado vai prevalecer em todos os próximos lançamentos da Apple.

Sobre o autor

Filipe Espósito é jornalista especializado em tecnologia. Criou o iHelp BR em 2009 para compartilhar dicas sobre dispositivos Apple e hoje também utiliza o espaço para cobrir notícias de tecnologia em geral. Atualmente também é editor do site especializado 9to5Mac.