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Relembre os fatos que marcaram a Apple na última década

Este artigo foi publicado há mais de 4 anos. Algumas informações podem estar desatualizadas e sem validade para os dias atuais.

2019 chega ao fim e, com isso, mais uma década também. Nos últimos 10 anos, muita coisa aconteceu na história da Apple, desde lançamentos, perdas e até mesmo polêmicas. Relembre os principais fatos sobre a empresa que marcaram a última década.

O iPad é apresentado ao mundo

A década já começou com um grande anúncio da Apple. Foi em 27 de janeiro de 2010 que Steve Jobs apresentou o primeiro iPad ao mundo. Os rumores sobre o tablet da Apple já circulavam na internet há um bom tempo, mas ninguém tinha ideia de como o produto seria.

Steve Jobs mostra o iPad pela primeira vez durante um evento da Apple em San Francisco. Imagem: AP Photo/San Francisco Chronicle, Paul Chinn

Steve descreveu o iPad como um produto “mágico e revolucionário”, que realizaria determinadas tarefas de um jeito melhor que computadores e celulares. Na época, o iPad foi criticado por suas limitações, mas isso não impediu que o produto fosse bem sucedido.

O foco do iPad era principalmente o consumo de mídias e a leitura de sites, jornais, revista s e livros. 10 anos depois, o iPad se tornou ainda mais popular e capacitado para substituir um computador.

O iPhone 4 mudou tudo, de novo

O primeiro iPhone é considerado a revolução dos celulares, mas o iPhone 4 também mudou a forma como interagimos com os smartphones. Apresentado em 24 de junho de 2010, o iPhone 4 manteve as principais características do telefone da Apple, porém com aprimoramentos importantes em vários aspectos.

Além do visual completamente redesenhado com vidro na parte traseira e laterais de metal, a quarta geração do iPhone trouxe um novo olhar para o conteúdo que consumimos todos os dias. Isso porque o iPhone 4 foi o primeiro aparelho da Apple com a chamada “tela Retina”, com alta densidade de pixels.

A resolução da tela dobrou em relação aos iPhones anteriores, o que permitia a visualização de textos, imagens e vídeos com muito mais nitidez. Na época, era algo inimaginável para um dispositivo de apenas 3.5 polegadas. Era impossível olhar para a tela do iPhone 4 e não se impressionar.

O iPhone 4 trouxe a câmera frontal com o propósito de realizar chamadas de vídeo por FaceTime, que era outra novidade. A câmera traseira passou de 3 para 5 megapixels, com a possibilidade de gravar vídeos em HD. Alguns outros celulares já tinham esses recursos, mas não com a facilidade de uso do iPhone.

A enorme variedade de apps disponíveis para o sistema iOS, incluindo os de redes sociais, fez com que as pessoas usassem o iPhone cada vez mais como uma câmera portátil. Conforme os aplicativos foram atualizados para aproveitarem também a câmera frontal, o conceito de Selfies rapidamente se espalhou por todo o mundo.

Enquanto a concorrência ainda tentava correr atrás do iPhone 3GS, a Apple elevou ainda mais o nível com o iPhone 4. É difícil imaginar hoje um celular que não tenha tela de alta definição, câmera frontal, vídeos em HD e outras coisas que se popularizaram com o iPhone 4 em 2010.

Ao mesmo tempo, o iPhone 4 esteve cercado de polêmicas, desde o vazamento do aparelho antes do lançamento — quando um funcionário da Apple esqueceu um protótipo em um bar — até o problema com a queda de sinal, chamado de “antennagate“.

A Apple investiu em seus próprios chips

Tanto o iPad de primeira geração e o iPhone 4 possuem algo em comum: ambos utilizam o processador A4, que foi o primeiro chip totalmente projetado pela Apple. Com isso, a empresa conseguiu controlar com precisão o funcionamento e a integração dos componentes com o sistema operacional.

O chip A4 foi apenas o início de uma era com processadores próprios da Apple que se mostraram muito capazes e eficientes. O A7 surpreendeu com a arquitetura de 64 bits em um celular, enquanto o atual A13 Bionic oferece mais desempenho do que alguns processadores de computador.

A Apple também criou chips para outras coisas, como por exemplo o H1 dos AirPods e Apple Watch para gerenciar conexões sem fio de forma inteligente e com baixo consumo de energia. O chip T2 dos Macs oferece mais segurança para os dados dos usuários, e o U1 do iPhone 11 torna o rastreio dos dispositivos mais preciso.

Se os rumores estiverem certos, a Apple pretende lançar em breve um Mac utilizando apenas seu próprio processador, dispensando a Intel — algo que certamente vai movimentar o mercado.

Siri e a disputa das assistentes virtuais

Dispositivos controlados por voz já existiam há muito tempo, até mesmo o iPhone já contava com esse recurso desde 2009. Porém o iPhone 4S, anunciado em 4 de outubro de 2011, trouxe algo diferente. A Siri não chegou como apenas mais um método de controle por voz, mas sim como uma assistente virtual completa.

A Siri foi lançada como um dos recursos exclusivos do iPhone 4S. Imagem: Oli Scarff/Getty Images

Ao invés de responder perguntas pré-formuladas, a Siri se destacou por usar inteligência artificial para compreender o sentido da frase mesmo com variações. Depois da Siri, as principais empresas de tecnologia também desenvolveram suas próprias assistentes.

Atualmente, elas são parte fundamental de tecnologias de automação de casa e estão presentes não só nos celulares, mas também em alto-falantes, TVs, fones de ouvido e outros aparelhos.

Vale lembrar que a Siri só chegou ao Brasil no início de 2015, quase quatro anos após o lançamento do recurso lá fora.

A morte de Steve Jobs

Foi com muito pesar que noticiamos em 5 de outubro de 2011, exatamente um dia após a apresentação do iPhone 4S, que o CEO da Apple Steve Jobs faleceu por conta de um câncer no pâncreas aos 56 anos de idade.

Jobs nunca foi apenas um CEO comum. Ele participava ativamente do processo de desenvolvimento dos produtos e também fazia questão de apresentá-los ao mundo nos eventos especiais da Apple. É difícil esquecer de momentos como o lançamento do primeiro iPhone em 2007, em que Steve Jobs realizou um verdadeiro show para mostrar o quão especial era o aparelho.

O CEO da Apple foi diagnosticado com câncer de pâncreas em outubro de 2003, e isso o motivou ainda mais a se arriscar em projetos ousados na Apple. Nesse período, Jobs fez vários tratamentos e, nos últimos anos antes de sua morte, estava notavelmente abatido. Ele deixou a direção da Apple em agosto de 2011 ao confirmar que não aguentava mais lidar com o trabalho diário.

Nos dois anos em que esteve vivo nessa década, Steve Jobs conseguiu apresentar ainda o primeiro iPad, iPhone 4, novos iPods, iPad 2 e até mesmo o iCloud. A morte de Jobs causou comoção em todo o mundo e foi noticiada pelos principais jornais e revistas.

Tim Cook se torna o novo CEO da Apple

Antes de morrer, Steve Jobs nomeou Tim Cook ao cargo de presidente da Apple em seu lugar. Jobs era considerado insubstituível, e Cook teve a difícil missão de manter a companhia que estava no auge com seus últimos lançamentos.

Ao contrário do que alguns pensam, Tim Cook não era um completo desconhecido. Ele trabalha na Apple desde 1998, quando Steve Jobs voltou para a liderança da empresa e lançou o primeiro iMac. Junto de Jobs, Cook foi responsável pelo crescimento notável da Apple na década passada com a reestruturação de toda a linha de produtos.

Tim Cook foi promovido a vice-presidente da Apple em janeiro de 2007, no mesmo mês em que o iPhone foi anunciado. Antes disso, ele esteve envolvido na criação do iMac e do iPod. Embora muitos tenham ficado preocupados com a liderança de Cook, ele conseguiu aumentar ainda mais os lucros da Apple e expandiu a linha de produtos.

Ele também tornou a Apple em uma empresa mais política, com posicionamento ainda mais forte sobre questões ambientais e de direitos humanos.

O desastre do Apple Maps

Se você já usava iPhone ou iPad antes de 2012, provavelmente se lembra que o Google Maps era o aplicativo padrão de mapas do iOS. Alguns rumores já indicavam que a Apple queria lançar seu próprio serviço de mapas, porém isso aconteceu bem antes do previsto com o iOS 6.

Scott Forstall, que era o chefe dos softwares da Apple na época, decidiu em 2012 que era hora de deixar o Google Maps de lado para lançar o Apple Maps. Quando o iOS 6 foi lançado para o público em setembro do mesmo ano, os usuários ficaram revoltados. O app de mapas da Apple era incompleto e desatualizado, sendo que muitas cidades ainda nem apareciam por lá.

A repercussão foi tanta que a própria Apple teve que destacar aplicativos concorrentes para os usuários insatisfeitos. O próprio CEO Tim Cook chegou a publicar uma carta com pedido de desculpas pelo lançamento do Apple Maps antes da hora. Um mês depois, foi anunciada a demissão de Scott Forstall, que criou o sistema iOS.

Conversas de bastidores indicam que Forstall não só pressionou para que o Apple Maps fosse lançado antes, como também se recusou a assinar o pedido de desculpas pelo transtorno que isso causou aos consumidores. Tim Cook chegou a sugerir que Forstall não trabalhava bem em equipe, enquanto algumas pessoas ligadas ao assunto mencionaram que ele só ficou todo esse tempo na Apple por conta de sua amizade com Steve Jobs.

Mesmo com Scott Forstall fora, ainda levou muitos anos para que o Apple Maps se tornasse um serviço maduro e funcional. A internet, é claro, fez muita piada com o assunto.

Uma nova linguagem visual

A saída de Scott Forstall abriu caminho para mudanças que certamente impactaram a Apple e a indústria como um todo. A principal é que, no ano seguinte, a Apple apresentou o iOS 7 com visual completamente diferente do que a empresa já tinha feito até então.

O skeumorfismo, que consiste em imitar objetos e texturas da vida real, foi substituído pelo flat design com cores intensas, degradês e traços. A nova identidade visual do sistema foi implementada posteriormente em outros sistemas, produtos e serviços da Apple, e rapidamente várias empresas também atualizaram seus apps, sites e até marcas seguindo o novo padrão.

Biometria nos dispositivos

Já existiam alguns computadores e até mesmo celulares com desbloqueio por impressão digital, porém nunca foi algo que se popularizou por conta da tecnologia ser falha e complicada. Com o iPhone 5s, anunciado em 10 de setembro de 2013, a Apple mostrou a maneira ideal de implementar a biometria com o Touch ID.

O Touch ID permite que o usuário desbloqueie o celular e também faça compras na App Store sem ter que digitar a senha, usando apenas a impressão digital. Ao contrário de tecnologias similares da época, o Touch ID se mostrou ser mais rápido e intuitivo. Por meio de sensores avançados, a leitura acontece rapidamente ao encostar o dedo uma única vez no botão, independente da posição.

Segundo a própria Apple, mais da metade dos usuários não utilizava senha no iPhone até o surgimento do Touch ID. Um ano depois, esse número já havia caído para 17%. A biometria se expandiu para toda a linha de iPad e MacBook, assim como a concorrência também implementou o recurso em seus aparelhos com o passar do tempo.

O iPhone ficou maior e ganhou mais opções

Durante muito tempo, a Apple sempre seguiu a regra de lançar um novo iPhone a cada ano, só que isso mudou em 9 de setembro de 2014. O iPhone 6 foi anunciado com tela de 4.7 polegadas, bem maior que a dos outros iPhones. Como se não bastasse, o celular da Apple ganhou um irmão ainda maior pela primeira vez — o iPhone 6 Plus.

A indústria já havia adotado as telas maiores nos smartphones. Ao lançar o iPhone 6 e o iPhone 6 Plus, a Apple confirmou que os celulares enormes vieram para ficar. Também na última década, o iPhone ganhou várias opções para perfis diferentes. Entre elas, o iPhone 5c, iPhone SE e o iPhone XR. Atualmente são três modelos separados em duas linhas: iPhone 11, iPhone 11 Pro e iPhone 11 Pro Max.

Surge o Apple Watch

Depois de muitos rumores, o Apple Watch foi apresentado no mesmo dia em que o iPhone 6. Outras empresas já se arriscavam com seus relógios inteligentes, mas nenhum deles conseguiu alcançar o sucesso como a Apple fez.

A expectativa em torno do produto foi enorme, principalmente porque o Apple Watch foi o primeiro novo produto criado na gestão de Tim Cook — desconsiderando novas versões de iPhones, iPads e Macs. A utilidade de um relógio inteligente ainda era muito questionada, mas o relógio da Apple se destacou pela variedade de estilos que oferece — seja com a caixa, pulseiras ou até mesmo com os temas do sistema.

Com o tempo, a Apple passou a dar mais ênfase nos recursos de saúde do Apple Watch, que ganhou até mesmo um sensor para realizar eletrocardiogramas na quarta geração. O Apple Watch já é o relógio mais vendido do mundo a cada trimestre, acima da Rolex, Omega e outras marcas tradicionais de luxo. De acordo com o CEO da Apple, o produto também foi mais vendido do que o iPhone e iPad em seus respectivos lançamentos.

A moda do Apple Watch fez com que várias outras empresas também repensassem seus acessórios vestíveis, que aos poucos se tornam parte do dia a dia dos usuários comuns.

Apple Pay e as carteiras digitais

É, outros celulares já tinham NFC há bastante tempo — mas quando é que você viu alguém pagando as compras com eles na vida real? O Apple Pay, um dos recursos anunciados com o iPhone 6 e o Apple Watch, permite que o usuário faça compras com o cartão usando apenas o celular ou o relógio. É só encostar na máquina de cartão e pronto.

A Apple fez acordos com os principais bancos do mundo para que o serviço funcione de forma intuitiva, desde o processo ao adicionar o cartão até o uso em lojas físicas e também online. A segurança por trás do Apple Pay para evitar fraudes também foi um fator importante para a popularização do serviço entre os clientes e parceiros da empresa.

Com o lançamento do Apple Pay, a concorrência rapidamente anunciou suas próprias soluções de carteira digital, incluindo o Google Pay e o Samsung Pay. Tudo isso contribuiu para o pagamento por aproximação se tornar cada vez mais conhecido. Graças ao Apple Pay, a Apple já lançou até seu próprio cartão de crédito totalmente digital.

O Apple Pay chegou apenas em 2018 no Brasil, mas já é aceito em várias lojas do país, até mesmo no transporte público de algumas cidades.

Um novo conceito de MacBook que não deu muito certo

Não dá para negar que o primeiro MacBook Air foi extremante importante para mostrar um novo caminho para os notebooks. Em 9 de março de 2015, a Apple tentou fazer isso de novo ao apresentar o novo MacBook.

O MacBook com tela de 12 polegadas era bem diferente dos demais modelos. Com a proposta de ser extremamente compacto, fino e leve, o computador possuía apenas uma conexão USB-C. O teclado também teve que ser redesenhado, o que resultou no famoso “mecanismo borboleta”.

A Apple quis mostrar que esse era o futuro dos notebooks, mas na prática a situação foi diferente. O MacBook não conseguia rodar programas pesados por conta do processador fraco. Além disso, a falta de ventoinhas causava perda de desempenho. Já o teclado de mecanismo borboleta simplesmente falhava com frequência devido ao acúmulo de sujeira nas teclas.

A empresa até chegou a levar esse conceito para outros Macs posteriormente, o que também causou transtornos para os usuários. No fim das contas, o MacBook foi substituído por um novo MacBook Air — similar por fora, porém com duas conexões USB-C e processador melhor. Já o MacBook Pro foi atualizado com o antigo teclado de mecanismo tesoura.

Mas há alguns pontos interessantes do MacBook de 2015 que felizmente foram implementados e mantidos em outros computadores da Apple. O design mais moderno com opções de cores deixou os MacBooks ainda mais bonitos, e o trackpad enorme com Force Touch foi muito bem recebido. A tentativa de impulsionar o USB-C também deu certo, já que vários outros aparelhos e acessórios adotaram o conector.

3D Touch: a grande novidade que durou pouco

E por falar em conceitos que não deram muito certo, o 3D Touch está nessa lista. Em 9 de de setembro de 2015, a Apple anunciou o iPhone 6s com melhorias na câmera, processador e uma tela diferente. A tecnologia do 3D Touch faz com que a tela identifique a pressão do toque para executar ações diferentes, como exibir atalhos ao pressionar um ícone com força.

O problema é que a Apple nunca deu muito ênfase para o 3D Touch na prática. O usuário praticamente tinha que adivinhar se o recurso estava disponível ou não em determinado botão ou aplicativo, o que fez com que poucas pessoas soubessem de sua existência. Para piorar a situação, os componentes do 3D Touch eram bem caros e até por isso ele nunca foi implementado no iPad, por exemplo.

Em 2018, a Apple lançou o iPhone XR sem 3D Touch com a desculpa de reduzir os custos, já que o aparelho custava menos do que o iPhone XS. Já em 2019, o 3D Touch saiu de cena em todos os novos iPhones. É um dos raros casos em que a Apple retirou um recurso tão interessante de seus aparelhos.

AirPods e o mundo sem fios

O iPhone 7 foi anunciado em 7 de setembro de 2016, e essa geração veio com uma mudança polêmica: o fim da entrada para fones de ouvido. Ao mesmo tempo, a Apple reforçou seu discurso de impulsionar o mundo sem fios com o lançamento dos AirPods, os fones de ouvido totalmente sem fio da marca.

Muitos fizeram piada na época com o formato dos fones e com o preço deles, mas a verdade é que os AirPods se tornaram um dos produtos mais bem-sucedidos da Apple. A praticidade de cada lado do fone funcionar de forma independente e, ao mesmo tempo, com pareamento inteligente entre os dispositivos conquistou o público.

Os AirPods atingiram resultados melhores que os do iPod na época em que o tocador de músicas era popular, sendo que os fones sem fio da Apple já são os mais vendidos da categoria em todo o mundo. Alguns analistas consideram o acessório um “fenômeno cultural” por serem vistos em toda parte, até mesmo em filmes e séries.

O sucesso dos AirPods e a ideia de remover a entrada para fones também fez outras empresas tomarem a mesma decisão. Com isso, fones sem fio se popularizaram e ficaram mais acessíveis.

Inauguração do Apple Park

A nova sede da Apple começou a ser planejada em 2011, quando Steve Jobs ainda estava vivo. Chamado de “Apple Park”, o novo campus da empresa abriga mais de 12 mil funcionários em um espaço com mais 700 mil metros quadrados. A inauguração foi em abril de 2017.

Apelidado de “nave espacial” por conta do formato circular, o prédio foi projetado por Jony Ive — designer responsável pela criação dos principais produtos da Apple. A estrutura conta com vidros curvados e placas solares para a utilização de energia renovável. Ali há também o Steve Jobs Theater, novo auditório utilizado para a realização dos eventos especiais da empresa.

Muito além de representar o crescimento da Apple, o Apple Park também é um sonho de Steve Jobs que se tornou realidade — embora ele não esteja mais aqui para vê-lo pronto.

O fim do iPod

Quem diria que o iPod, um dos produtos da Apple que mais fez sucesso em todo o mundo, não passaria dessa década? A verdade é que o próprio Steve Jobs já imaginava isso antes mesmo de lançar o iPhone, e em 27 de julho de 2017 a Apple anunciou que não venderia mais os iPods antigos.

Embora algumas pessoas ainda tivessem esperanças em ver novos iPods mais modernos, a própria Apple aceitou que o produto havia perdido seu propósito. Na era em que as músicas são consumidas via internet por meio de assinatura, um dispositivo que apenas armazena alguns álbuns por meio do computador não faz muito sentido.

O iPod touch é o único que continua disponível nas lojas, porém ele é visto mais como um “iPhone sem celular” do que como um iPod de verdade.

O futuro do smartphone

Foi assim que Tim Cook descreveu o iPhone X em 12 de setembro de 2017, ao apresentá-lo pela primeira vez no auditório do Apple Park. Com tela que ocupa quase toda a parte frontal do aparelho sem nenhum botão, o novo iPhone parecia ser algo completamente novo.

Praticamente todo celular lançado depois do iPhone X seguiu a tendência de reduzir as bordas da tela e adotar a navegação por gestos no lugar de botões físicos. Mas não foi apenas na aparência que o iPhone X ditou tendências de mercado.

O Touch ID foi substituído pelo Face ID, que consegue reconhecer o rosto do usuário para autenticação por meio de sensores avançados. Basta olhar para a tela do celular para desbloqueá-lo, usar os aplicativos e preencher senhas. O processador A11 Bionic, ainda um dos mais potentes do mercado, favoreceu a criação de apps avançados em realidade aumentada.

Embora o futuro dos smartphones ainda seja incerto, a Apple certamente contribuiu para mudá-lo mais uma vez.

O fracasso do AirPower

Junto com o iPhone X, a Apple anunciou também o AirPower — uma base de recarga sem fio por indução que seria capaz de recarregar a bateria de vários aparelhos ao mesmo tempo. Só que o acessório foi cancelado sem mesmo chegar às lojas.

Tudo indica que a Apple se apressou para anunciar o AirPower sem mesmo ter a certeza de que o produto estaria funcionando devidamente. A empresa não quis comentar o assunto, mas fontes internas citaram problemas de superaquecimento que tornavam o acessório praticamente inutilizável.

A pior parte é que o AirPower foi anunciado em 2017 e prometido para ser lançado nos próximos meses, porém a Apple enrolou até 2019 para cancelá-lo oficialmente. É uma pena, pois a promessa do AirPower era muito interessante.

E que fique a lição para que não anunciem mais produtos antes da hora.

Apple e o trilhão de dólares

E deu trilhão! Em 2 de agosto de 2018, a Apple finalmente atingiu a marca de US$1.000.000.000.000 (1 trilhão de dólares) em valor de mercado. O momento foi considerado histórico, já que nenhuma outra empresa de capital totalmente aberto havia chegado no trilhão antes da Apple.

Para se ter uma ideia, a empresa valia cerca de 3 bilhões de dólares em 1996. Apesar de alguns momentos conturbados por conta das vendas do iPhone XS no final de 2018, a Apple deu a volta por cima e retomou o crescimento com tudo.

Mais uma vez, ponto para o Tim Cook!

Uma empresa de serviços

A Apple já oferece certos serviços há muito tempo, como é o caso da iTunes Store. Só que a empresa passou a dar mais importância para essa categoria na última década, que se destaca cada vez mais nos resultados fiscais a cada trimestre.

Em 2010, a App Store já mostrava sinais de crescimento e Steve Jobs apresentou a loja de livros iBooks Store. Já em 2011 foi a vez do iCloud, o serviço de nuvem que substituiu o MobileMe. Em 2015, a Apple entrou de vez no mercado de streaming de músicas com o Apple Music — que já é a segunda plataforma de músicas por assinatura mais utilizada em todo o mundo.

No início de 2019, a Apple realizou um evento especial para apresentar ainda mais serviços por assinatura. O Apple News+ oferece diversas revistas e jornais, o Apple Arcade disponibiliza mais de 100 jogos multiplataforma para os usuários e o Apple TV+ traz filmes e séries originais da Apple.

Com as pessoas trocando de aparelhos com menos frequência, os serviços são importantes para manter a receita da empresa. No último trimestre fiscal, os serviços foram responsáveis por 20% da receita da Apple — número inimaginável há alguns anos.

A entrada no mundo dos serviços também fez com que a Apple se tornasse uma empresa mais aberta, já que alguns deles estão disponíveis também no Windows, Android e até mesmo televisores de marcas como LG e Samsung.

Jony Ive deixa a Apple

Depois de quase 30 anos no comando da equipe de design da Apple, Jony Ive anunciou em 27 de junho de 2019 que deixaria seu cargo na empresa. Ive foi o responsável pela criação dos principais produtos da marca como o iMac, iPod, iPhone, iPad e Apple Watch.

Mesmo sendo extremamente reservado, Ive ficou famoso desde então por sempre narrar os vídeos de apresentação dos novos produtos da Apple. Apesar de não ser mais um funcionário da Apple, tanto a empresa quanto Jony Ive garantem que continuarão trabalhando juntos em alguns projetos.

A saída de Jony Ive da Apple é, certamente, a maior perda da companhia desde a morte do CEO Steve Jobs em 2011. Sua presença constante nas etapas de criação dos produtos e também em cada lançamento fará muita falta.

O último produto da Apple que foi “assinado” por Jony Ive é o Mac Pro de 2019.

O que esperar da próxima década?

Com altos e baixos, não dá para dizer que a Apple teve uma década ruim. A empresa atingiu um altíssimo valor de mercado e novos produtos como o Apple Watch e os AirPods fazem grande sucesso. Até mesmo erros como a falta de atualização de alguns Macs e os problemas com os MacBooks foram corrigidos.

Não sabemos ainda o que exatamente a Apple preparou para os próximos dez anos, principalmente se isso envolve ou não os atuais produtos como o iPhone e o Mac — tendo em vista que nem mesmo o iPod chegou muito longe.

Alguns rumores indicam que a Apple está investindo pesado em realidade aumentada e virtual para lançar seus próprios óculos em algum momento da primeira metade da nova década. A empresa também está trabalhando em um carro totalmente autônomo e inteligente. Seriam esses os próximos grandes lançamentos da Apple? Só o tempo dirá.

Sobre o autor

Filipe Espósito é jornalista especializado em tecnologia. Criou o iHelp BR em 2009 para compartilhar dicas sobre dispositivos Apple e hoje também utiliza o espaço para cobrir notícias de tecnologia em geral. Atualmente também é editor do site especializado 9to5Mac.