Análises

Análise dos AirPods Max: impressionam, mas têm falhas

Desde que foram lançados, os AirPods agitaram o mercado de fones de ouvido. Com vários recursos inteligentes e uma experiência totalmente sem fio, não foi difícil para a Apple transformar os AirPods em um grande sucesso. Ao mesmo tempo, muitos se perguntavam quando a empresa lançaria headphones com sua própria marca. Em dezembro do ano passado, a Apple apresentou os AirPods Max.

Os AirPods Max chegaram com a promessa de oferecer som de qualidade para usuários mais exigentes, além de mais conforto e robustez quando comparado aos seus irmãos menores e também a outros concorrentes da categoria. Isso, porém, pelo preço nada amigável de R$6.899. Será que os AirPods Max são tudo isso mesmo?

Venho testando os novos fones sem fio da Apple há dois meses para compartilhar minhas opiniões sobre o produto em mais uma análise do iHelp BR.

Design

O design dos AirPods Max é um tanto diferente se comparado a outros headphones que existem atualmente no mercado, como por exemplo os da marca Beats — que pertencem à Apple. A minha impressão é que eles parecem mais versões atualizadas de fones clássicos do que um produto de alta tecnologia lançado em 2020.

Só de olhar para os fones já dá para imaginar que se trata de um produto caro por conta do acabamento. Ao invés de ter estrutura de plástico, as conchas dos fones (enormes, por sinal) são de alumínio e estão conectadas por uma haste ajustável de aço inoxidável.

São fones que parecem estranhos em um primeiro momento, porém eles têm sua elegância. Apesar de ser bem minimalista e sem muitos detalhes, não tendo sequer o logo da Apple estampado, o design chama a atenção. Mesmo outros fones de alto padrão não costumam ser tão refinados assim.

A Apple oferece os AirPods Max em cinco cores diferentes: cinza espacial, prateado, verde, azul-céu e rosa (que mais parece um alaranjado). A versão que tenho em mãos é a azul-céu, cor que é bem equilibrada e muito mais clara e suave que o azul do iPhone 12 e iPhone 12 Pro.

Não há níveis pré-definidos para ajustar as hastes, sendo possível movê-las livremente. O ajuste, por sinal, é bem firme e dificilmente sai da posição que o usuário colocou. Já as conchas possuem um mecanismo de ajuste individual para cada lado com rotação ampla.

As conchas não podem ser dobradas, como acontece em outros headphones. Só é possível girá-las para a frente. Neste caso, os AirPods Max já saem da caixa praticamente do jeito que serão utilizados — e isso acaba sendo um empecilho para guardar os fones em uma mochila, por exemplo.

O arco que liga os dois lados dos AirPods Max é revestido por silicone e a parte superior que encosta na cabeça é preenchida por um tecido telado e flexível. As almofadas das conchas também são de tecido e podem ser facilmente substituídas já que se acoplam aos fones através de ímãs. 

Por um lado, a estrutura de metal de fato faz com que os AirPods Max passem a sensação de serem robustos. Por outro, a parte do tecido me preocupa por conta da durabilidade do material. O tecido do arco é relativamente fino e, embora não pareça ser tão frágil assim, qualquer objeto pontiagudo deve perfurá-lo facilmente.

Além disso, a sujeira pode ficar bem aparente nas partes de tecido com o passar do tempo. Como meus AirPods são azuis, fica mais difícil de notar esses detalhes, porém já vi algumas imagens bem desagradáveis de colegas que possuem os fones na cor prateado.

Por falar em durabilidade, os AirPods Max não possuem qualquer tipo de certificação contra água ou poeira. Com isso, os fones não são os mais adequados para se utilizar em uma caminhada num dia chuvoso ou perto de uma piscina.

Conforto

Quando o assunto é headphone, a sensação de conforto ao usar o produto é essencial. Afinal, ninguém quer passar horas usando fones que incomodam. No caso dos AirPods Max, há um misto de sensações relacionadas a este aspecto.

Em um primeiro momento, é até fácil esquecer que estou usando os AirPods Max. O arco de tecido telado é muito mais leve do que o arco dos Beats Studio, que é feito de um plástico rígido revestido por um material emborrachado. Nos Beats Studio, o arco sempre me incomodou bastante, enquanto os AirPods Max parecem flutuar na minha cabeça.

Outro problema que sempre tive com os Beats é sentir as orelhas quentes demais após usar os fones por bastante tempo. Como as espumas dos AirPods Max são maiores e também revestidas em tecido ao invés de couro, isso quase não acontece. A pressão que os AirPods Max fazem na cabeça também é bem menor.

A questão é que os AirPods Max são bem pesados. Enquanto os fones Beats Studio pesam 260 gramas e o famoso Sony XM4 pesa apenas 254 gramas, os AirPods Max chegam em quase 385 gramas. O peso, claro, se deve ao fato dos fones da Apple serem construídos em metal.

Esse peso fica distribuído principalmente entre as conchas dos fones, já que o arco dos AirPods Max é mais leve. Depois de usar os AirPods Max por mais de uma hora seguida, é difícil não se incomodar com o peso das conchas. Para quem pretende usar os headphones durante um longo vôo, por exemplo, o Sony XM4 acaba sendo bem mais confortável do que os fones da Apple.

A volta dos controles físicos

Enquanto os AirPods e os AirPods Pro possuem superfície sensível ao toque para a execução de comandos de reprodução, os AirPods Max vêm com dois botões físicos. Um deles serve apenas para ativar e desativar o cancelamento de ruídos e o outro é uma Coroa Digital.

Sim, você não leu errado. A Coroa Digital, que até então era algo exclusivo do Apple Watch, está presente nos AirPods Max e é responsável por praticamente todos os controles de reprodução dos fones. É possível tocar ou pausar a música ao pressionar a Coroa Digital e aumentar ou diminuir o volume ao girar o botão. Ao apertar a coroa por alguns segundos, a assistente virtual Siri é acionada.

Confesso que ter a Coroa Digital em um fone de ouvido me causou bastante estranheza. O usuário pode escolher nas configurações do iOS o sentido em que o botão deve ser girado para alterar o volume, só que mesmo assim eu sempre me confundo e acabo aumentando mais o volume quando quero diminuí-lo, ou vice-versa.

Nos primeiros dias usando os AirPods Max, eu sempre tentava trocar de música tocando nas conchas duas vezes seguidas — imitando o comando dos AirPods menores. Outro detalhe que me incomoda bastante é a falta de um botão para desligar os AirPods Max manualmente.

A Apple sempre prezou por uma experiência em que o usuário não dependa de muitos botões físicos e os próprios AirPods tradicionais não contam com um botão liga/desliga, porém eles são fones bem diferentes. Enquanto é normal deixar o estojo de recarga dos AirPods menores no bolso, dificilmente alguém vai sair por aí com o estojo de um headphone na mão.

Posteriormente falarei mais sobre o impacto que a falta de um botão liga/desliga tem na autonomia da bateria dos AirPods Max.

Conectividade

Assim como os demais AirPods, os AirPods Max são fones Bluetooth com o padrão 5.0. Isso significa que você pode usá-los não apenas com um iPhone ou Mac, mas também com qualquer aparelho que suporte fones Bluetooth. Além de Bluetooth, há uma porta Lightning que serve tanto para recarregar a bateira quanto conectar um cabo P2.

Na caixa dos AirPods Max, o usuário encontra apenas um cabo Lightning com conector USB-C, assim como nos iPhones mais novos. Não há adaptador de tomada incluso, sendo necessário utilizar algum carregador compatível que você já tenha em casa ou então comprar um adaptador USB-C.

Conforme mencionei acima, é possível utilizar um cabo P2 especial nos AirPods Max para conectá-los em basicamente qualquer aparelho com entrada para fones. Esse cabo, porém, é vendido separadamente por míseros R$399. E não, cabos paralelos não funcionam nos fones da Apple.

A estratégia da Apple de ainda insistir no conector Lightning é controversa. Enquanto a empresa defende que o USB-C é o futuro ao promover o conector nos Macs e iPads, o iPhone e seus acessórios continuam com um conector proprietário da marca. 

Claro que, por um lado, é de se esperar que os AirPods Max utilizem o Lightning considerando que o público-alvo dos fones provavelmente já tem um iPhone, mas a Apple perde a oportunidade de aumentar a compatibilidade de seus acessórios com outros aparelhos e também de facilitar a vida do usuário.

Qualidade de som

Falar sobre qualidade de som é algo extremamente subjetivo, já que cada pessoa percebe o som de maneiras diferentes. Além disso, quando se trata de headphones mais avançados, os critérios de avaliação também são diferentes daqueles utilizados para avaliar os AirPods normais — em que o destaque está mais nos recursos do que na fidelidade sonora.

Meus parâmetros de comparação para essa categoria de produtos são os Beats Studio e o Sony XM4, ambos headphones premium que já tive a oportunidade de testar anteriormente. Nenhum deles, porém, está na faixa de preço dos AirPods Max.

Para começar, eu não vejo os AirPods Max como fones feitos para audiófilos — eu mesmo não me considero um. O simples fato deles serem primariamente fones Bluetooth já indica que o produto é voltado para um público mais amplo, embora o preço sugira o contrário.

Ao ser utilizado sem fio, o único codec de áudio suportado é o AAC da Apple com bitrate de 256kbps (que é o padrão do Apple Music). Isso significa que mesmo reproduzindo um arquivo em FLAC ou assinando um serviço como o TIDAL Hi-Fi, você não aproveitará toda essa qualidade de áudio com os AirPods Max através do Bluetooth.

Até existem codecs de áudio como o LDAC da Sony que oferece até 990kbps via Bluetooth, mas o iOS não tem suporte a este formato. Se o usuário estiver mesmo interessado em músicas de alta fidelidade, precisará não apenas assinar um serviço de streaming especial como também comprar um cabo P2 para os AirPods Max.

Isso quer dizer que os AirPods Max têm som ruim? Não, pelo contrário. O som dos AirPods Max provavelmente vai surpreender a vasta maioria de usuários que a Apple tenta alcançar com esses fones. Quando comparados com os Beats Studio, não há nem muito o que ser dito.

Os fones caríssimos da Apple fazem qualquer headphone da marca Beats comer poeira. Os Beats Studio, por exemplo, tem o áudio muito embolado. Isso significa que as frequências baixas, médias e altas se misturam bastante e acabam parecendo uma coisa só, o que dificulta a distinção dos instrumentos e vozes. É como se o som fosse plano.

Já nos AirPods Max, a distinção entre as frequências é bem mais clara. O som fica tridimensional de certa forma, já que é possível perceber elementos de uma música em planos ou camadas separadas. A distribuição das frequências é muito bem equilibrada.

Ao contrário dos Beats, que exageram nas batidas, os graves nos AirPods Max são mais naturais. Eles estão presentes e é possível senti-los, mas não é algo forçado. Particularmente, prefiro o som assim pois ouço muita música pop. Já as pessoas que gostam mais de ouvir hip-hop, por exemplo, talvez sintam falta de um pouco mais de batidas nos AirPods Max.

Por outro lado, o som dos AirPods Max é um pouco parecido com o do Sony XM4, estando um degrau ou dois acima do concorrente ao reproduzir conteúdos em AAC 256kbps. O Sony XM4 tem graves um pouco mais fortes, mas perde um pouco nos detalhes comparado aos fones da Apple.

A distorção do áudio é quase mínima ao utilizar os AirPods Max no volume máximo, porém eu sinto falta de um pouco mais de força em alguns momentos. Talvez a Apple tenha preferido justamente limitar o volume máximo em uma faixa em que o usuário não percebe distorções ao invés de entregar som mais alto, porém inferior.

Já o áudio captado pelos microfones dos AirPods Max é apenas satisfatório dentro do que se espera de um fone Bluetooth. O som é entendível o suficiente para ligações, gravar mensagens de voz ou utilizar a Siri, porém não é tão limpo para quem pensa em usar os microfones dos AirPods Max para gravar algo mais profissional como um podcast.

Som espacial

O som espacial não chega a ser novidade por já estar presente nos AirPods Pro há algum tempo, porém o recurso certamente torna a experiência com os AirPods Max bem mais interessante para quem gosta de assistir a filmes e séries no celular ou tablet usando fones de ouvido.

Aos que não conhecem a tecnologia, o recurso combina áudio surround em Dolby Atmos com o sensores especiais dos AirPods e também do iPhone e iPad para dar a sensação de movimento e profundidade no som. Os AirPods conseguem reconhecer a posição do dispositivo para direcionar o áudio do vídeo.

É difícil descrever o recurso em palavras, mas ele me surpreendeu bastante na prática. Ao assistir a alguns filmes com som espacial nos AirPods Max, a sensação era parecida com a de estar no cinema. O áudio do filme realmente parece sair diretamente da tela do iPhone ou iPad e não dos fones de ouvido.

Ao girar a cabeça ou virá-la para os lados, o som também se move junto e em tempo real para uma verdadeira experiência imersiva. Ao mesmo tempo, é como se fosse possível identificar a direção do som de uma fala ou objeto em movimento, como quando uma pessoa está falando mais ao fundo do ambiente.

O grande porém é que o som espacial só funciona em vídeos, e estes vídeos precisam obrigatoriamente serem compatíveis com Dolby Atmos. Conteúdos do Apple TV+ e parte do catálogo do Disney+ e Amazon Prime já são compatíveis com o áudio espacial dos AirPods. A Netflix e o YouTube, porém, ainda não oferecem suporte ao recurso.

Outra limitação é que o usuário obrigatoriamente precisa ter um iPhone ou iPad compatível para usar o áudio espacial, mesmo tendo os AirPods Pro ou AirPods Max. O recurso não funciona no Mac ou Apple TV — o que é uma pena, já que seria bem interessante usar os AirPods Max para assistir a um filme na TV com tamanha experiência sonora.

Cancelamento de ruído

O cancelamento de ruído dos AirPods Max é o que ainda mais me impressiona nesses fones. Já existem concorrentes com essa mesma tecnologia, mas os AirPods Max fazem um trabalho sensacional nesse quesito. É impossível não se assustar com o quão bem o cancelamento de ruído da Apple funciona.

No caso dos AirPods Max, o cancelamento de ruído é ativo — ou seja, funciona em tempo real para melhor anular os ruídos externos. Através de oito microfones embutidos, os fones da Apple captam e identificam os sons do ambiente para neutralizá-los através de uma onda sonora invertida.

Mesmo sem o cancelamento ativo de ruído, os AirPods Max já fazem um bom trabalho em isolar o usuário do mundo externo por conta das almofadas que se encaixam muito bem nas orelhas. Porém, ao utilizar o recurso de cancelamento ativo de ruído, fica quase impossível de ouvir o que acontece ao meu redor.

Estando perto de uma avenida movimentada, o som dos carros na rua desaparece completamente. Ao fazer uma viagem de carro utilizando os AirPods Max (como passageiro, é claro), o silêncio é praticamente constante. O cancelamento ativo de ruído dos fones da Apple também consegue isolar algumas conversas no ambiente.

Assim como em outros fones com tecnologia similar, o cancelamento ativo de ruído dos AirPods Max não é perfeito. Sons de construção ou de uma TV ligada, por exemplo, não desaparecem totalmente — mas é difícil percebê-los quando uma música está sendo reproduzida.

Comparado com o Sony XM4, o cancelamento de ruído dos AirPods Max se sai melhor principalmente nas frequências mais baixas. Enquanto os fones da Sony ainda deixam um resquício de ruído no fundo em certas ocasiões, os AirPods Max conseguem se aproximar mais do silêncio total (embora não seja uma diferença tão gritante assim durante a reprodução de conteúdos).

Os AirPods Max também contam com um modo de transparência que faz exatamente o oposto do cancelamento ativo de ruído. Assim, é possível ouvir o som ao seu redor através dos oito microfones espalhados pelo fone. Se o silêncio do cancelamento ativo de ruído já impressiona, a naturalidade do modo de transparência dos AirPods Max é de fazer inveja na concorrência.

O modo ambiente do Sony XM4 ainda parece ser um tanto artificial e nem sempre é muito preciso. Já o modo de transparência dos AirPods Max faz parecer que eu sequer estou usando fones de ouvido. Tanto as vozes como os sons do ambiente são transmitidos com muita nitidez e naturalidade. Ponto para a Apple nesse quesito.

Recursos mágicos

Por serem AirPods, os AirPods Max contam com o que a própria Apple chama de recursos “mágicos” que tornaram esses fones sem fio tão populares. Basta tirar os AirPods Max do estojo e o iPhone ou outro dispositivo próximo já identifica os fones.

Durante a reprodução de uma música ou vídeo, ao tirar os AirPods Max das orelhas, o conteúdo é pausado automaticamente. Basta colocar os fones novamente dentro de um curto período de tempo e a reprodução é retomada no mesmo instante.

Graças ao chip H1, os AirPods Max também são compatíveis com o recurso “E aí, Siri” sempre ativo. É possível usar o comando de voz para controlar a reprodução de músicas, enviar uma mensagem ou até mesmo atender a uma ligação sem precisar tirar o iPhone do bolso.

Meu único problema com a Siri nos AirPods, e isso vale também para os fones menores, é que não há um feedback sonoro para indicar que a assistente virtual está te ouvindo. Na verdade, o volume da música é reduzido quando o comando é acionado, mas isso nem sempre acontece instantaneamente.

Após o primeiro emparelhamento, que é extremamente simples, os fones ficam registrados em todos os dispositivos Apple do usuário. Dessa forma, basta aproximá-los do iPhone, iPad, Mac ou Apple Watch para usá-los quando quiser.

A Apple também oferece uma experiência de continuidade para que os AirPods sejam transferidos a outro dispositivo automaticamente a depender da interação do usuário — como ao ouvir uma música no Mac e receber uma ligação no iPhone. Porém, por algum motivo desconhecido, esse recurso parece ter ficado mais falho nos AirPods Max.

Por aqui, era frequente os meus AirPods Max se conectarem sozinhos ao iPad sendo que eu estava ouvindo música no iPhone e sequer abri algum app de áudio ou vídeo no tablet. O mesmo aconteceu com o Mac algumas vezes, o que me levou a desativar essa opção por ora.

Bateria

Quando o assunto é bateria, a Apple promete 20 horas de uso para os AirPods Max com uma carga completa. No dia a dia, ao menos enquanto os fones são novos, é totalmente possível chegar a essa marca de 20 horas (ou até um pouco mais que isso em certos casos).

Comparado aos concorrentes, a bateria dos AirPods Max fica abaixo do Sony XM4 com até 30 horas de duração, mas se equipara aos Beats Studio — que também consegue ficar ligado por cerca de 20 horas. Meu maior problema, entretanto, foi com a duração em Stand By (ou seja, quando os fones estão em repouso).

No caso dos fones da Beats, eu posso desligá-los a qualquer momento quando não vou mais usá-los. Dessa forma, a bateria é conservada e os fones conseguem reter a carga por uma semana ou até mais. No caso dos AirPods Max, a bateria estava durando 20 horas com uso ou sem uso.

Era comum no início os AirPods Max ficarem sem bateria da noite para o dia, mesmo quando eu mal usava os fones. Segundo a Apple, o Smart Case dos AirPods Max serve para colocar os fones em repouso, mas isso quase sempre falhava. Mesmo com os fones guardados, a bateria era drenada em no máximo 20 horas.

A empresa resolveu o problema com uma atualização de firmware para os AirPods Max, que força os fones a entrarem em repouso após 30 minutos guardados no Smart Case. Com isso, os AirPods Max também conseguem ficar entre 5 a 7 dias guardados até a carga da bateria ser zerada.

Apesar deste problema da bateria já ter sido corrigido, isso me fez sentir falta de um botão liga/desliga. Como os Beats Studio podem ser desligados por um botão, o usuário escolhe quando quer colocar os fones em repouso para economizar bateria. No caso dos AirPods Max, é o sistema que decide tudo isso.

Precisamos falar sobre o Smart Case

Por falar em Smart Case, esse provavelmente é um dos pontos dos AirPods Max que mais gerou polêmica. Tanto os AirPods e AirPods Pro vêm com um estojo de recarga que não apenas protege os fones, mas também conta com uma bateria interna para recarregá-los enquanto não estão em uso.

Como os AirPods Max são bem maiores, a Apple seguiu um caminho diferente em relação ao estojo — que é chamado de Smart Case. Só que, nesse caso, ele não é exatamente um estojo de proteção e tampouco um acessório para auxiliar o usuário na carga da bateria.

O estojo é feito de silicone e a parte de dentro é revestida com microfibra. Além disso, a parte interna do estojo conta com ímãs escondidos que servem para acionar o modo de repouso dos AirPods Max quando os fones são guardados no Smart Case.

O design do Smart Case é bastante questionável, tendo sido criticado por muita gente desde que foi anunciado — o que resultou em várias piadas na internet. Só que o maior problema do Smart Case, ao meu ver, é que o acessório praticamente não protege os AirPods Max.

Ao contrário de um estojo tradicional em que os fones são guardados dentro dele, o Smart Case reveste apenas as conchas dos AirPods Max. Toda a parte das hastes com o arco de tecido telado ficam expostos, o que é péssimo para quem precisa guardar os fones em uma mala ou mochila junto com outros objetos.

Não só isso, mas até mesmo as conchas não ficam totalmente protegidos no Smart Case. A abertura superior do estojo deixa exposta boa parte das conchas dos AirPods Max, assim como os botões. A parte inferior também tem duas aberturas em cada lado, deixando assim o conector Lightning e parte das espumas sem proteção.

Estamos falando de um fone caro, sem certificação de resistência à água ou poeira e que sequer conta com um estojo de proteção de verdade. A única utilidade do Smart Case é ligar e desligar os AirPods Max. Ponto.

Como se fosse beta

Os AirPods Max têm alguns problemas bem estranhos — e tenho certeza que não são coisas relacionadas a um defeito nos componentes internos, mas sim falta de otimização no software dos fones. A situação da bateria ser drenada mesmo em Stand By que mencionei há pouco é um deles.

A prova de que esse problema estava relacionado ao software dos fones é que a Apple conseguiu corrigi-lo através de uma atualização de firmware lançada três meses depois dos AirPods Max chegarem às lojas. Este, porém, é apenas um dos defeitos que os usuários dos caríssimos fones da Apple enfrentam no dia a dia.

Mais de uma vez, e acredite, bem mais de uma vez, o som dos meus AirPods Max começou a picotar repentinamente durante a reprodução de uma música. E isso aconteceu ao usar os fones em vários dispositivos, incluindo um iPhone 12 Pro Max, iPhone 12 mini e iPad Air 3. Até hoje isso acontece e eu não faço ideia do motivo.

Curiosamente, a Apple recomenda aos usuários com problemas de sinal em fones sem fio a se afastarem de locais com muitas redes Wi-Fi ou dispositivos inteligentes. Tudo isso nunca afetou o funcionamento dos meus outros AirPods, mas parece ser um problema para os AirPods Max.

Outro problema que também cheguei a comentar acima é relacionado ao recurso de continuidade, que simplesmente desconecta os meus AirPods Max do dispositivo que estou usando para ouvir música e os conecta em outro dispositivo que sequer estou usando naquele momento.

Conversando com alguns colegas que também testaram os AirPods Max, vários deles relatam situações similares. Parece até que os fones foram lançados com uma versão beta do firmware que ainda não foi finalizada e está repleta de erros. Esses erros prejudicam bastante a experiência de uso dos AirPods Max e são inadmissíveis em um produto tão caro.

Vale a pena comprar?

Não. Mesmo que os AirPods Max fossem os fones mais incríveis do mundo, ainda são fones de ouvido que custam quase R$7 mil (embora já seja possível encontrá-los por menos no varejo). É impossível recomendar um fone tão caro para alguém, principalmente na situação atual em que estamos.

E a questão é justamente que, mesmo custando caro, os AirPods Max estão longe de serem perfeitos. A construção dos fones de fato é muito boa, a qualidade sonora não deixa a desejar e o cancelamento de ruído é provavelmente um dos melhores do mercado. Só que existem alternativas que custam metade do preço e oferecem qualidade similar.

O fato da Apple sequer enviar um cabo P2 na caixa (e ainda cobrar R$399 por um desses) já afasta os consumidores interessados na reprodução de músicas com baixa compressão. O questionável Smart Case também acaba sendo um ponto negativo, já que alguns usuários talvez precisem comprar um estojo alternativo para proteger os AirPods Max.

Se você tem muito dinheiro sobrando e está em busca de um ótimo fone de ouvido sem fio que esteja acima a média para usar no dia a dia com outros aparelhos da Apple, talvez você goste dos AirPods Max. Mesmo assim, a loteria com os problemas de firmware atrapalham bastante essa experiência.

Esteja ciente de tudo isso antes da sua decisão de comprar os AirPods Max. No fim das contas, talvez seja melhor esperar por uma segunda geração dos fones que, com sorte, não terá tantos defeitos assim.

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Sobre o autor

Filipe Espósito é jornalista especializado em tecnologia. Criou o iHelp BR em 2009 para compartilhar dicas sobre dispositivos Apple e hoje também utiliza o espaço para cobrir notícias de tecnologia em geral. Atualmente também é editor do site especializado 9to5Mac.