A Apple apresentou nesta semana o tão aguardado iPhone X, e com ele veio também um novo sistema de autenticação por meio de reconhecimento facial: o Face ID. Desde o anúncio dos aparelhos, muitas pessoas ficaram com dúvidas sobre como exatamente a tecnologia funciona. E é por isso que Craig Federighi, o chefe de softwares da Apple, falou com o TechCrunch e revelou mais alguns detalhes sobre o recurso que substitui o Touch ID.
Durante o evento especial, foi mencionado que a Apple usou mais de 1 bilhão de imagens para “treinar” o Face ID. E, de acordo com Federighi, o desenvolvimento da tecnologia na verdade foi muito além disso. Eles precisavam ter imagens de pessoas do mundo todo, para garantir o funcionamento em diferentes etnias, e isso obviamente não é algo que pode ser apenas buscado na internet.
Até porque, para funcionar com o Touch ID, era necessário ter imagens com senso de profundidade para realizar o mapeamento avançado dos rostos, algo que só é possível com câmeras específicas. Foram feitas várias fotos em ângulos diferentes para ensinar o sistema de reconhecimento facial. “Um trabalho exaustivo”, disse Craig.
Ele reforça que a privacidade do usuário continua sendo muito importante para a Apple, e que nenhuma informação do Face ID será enviada para a empresa ou sincronizada no iCloud. Tudo fica armazenado no próprio dispositivo, em um chip de segurança que já existe desde o iPhone 5s — por conta do Touch ID.
Outro ponto destacado pela Apple no lançamento do iPhone X é que o Face ID se adapta às mudanças do usuário, como por exemplo um corte de cabelo, mudança na barba ou até mesmo uma plástica no rosto. O chefe e engenheiro da empresa afirmou que toda essa reaprendizagem acontece no processador A11 Bionic, e também não depende de fatores externos.
Por questões de segurança, o Face ID pode ser desativado temporariamente, exigindo a senha padrão do aparelho logo em seguida. Basta pressionar e segurar os botões dos dois lados por alguns segundos para que isso aconteça. Nos iPhones antigos, com Touch ID, é só apertar o botão liga/desliga rapidamente por cinco vezes seguidas para ter o mesmo resultado.
Assim como acontece em aparelhos com Touch ID, após cinco tentativas falhas de desbloquear o aparelho com o rosto, o código padrão será exigido. Se o iPhone não for utilizado por 48 horas seguidas ou se ele for reiniciado em algum momento, o usuário também deverá digitar a senha.
Craig aproveitou para falar também que, apesar das imagens promocionais mostrarem isso, o iPhone X não emite qualquer tipo de luz visível ao usuário para que o Face ID funcione no escuro — acredite, já vi algumas pessoas questionando isso nas redes sociais.
Sem surpresas, os desenvolvedores não terão acesso aos dados armazenados pelo Face ID. Mesmo assim, haverá uma API para que aplicativos possam utilizar o rastreamento facial em tempo real, como os Animoji fazem no iMessage do iPhone X. O Snapchat é um dos aplicativos que serão atualizados futuramente com suporte à nova tecnologia. A Apple também irá disponibilizar em breve uma documentação mais aprofundada sobre o Face ID, com foco nos pesquisadores de segurança.
Federighi garante que o reconhecimento facial é extremamente rápido, seguro e confiável. Assim que o usuário pegar o telefone na mão, o aparelho já deve ser desbloqueado em seguida. Além disso, de acordo com Federighi, o Face ID funciona mesmo com óculos (até os escuros), chapéus, cachecóis e outros acessórios que não cubram completamente o rosto.
O fator principal que o Face ID verifica é o olhar do usuário. Você pode até mesmo apontar o iPhone para a sua cara, mas precisa estar olhando diretamente para ele caso queira desbloqueá-lo. No caso de usuários cegos, Craig disse que há uma opção de acessibilidade para habilitar o funcionamento da tecnologia sem o rastreio dos olhos. Isso, é claro, não deve ser ativado em situações comuns, já que aumenta as chances de burlar a tecnologia.
Questionado sobre as limitações do reconhecimento facial, o executivo da Apple lembrou na entrevista que o Touch ID também não funciona em todas as situações. Usar luvas nas mãos ou tentar verificar os dedos com suor são alguns dos fatores que impedem a biometria.
Ele garante também que é possível desbloquear o iPhone X de vários ângulos diferentes, não sendo necessário levantar o aparelho exatamente na posição do rosto — como acontece em outros celulares. Apesar disso, não deve ser fácil enganar alguém que está dormindo ou desatento para conseguir acessar o iPhone, já que a autenticação só acontece quando é detectada a atenção do usuário. Se os olhos não estiverem abertos e apontados para a câmera, o desbloqueio não acontece.
Tudo isso parece ser realmente promissor. Infelizmente, o iPhone X só chega às lojas no final do ano para que seja possível realizar os testes na prática. A entrevista completa com Craig Federighi sobre o Face ID está disponível em inglês neste link.